Capítulo 03- O Casarão número 7 na rua da Ventrue's bar

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Os pensamentos de Nick estavam entorpecidos em meio a uma descarga elétrica de adrenalina que o incapacitou de enxergar o exato momento em que a garota atravessou em sua frente. Foi rápido demais para captar.

Samy segurou o volante, tentando jogar o carro para a esquerda. Quando conseguiu cumprir a ação, já era tarde. A jovem foi arremessada para o outro lado, batendo a coluna contra o poste de luz e caindo de testa contra a calçada.

Samy entrou em estado de choque no mesmo segundo, levando as mãos até a boca apavorada.

_ Droga!- Nick arregalou os olhos, também assustado. Não sabia lidar bem com o pânico, nem com nenhuma outra emoção extrema. Só então lembrou que já havia passado das 20:30 e ele não havia tomado o remédio.

Aquilo com certeza não era bom. E se alguém tivesse visto? Precisava ser discreto, mas não podia negar socorro. Se sentia péssimo.

Samy pegou o celular em cima do painel com as mãos trêmulas.

_ O que tá fazendo?

_ Ligando pra qualquer lugar que mande uma ambulância!

_ Não!- ele pegou o celular rapidamente das mãos da amiga, que pareceu não entender.- Não vê que vamos ser detidos? Talvez até nos afastem da Academia. Nós mesmos vamos ajudar ela. Só em último caso chamamos a ambulância.

_ Tá maluco? Quantas vezes eu vou ter que dizer que não sou médica?

_ É como se fosse- ele saiu do carro.

Samy fechou os olhos por alguns segundos. Aquele era o carro do seu irmão. Podia causar muito transtorno para ele se o veículo fosse apreendido para perícia. Não precisava envolver mais ninguém naquilo, Nick estava certo.

_ Tá com pulso- ouviu ele dizer assim que saiu-, mas tá fraco.

_ Precisamos pedir ajuda no Casarão!

_ O que? Não!

_ É o lugar mais próximo daqui e eu tenho certeza que ninguém de lá vai chamar a polícia. Não podemos fazer uma animação cardíaca no meio da rua.

_ Podemos sim!- ele juntou as mãos, preparando-se para botar em prática seu raso conhecimento em massagem cardíaca.

_ Nick!

Ele suspirou. A garota ainda estava respirando, ofegante e debilitada, não podia ser orgulhoso daquela forma. Nada podia ficar acima de uma vida. Quando resgatou isso do cerne de seus princípios, Nick retirou o casaco que usava, colocou em volta do corpo da garota e a pegou no colo. Seu peito subia lentamente com dificuldade.

Não foi de sua intenção machucá-la, mas não podia ignorar que tinha feito.

_ Vamos.

O Casarão, assim como quase tudo na cidade, também havia sido construído nos moldes clássicos da arquitetura gótica e romântica, porém havia um contraste bem interessante tecnológico, que naquele momento foi um grande empecilho para atrasá-los

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O Casarão, assim como quase tudo na cidade, também havia sido construído nos moldes clássicos da arquitetura gótica e romântica, porém havia um contraste bem interessante tecnológico, que naquele momento foi um grande empecilho para atrasá-los. O nome da tecnologia? Portão elétrico com interfone.

Samy apertou várias vezes. Ela estava evitando de olhar para trás, não queria lembrar que tinha uma garota ensanguentada no colo do amigo, apesar desse ser o exato motivo para estarem ali. Não pôde evitar de pensar que aquele foi um péssimo dia para usar branco. Como chegaria em casa daquele jeito?

O interfone fez barulho.

_ Qual é a senha?- a voz do outro lado indagou. Será que eles faziam aquilo sempre ou era só uma brincadeira de festa?

_ Oi- a garota se agarrou no interfone-, por favor, me escuta. Precisamos de ajuda! Atropelamos uma pessoa sem querer e...

_ Senha incorreta.

O interfone fez barulho de desconexão. Samy arregalou os olhos.

_ O- o que? Eles acham que estamos brincando?!

Nick passou na frente, tocando várias vezes seguidas o botão, cuidando para não machucar ainda mais a jovem em seu colo, que seguia desacordada.

Samy mordeu o lábio impaciente enquanto abraçava o próprio corpo com expressão chorosa.

E, de repente, o grande portão com grades de ferro, se abriu.

O Casarão estava com as portas principais fechadas, mas Nick observava um grupo de pessoas descendo por uma entrada lateral. Era de lá que vinha a luz mais forte e as vibrações mais intensas. Foi justamente para lá que foram, sem se importar com o choque da falta de contexto da cena bizarra que estavam prestes a protagonizar.

Conforme desciam, o som foi se tornando cada vez mais alto. A garota desmaiada pareceu incomodada, Nick não sabia se pelo barulho ou pela dor. Sua face foi se tornando cada vez mais distorcida, principalmente sob efeito da luz roxa do lugar, que muito se assemelhava as boates temáticas dos anos 90. O clima e tudo em volta era libertino. Todos pareciam ocupados demais para prestar atenção no que estava acontecendo.

Nick não gostava muito de lugares assim, mas sabia como funcionavam, pois tinha o incrível dom de parar em festas estranhas aleatóriamente. Era a terceira vez que acontecia. Samy, por outro lado, parecia completamente surpresa. Ela tinha o costume de simular uma extroversão que não tinha, apenas para conseguir se enturmar, quando na verdade, passava o dia inteiro em casa assistindo doramas.

Tudo naquele lugar tinha um clima lúdico e performático, desde as dançarinas de peruca colorida fantasiadas em cima das mesas, até as pessoas que usavam máscaras de gala. Nick teve a impressão que nenhuma daquelas pessoas estava presente de fato. Elas pareciam tão... robóticas. Como se estivessem programadas para fazer as coisas da forma que estavam fazendo. Parecia um grande delírio coletivo, até mesmo a música tinha batida hipnótica, descia e subia, subia e descia, em um looping progressivo e quase circular. Nunca estabilizava.

Nick olhou para Samy. Será que ela também percebeu? Ou será que era coisa da cabeça dele?

_ Mas o que vocês dois estão fazendo aqui?


Música de festinha indie pra vocês se imaginarem numa festinha indie. Até o próximo cap 🖤

 Até o próximo cap 🖤

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