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Fui chamada para conhecer a nova invenção de um gênio isolado em uma ilha no meio do oceano atlântico, o lugar mais próximo dela era a ilha de Fernão de Noronha, no Brasil. Viajava em um dos rápidos helicópteros concedidos pela sua enorme empresa, ele não era normal, tinha duas hélices e por não ter janelas nem portas abertas concedia uma viajem silenciosa e relaxante.

Acabei adormecendo, observando o sol se pondo a oeste, acordei já de noite sendo balançada por um pequeno robô, tinha 1,50 de altura e cuidava da nave, ele pegou minhas bagagens e com uma voz robótica pediu-me para segui-lo.

Saindo do helicóptero fiquei sem palavras com o grandioso palácio branco e metálico se erguendo na minha frente, era uma enorme casa, casa não, mansão! Tinha três andares feitos de metal com enormes janelas de vidro refletindo a luz da lua cheia. Como sou repórter peguei meu tablete de anotações, e comecei a tirar fotos e escrever o ocorrido.

Caminhei em um caminho de pedra com palmeiras e outras plantas em volta, indo em direção ao extraordinário lugar, nunca tinha visto nada parecido, parei frente a uma porta, grande e de madeira, uma coisa rara nesses tempos, bati forte três vezes e imediatamente ela se abriu, mas não tinha ninguém do outro lado, minha espinha gelou, e meu coração bateu mais alto.

Entrei num salão enorme, com colunas brancas sendo fracamente iluminadas de baixo para cima, não existia nada, nenhuma escada ou até mesmo o próprio Ras, o inventor e estranho homem que criou a empresa tecnológica GDUhe que criava androides e robôs aos 25 anos, e com ela ganhou muito dinheiro, porém ganhou fama mesmo com um estranho protótipo de robô batizado de Matine, tinha sido projetado para os seres humanos terem uma nova vida, foi feito para conter as memorias e funções básicas do cérebro do individuo, basicamente trocar seu corpo carnal por um de metal, a tecnologia inovou o mercado e deu a fama para Ras, mas por ser muito cara, ficou em desuso.

Depois disso ele se isolou nessa ilha, ninguém teve respostas, isolado em sua suposta depressão, mas agora ele tinha me convidada.

Caminhei pelo enorme salão de entrada, minha voz fazia ecos que se perdiam na casa. Parei no meio da sala, fiquei quieta tentando ouvir vozes ou qualquer outro som, mas nada chegou aos meus ouvidos, comecei a olhar em volta, em busca de alguma coisa, e escondida na escuridão uma alta caixa de metal repousava, tinha 1,90 de altura, e não existia nenhuma saliência ou marca, cheguei mais perto com meus passos ecoando na escuridão, a dois ou três metros de distancia da caixa um enorme som de chiado vindo do outro lado acompanhado com uma luz ofuscante aos meus olhos acostumados no escuro, deixei a caixa de lado e me virei para lá, um pedaço do teto tinha se soltado e planava lentamente em direção ao chão, era um elevador de levitação, um pedaço de metal que subia e descia com magnetismo, subi nele, e rapidamente me levou para o segundo andar.

Lá em cima, me deparei com uma extensa mesa de metal, nela existia comia quente em dois pratos em suas extremidades, na outra ponta, virado para a janela uma silhueta de um alto e forte homem vestindo roupas dignas de um deus de frente a luz da lua cheia, que também infestava a sala, ele observava a maré batendo nas rochas.

-Por favor, sente-se Sra. Mona, lindo nome aliás.

Assustada puxei a cadeira e me sentei, logo após falar se sentou e comeu em silencio, para ambos estava servido um cozido catalão de frutos do mar. Estava delicioso, comia aproveitando cada colherada, mas Ras não, comia com poucas colheradas me encarando. Esperou-me terminar a comida e então começou a falar.

-O que achou de minha casa?- disse sem esperar.

-Grandiosa, nunca vi nada parecida com ela, o mais próximo foi em fotos de Dubai, foi você quem projetou?

-Sim fui eu, queria um lugar pra ficar sozinho, e planejei esse pequeno apartamento- falou com um sorriso.

-De qualquer jeito é surpreendente, mas como o Sr. Me conhece?

-Te via na TV, no jornal da manhã e uma voz pediu para te trazer aqui.

-Que voz?

-Uma voz dentro de minha mente- olhou para seu braço um relógio de ponteiros fazia seu reconhecido som- olha só, já são 11:00 da noite, bem estava planejando te mostrara minha casa, e outras coisas mais, porém posso fazer isso pela manhã, temos que acordar cedo.

Levantamos e ele me levou por extensos corredores iluminados por luzes brancas, subimos para o terceiro andar e me mostrou meu quarto, era grande e bem aconchegante, com uma enorme janela circular, tinha luzes que projetavam o efeito de lava, trocando entre cores quentes, deixei cair minhas bagagens, estava cansada até mesmo tendo cochilado no helicóptero, deitei na cama e despenquei sonhando com seres abissais e gigantes construtores de torres.


JazzWhere stories live. Discover now