A Fada

Parte 2 - Abrigo

Gu sentia-se atordoado. E não era para tanto, havia acabado de descobrir uma fada chorando embaixo da sua cama, e agora ela estava nua, sentada na sua cama, envolta apenas com um lençol. Olhar para ela era fascinante. Sentia-se terrivelmente atraído por ela. Havia algo de inocente, belo e sensual naquela criatura a sua frente. Possivelmente isso devia vir dela porque era uma criatura sobrenatural. Toni havia lhe dito uma certa vez que seres sobrenaturais causavam naturalmente o fascínio e até mesmo a obsessão em um ser humano.

Gu suspirou fundo para se concentrar e em seguida perguntou.

-Você tem um nome?

-Sim. Meu nome é Lilim- respondeu a fada

-E como você veio parar no meu quarto, pode me explicar?

-Eu não tenho muita certeza, mas eu parti de uma jornada do Reino da Manhã, que é o meu mundo. Parti em busca da Mãe das Fadas. Mas algo deu errado, e eu vim parar aqui.Não era para eu estar aqui.

-Entendi.

- Eu vejo que você tem um coração bom.Qual o seu nome humano?

-Gu. As pessoas me chamam de Gu.

-Gu? É um nome bem pequeno. Porque as pessoas te chamam assim?

-É porque é uma abreviação do meu nome.

Lilim fez cara de que não havia entendido

-Abreviação é uma coisa que você usa para deixar um nome menor mais curto e mais fácil de se dizer. É um encurtamento de palavras, entendeu?

-No meu mundo não existe esse encurtamento, pois nomes possuem significados, grande poderes e influência.

-Entendi- disse Gu pensativo.

- Me ajude a voltar para o meu mundo, por favor, jovem mortal. Preciso encontrar a Mãe das Fadas.

-E como eu faço isso?

-Me dê abrigo, pelo menos por alguns dias até eu recuperar a minha energia. Em breve eu posso criar uma abertura de passagem para outro mundo novamente.

-Uau!- disse Gu - incrível. Então é isso que vocês fazem? Viajam por variados mundos! Caramba o Toni vai enlouquecer quando eu contar isso para ele.

-Quem é Toni?

-É o meu amigo. Ele tem alguns livros sobre vocês fadas. Ele realmente vai gostar de conversar com você... e eu...- disse Gu olhando para o lençol semitransparente com que a garota se cobria. Era quase impossível não olhar abaixo do pescoço daquela bela garota fada, duas formas arredondadas, cobertas pelo lençol com duas pequenas saliências no meio- meu deus... - disse Gu desviando os olhos, mas com muita vontade de olhar de novo.

-Isso quer dizer que vai me dar abrigo?

-Olha você pode ate ficar tá, mas você não pode ser vista. Aqui na minha casa, mora eu, minha mãe e minhas irmãs.

-Tudo bem. Eu posso mudar de tamanho, ficar pequena de novo e me esconder em algum lugar a qualquer momento.

-Ótimo. E tem outra coisa. Você tem que usar roupas se for ficar assim na forma de um ser humano, mas não se preocupe posso tentar pegar escondido as roupas de uma das minhas irmãs ...ou então posso falar com a Luiza ou Carol, talvez elas tenham alguma coisa que possam te emprestar... mas isso só vou poder fazer amanhã...

-Obrigado por me deixar ser a sua hóspede e por toda a sua preocupação jovem humano, Gu. Seu coração é muito nobre.

-Que isso, disponha- disse Gu, achando que não havia sentido em ter dito aquilo.

-E agora se não for muito incômodo, minha jornada foi muito longa onde eu posso descansar?

-Acho que... - Gu olhou em volta- vai ter que ser na minha cama mesmo. Não se preocupe, posso dormir aqui no tapete, até que ele é fofinho.

-Você não precisa dormir no chão. Você pode dormir do meu lado. - disse

-Olha eu não sei se isso é uma boa idéia...-disse Gu hesitante

-Não sou uma ameaça para você jovem humano. E nem você é para mim. O Reino da Manhã, o mundo de onde venho, é cheio de luz e calor, o seu mundo é frio. Por favor não me deixe morrer de frio essa noite. Venha- disse Lilim estendendo a mão e o garoto não pode negar.

Ele se deitou tenso na cama, olhando para cima, imóvel, tentando segurar a sua respiração para não ficar ofegante. Ela se acomodou ao seu lado.

-Está tudo bem - disse Lilim pousando a mão sobre o seu peito. - estamos seguros.

Gu estava ficando ofegante. Sentia falta de ar. Como isso podia estar acontecendo? Uma fada aparecendo no seu quarto e agora querendo dormir abraçada com ele...

-Por favor, me proteja do frio do seu mundo- disse Lilim e se acomodou bem ao lado do garoto suavemente - prometo que conto sobre o meu mundo para o seu amigo Toni. Me dê o seu braço- disse ela e o garoto estendeu um dos braços para ela. Lilim se virou e puxou o braço de Gu para ela fazendo com que ele lhe abraçasse, em seguida ela se ajeitou de forma que suas costas nuas encostassem no peito do garoto. Gu sentiu todo o seu corpo esquentar e sentiu o cabelo macio daquela fada roçando em seu rosto. Ele não podia fazer nada. Poderia fazer? E se pudesse o que faria? Aquilo nem devia ser real. Devia ser só um sonho. É isso mesmo, pensou Gu, Pela manhã eu vou acordar e me darei conta que tudo isso foi só um sonho.

O seu corpo esquentou ainda mais. O cheiro perfumado do cabelo de Lilim não era como nenhum shampoo que conhecia e o perfume que saia de sua pele não era igual a nenhum perfume que já havia sentido e mesmo assim parecia ser a fragância mais agradável e suave que existia em todo o mundo. Ele a abraçou trazendo o seu corpo para mais perto dele e seus lábios ficaram rente ao seu pescoço

-Isso é muito agradável humano, continue.

Gu enconstou seus lábios no pescoço de Lilim e uma onda imensa de prazer instantâneo invadiu seu corpo e isso fez com que ele relaxasse e adormecesse.