— Posso te fazer uma pergunta? — Ayla falou de repente, fazendo ele desviar os olhos do computador e focá-los inteiramente em seu rosto.

— Claro.

— O que você pensa sobre terapia? — ele franziu o cenho. — Digo, você acha que é uma coisa legal?

— Não tenho certeza — respondeu de imediato, mas pensando melhor, completou — Acho que sim. Minha mãe quis fazer uma vez, mas meu pai disse que era uma péssima ideia — murmurou consigo mesmo, buscando se concentrar no real sentido daquela conversa. — Por que você quer saber?

Ayla olhou para os lados. Não havia ninguém interessado na conversa dos dois, obviamente, mas, não custava nada checar. E também não custava nada se aproximar um pouco mais de Henrique, só para ter certeza que somente ele a escutava.

— Ok — respirou fundo. — Eu decidi fazer terapia — revelou de uma vez e olhou para ele, esperando qualquer tipo de reação. — Eu acho que eu preciso de ajuda com os meus pesadelos e... Com todo o resto — Henrique assentiu e depois de alguns segundos, sorriu de lado. Ayla afastou-se para trás, receosa. — O que isso significa? “Legal, eu apoio sua decisão” ou “Você tá ficando completamente maluca”?

— Definitivamente, a primeira opção — sorriu um pouco mais, apoiando a mão em sua perna. Ayla suspirou com o toque, sentindo pequenos círculos imaginários serem desenhados sobre sua pele. — De qualquer forma, a minha opinião não é a coisa mais importante aqui.

— Ela é importante pra mim.

Seria exagero se Henrique dissesse que havia acabado de ter um mini infarto por causa daquela frase?

É, seria.

Ele era exagerado. Mas quem não era nos dias de hoje?

— Eu acho que é uma ótima ideia — afirmou, porque, uau, ela queria saber a sua opinião, e ele era bobo o suficiente para ficar feliz com algo tão pequeno.

— Sério?

— Sim.

— Bom — baixou o olhar, brincando com os dedos. — Eu marquei de me encontrar com a terapeuta amanhã. Espero que ela possa me ajudar.

— Ela vai — encorajou, orgulhoso de sua escolha.

Ayla concordou em um aceno de cabeça, mas estaria mentindo se dissesse que não estava insegura. Era assustador. Quer dizer, falar sobre coisas tão individuais com uma completa estranha, quando nem ao menos conseguia fazer isso com as pessoas ao seu redor, parecia algo tão discrepante.

Como alguém era capaz de fazer aquilo?

Como ela seria capaz de fazer aquilo?

E se a terapeuta achasse que não tinha mais jeito? 

— Você tá surtando — Henrique constatou.

Ayla comprimiu os lábios.

— Não, eu não tô surtando.

Ele apertou os olhos, tentando inspecionar suas expressões faciais.

— Sim, você tá — concluiu.

— Não, eu... Quer saber? Me dá esse computador — pegou o aparelho de suas mãos. — A gente tá perdendo tempo discutindo sobre o fato de eu não tá surtando.

— Claro, ignore o Henrique. Ele sempre tá certo, mas ninguém quer escutar.

— Pu.ta merda.

Henrique arregalou os olhos.

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