Capítulo 2: Confraternização

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No imenso calor da tarde em meio ao alto mar, Afonso Santiago acabava de subir ao convés. O homem tinha um porte físico impressionante, suas vestes ficavam coladas ao corpo, tamanho os músculos. Mesmo grande, sua inocência e alegria contagiava a qualquer um, o sorriso enorme posto no rosto revelou pequenas e inocentes covinhas.

Seu melhor amigo e ainda companheiro de viagem, Alves Santos, conversava animadamente com um outro soldado enquanto olhavam o azul intenso do oceano. Aproximando-se sem a intenção de incomodá-los, uma conversa animada sempre o fazia fugir daquele imenso tédio.

— Minha esposa me espera retornar de viagem para aproveitarmos nossa lua de mel. — Alves sorria sempre quando falava dela, a mulher com quem mal casara e já amava. — Faz poucos meses que estamos juntos e ainda não tivemos a chance de aproveitar a companhia um do outro.

Alves Santos foi convocado inesperadamente para a viagem, meio relutante teve de aceitar, o cumprimento do seu dever vinha em primeiro lugar. Além disso, depois de quatro viagens adquiriu muitas experiências que poderiam ser usadas nesta exploração.

— Pelo jeito que me fala dela, parece ser uma mulher encantadora. — Falou Pereira de Oliveira.

— Confie nas minhas palavras quando digo que nunca irá encontrar uma garota como a minha. — Alves sorriu pela segunda vez.

O formato do corpo de Alves era um pouco esguio, tinhas poucos músculos, era forte e um excelente espadachim. A última vez que precisou usar sua espada foi num beco onde queriam lhe roubar as roupas chiques e sua arma. Os quatros ladrões nem tiveram a chance de fazer sequer um único movimento antes de sentirem a ponta afiada entrando no corpo.

— Estou atrapalhando meus colegas? — Indagou Afonso.

— Nada disso, companheiro. Junte-se a nós. — Pereira o cumprimentou, dando espaço logo em seguida. — Estávamos conversando sobre o que nos aguarda quando regressarmos de volta as nossas casas. Alves falava sobre sua amada, já eu tenho minha família, meu pai deve estar ansioso para ouvir mais histórias sobre exploração. E você?

Pobre Afonso Santiago, ninguém o esperava em casa, casou-se com uma mulher que sua família desaprovava, anos mais tarde uma doença a venceu, e ela faleceu. A verdade é que apreciava seus momentos de viagem ao lado dos companheiros e, voltando para casa só sentiria uma imensa tristeza, um vazio incapaz de ser preenchido.

— Nasci em Castelo Branco, ninguém me aguarda, prefiro estar navegando, explorando novos cantos pelo imenso e vasto mundo. — Seu sorriso foi capaz de esconder a tristeza por trás com louvor. — Não há companhia melhor do que irmãos de farda.

Pereira e Alves balançam a cabeça, concordando. Os três estavam no mesmo quarto, planejavam beber um pouco e conversar antes de ancorarem em terra firme. O problema é que não sentiam confiança nos outros três companheiros para compartilharem seus segredos mais obscuros, e um pouco engraçados.

— Já falei com Pedro, podemos beber no quarto dele esta noite. — Pereira soltou uma risada curta. — Nada como um pequeno tempo para entrelaçar nossos laços. Soldados, unidos, jamais cairão!

Afonso e Alves puderam sentir o peso das palavras fortes.

O Sol forte enfraquecia, sumindo no horizonte, precisavam aguardar mais um pouco, o capitão sempre dormia cedo, uma preocupação a menos. O homem os obrigava a descansar o mais cedo possível, seus soldados precisavam estar atentos e ágeis pela manhã. Pedro tinha acesso a adega de vinhos, naquela noite só dormiriam se estivessem alcoolizados. Afonso, Alves e Pereira só precisavam ficar atentos no momento que puserem os pés nos corredores, qualquer som alto poderia acordar os outros da infantaria.

Alamoa - A Dama De Branco (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora