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BOSTON, USAMETADE DO OUTONO

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BOSTON, USA
METADE DO OUTONO

O sonoro barulho da água caindo do mecanismo elétrico ultrapassa o box de vidro e a porta entreaberta do quarto de um hotel cinco estrelas, localizado na região central de Boston.

Recosto minha cabeça na enorme cabeceira macia da cama, com as pernas cruzadas e repousadas sobre a colcha acinzentada, meus olhos dispersos encaram os anéis em meus dedos, dois na minha mão direita – um no indicador e outro no dedo médio – e um no indicador da mão esquerda -, minha mente sentia-se cansada, se fosse uma opção teria permanecido mais algumas horas na cama, mas infelizmente tinha combinado de almoçar com Tobias.

— Já marquei nossas passagens de volta — aquelas palavras alcançam meus distraídos tímpanos, que nem tinham percebido o cessar do barulho do chuveiro elétrico — Marquei para o próximo final de semana.

O próximo final de semana

Daqui cinco dias, longos dias, ou poucos dias para alguém que começava a se questionar sobre a sua permanência e partida.

Trago a amarga saliva, junto com as dúvidas que começavam a nascer em meu interior, preferindo encarar a pequena fenda entre a porta e o batente e observar o homem de costas largas, desnudas, que secava suas madeixas com uma toalha, a mesma que deveria estar circuncidando a sua cintura, mas não estava.

Deixando suas perfeitas e redondas nádegas de fora, um imã para os meus olhos curiosos que conheciam aquele corpo, conhecia cada parte.

Tobias Pullman definitivamente era um homem lindo e atraente, perfeito, mas as vezes sentia que não era perfeito para mim.

Alcanço o reflexo dos seus olhos que já estavam fixos em mim, seus lábios se curvam, mostrando os brancos e perfeitos dentes.

Meu coração sente-se acolhido. Obrigando aos meus lábios a curvarem-se, mas mantendo meus dentes cobertos.

— Viu algo que gostou? — sua provocação chega a mim.

Agora mostro meus dentes, remexendo minha cabeça contra o fofo encosto.

— Talvez — balbucio, não com vontade de me enrolar nos lençóis com ele e me perder durante as horas, apenas com uma necessidade de sentir-me amada.

Em nossa relação não tinha paixão. Pelo menos da minha parte não tinha paixão, era um puro e simples amor que nos unia, além dos gostos em comum. E aquilo era bom, tranquilo, não tinha aquela ansiedade por inalar seu aroma, por chegar em casa e pega-lo acordado – somente para que nossos corpos se unissem -, não ficava inquieta com sua ausência, nem distraída com sua presença.

— Um beijo pelos seus pensamentos — e aquela frase clichê explode na minha frente.

Pisco algumas vezes, apenas processando a imagem alta, com uma toalha em volta da cintura, caminhando em minha direção. Seu aroma quente e amadeirado me envolve, na verdade se espalha pelo ambiente.

Sempre sua Garota [✓]Where stories live. Discover now