E se... No hablo tu idioma?

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— Ok, tudo certo, senhorita Velásquez

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— Ok, tudo certo, senhorita Velásquez. — disse me entregando meus documentos e meus horários. — Seja bem-vinda à Linner West University. — Foi impossível não retribuir o sorriso gentil oferecido pela simpática secretária. 

— Obrigado. — Virei pronta para ir embora e fui parada no mesmo instante ao chocar meu corpo em outra pessoa, ou melhor, ao enfiar meu rosto no peito de alguém. Por pouco não fui de encontro ao piso polido da secretaria. 

— Helena do céu, eu nem te conto! — O desconhecido soltou em um tom surpreso e alegre. — Você com certeza é a senhora mais linda desse campus, com todo respeito, é claro. — enquanto tentava "comprar" Elena, o garoto sequer notou que ainda segurava meus ombros. Nem um mísero "sinto muito" eu ouvi.

A senhora sorriu e não aparentou estar nem um pouco surpresa pela entrada abrupta e as palavras do rapaz.

— O que você aprontou agora, Benjamin?

— Sabe, quando estava a caminho da Universidade eu olhei para o belíssimo céu azul e, logicamente ao olhar pra ele eu também, imediatamente, me lembrei da sua beleza celestial. Então percebi uma coisa... — Ele inclinou a cabeça para mais perto do balcão e contou como se fosse o maior segredo do mundo. — Eu sou absoluta e completamente apaixonado por você, acho que deveríamos fugir em segredo e nos casar em Vegas. — Elena soltou uma gargalhada sonora e vibrante antes de pegar uma folha sobre a mesa.

— Quão péssima está a sua situação, Ben? — Eu definitivamente não estava preparada para a cena seguinte. 

Ele abriu um sorriso sacana e levou uma das mãos aos cabelos, bagunçando-os levemente. Mas a melhor parte foi quando algo chamou sua atenção no outro braço e seus olhos desceram lentamente por ele até chegarem em meu ombro, sobre o qual ele repousava. Demorando não mais que alguns segundos para fixarem nos meus, sua testa se franziu por instantes.

Confusão, talvez?

— Uau! A vida tem olhos lindos, e são castanhos! — minha sobrancelha deve ter se unido ao couro cabeludo de tanto que eu arquei ao ouvir tamanho descaramento. 

— Pensei que estivéssemos fazendo planos para o nosso casamento aqui, Ben. — a senhora ao lado comentou divertida.

— Acabei de lembrar que você já é casada, Elena. E isso vai contra meus princípios. — Ele virou seu rosto minimamente para ela e sorriu, como se estivesse se desculpando pelo grande erro cometido.

— Princípios? — retorqui irônica retirando sua mão de mim sem a menor gentileza. Ele sorriu mais uma vez.

Será que ele só sabe fazer isso?

— Desculpe. — disse após recolher as mãos dentro dos bolsos da calça jeans. Apenas maneou a cabeça e sorriu novamente para Elena que voltou a seus afazeres e deu as costas, certa de que dessa vez vou conseguir deixar a sala. Já perdi tempo demais aqui.

— Ah... será que você poderia me deixar apreciar os belos olhos que você tem aí mais uma vez? — parei ao ouvir suas palavras sem a menor noção. 

Mas que raio de garoto!

— Por quê? Você por acaso é algum psicopata com fetiche em olhos?

— Poderia me sentir ofendido, mas não. Sou apenas um apreciador da beleza feminina em toda a sua essência. A propósito, seus olhos são lindos. 

— Imagino o quão apreciador você é. E é, eu sei, obrigado. — ele nem ao menos deu atenção a minha resposta. 

— Tem algo enigmático aí, nessas lindas orbes. Isso me deixou intrigado. Sou bom observador, talvez um pouco curioso, e você tem cara de mistério.

Oi?

Ok, agirei como a Lady que definitivamente eu sou.

— Sabe que eu também sou uma ótima observadora? — me virei por completo para ele. — Nos seus olhos, nesse exato momento, eu vejo um quê de safadeza. E a cara é de cafajeste. 

Bem, acho que eu faltei a algumas aulas de etiqueta. 

— Você é realmente ótima!

Os olhos quartzo cintilavam divertidos pouco antes dele se entregar ao que me parece ser uma crise de riso ou convulsão, não sei dizer. Os cabelos dourados se agitam enquanto seu corpo chacoalha algumas vezes.

Certo. Eu definitivamente vou sair daqui. Enfiei tudo o que segurava dentro de minha bolsa e a coloquei nas costas antes de escapulir até a porta. Flash sentiria inveja de mim agora, ou não, já que minha rapidez não foi suficiente para impedir que eu ouvisse a pérola que Benjamin soltou ainda se recuperando das gargalhadas. 

— Heleninha, sente-se, tenho outra novidade para te contar, e ela pode partir seu coração. Acho que acabei de me apaixonar!

***

É realmente ótimo estudar em uma universidade conceituada e bem estruturada. Mas é igualmente péssimo quando essa mesma universidade é enorme e se torna ainda maior quando eu não a conheço e estou terrivelmente atrasada. 

Depois de conferir mais uma vez as marcações que Elena fez para mim depois de ter rodado como uma barata tonta, avistei o prédio que tanto procurava.

Se eu estivesse em um desenho, nesse momento meus olhos brilhariam e eu estaria correndo para lá como Scrat* corre atrás de nozes.

Mas o que é isso aqui? Um clichê de Hollywood? 

Se for não há livros derrubados, porque os carrego dentro da bolsa. E eu não estou no chão pois, por um milagre, eu obtive equilíbrio pela primeira vez na vida antes de chegar ao piso.

Resumindo: errei o roteiro.

Ou melhor, repaginei. Sempre fui péssima atriz. Não sou a nerd - talvez só um pouquinho -, nem a "patricinha". 

Na verdade sou aquela que prefere estar de fora do espetáculo. Logo não há necessidade de um show. 

De qualquer forma, quando estiver se sentindo idiota, lembre-se de mim que, aparentemente, tirei o dia para dar de cara no peito dos estranhos e altos universitários de Linner University.

Decepção atrás de decepção. 

— Você está bem? — Ergui os olhos para dar de cara com uma mistura perfeita de olhos castanhos esverdeados, um contraste maravilhoso para a pele morena. — Moça? — O rapaz forte e de cabelos perfeitamente aparados no estilo militar insistiu em uma resposta diante do meu silêncio. 

Não me deixei levar por sua beleza única e minha mente logo tratou de me arranjar uma tática para sair dali sem ter que comprovar se ele era tão pirado quanto o garoto da secretaria. 

— Sí, sí, estoy bien, gracias. — É, exatamente, eu vou me fazer de sonsa. Ele pareceu confuso enquanto sussurrava "espanhol". — No hablo tu idioma, lo siento. — com um falso sorriso de desculpas e com a cara de pau que trago desde o berço apertei as alças finas da minha da bolsa nos ombros e rumei para o prédio de direito. Sem oferecer a menor chance para que ele falasse novamente. 

Introdução ao estudo do direito, aí vou eu! Ou melhor, ¡Yo voy!

*Personagem ficcional, um esquilo-dente-de-sabre, cuja primeira aparição foi no filme de longa-metragem A Era do Gelo.

Oiii, como você está querido(a) leitor(a)? Eu espero que muito bem.

Sim, eu postei dois dias seguidos! Não aguentava a ansiedade de apresentar o amor da minha vida/Ben pra vocês. Agora posso ir dormir em paz kkkk

Aliás, o que acharam dele? 

E do outro boy?


















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