4- Fantasmas do passado

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Crystal! Crystal!

A voz dela era doce e linda, era como uma brisa em uma tarde de outono, ela me chamava. Algo prateado atingiu minha visão, parecia como uma cascata brilhante, eu era como um fantasma tocando a lua em uma noite escura.

Abri meus olhos e acordei de um sonho esquisito. Esfreguei minhas têmporas, ao que parece a dor de cabeça da minha mãe era contagiosa. Fiz meu ritual curto de beleza, ou melhor, higiene. Um banho e cabelos presos mal secados com o secador não era nada impressionante. Coloquei uma calça jeans azul e uma camiseta branca de algodão, prendi meus cabelos e desci para o café.

Ao chegar estavam todos na mesa. Estranho, as meninas sempre se atrasavam...

_Bom dia _as respostas foram sem muito entusiasmo. Minha mãe estava em sua elegância natural em uma saia lápis e uma camisa de seda branca, tudo isso sobre sapatos caros e elegantes. _Você está melhor mamãe?

Ela levantou o olhar para mim, mas estes estavam distantes e frios _Oh sim, uma enxaqueca sem importância. _eu não acreditei, mas não quis ser inconveniente mais uma vez. Todos comiam em silêncio, podia ser algo da minha cabeça, ou um ar pesado realmente pairava ali.

_Fez o trabalho? _Ângela perguntou monótona.

Eu olhei para ela, estava linda como sempre, mas a sua expressão estava um pouco carregada _Não Angel, por que? Você já começou?

Ela me olhou e sorriu com uma irritação esquisita _Oh, não. Mas pensei que você já haveria começado, não está ansiosa?

Ela estava irritada assim só por não fazer o trabalho com o Tyler? Será que ela me culpava por isso? _Na verdade estou com um pouco de preguiça, trabalho em dupla é complicado, ainda mais por e-mail _frisei a parte do e-mail, queria deixar claro que nem ia me encontrar com ele.

Ela sorriu _Ah, é mesmo, vai fazer por e-mail né! _Ela disse isso em um tom tão passivo agressivo que chegou a me dar medo.

_Angel, se for importante para você posso tentar marcar com ele aqui em casa, então vocês podem talvez conversar _talvez eu houvesse sido meio antipática com ela, se aquele menino fosse tão importante eu deveria ser uma boa irmã e ajuda-la, certo?

_Oh ela é um anjo! _ela disse com um sorriso cruel.

_Ângela, já chega. _Luísa estava diferente hoje, sua sempre pesada maquiagem estava ausente, apenas suas vestes escuras permaneciam. Ela me olhou e sorriu triste _Não ligue para a Ângela e seus joguinhos! _suas sardas estavam aparentes, e eu conseguia ver a pequena linha que denunciava covinhas e um rosto meigo que sempre existiu embaixo de quilos de maquiagem gótica. Eu sorri de volta confusa.

_Engraçado né! _Ângela não pareceu se intimidar _as vadias sempre têm mais sorte!

Eu olhei ainda mais confusa, mas antes que eu pudesse responder qualquer coisa nossa mãe interveio. _Chega Ângela _sua voz estava sem vida.

_É sério que não vão contar? _ela levantou, se debruçou na mesa me mirando com os olhos.

_Contar o que? _perguntei interessada.

Ângela começou a falar fria _Que sua mãe era uma prostituta barata, ela foi amante do nosso pai, e mais tarde apenas entregou a cria dela para ele cuidar! Fizeram nossa mãe te criar como filha, eles...

_Chega Ângela! Chega! _nossa mãe parecia absurdamente assustada.

_Nunca vou perdoar ele! Nunca! _Ângela quase gritou. Nossa mãe se levantou e a abraçou, enquanto isso senti as mãos de Laura e Luísa me puxando dali.

Voltei para o meu quarto, Luísa e Laura pareciam assustadas demais para me responder algo. Ao chegar ao meu quarto eu entrei em um estado de transe momentâneo, não conseguia dizer, ou fazer nada, a não ser ficar sentada na minha cama olhando para as paredes. O que haveria de ter acontecido?

A Ordem Da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora