O Stark realmente pensou em expor quem ele era e exigir usar o telefone primeiro. Mas ele olhou aquelas pessoas na fila, muitos com alguns ferimentos e todos com uma expressão triste e que mostrava perda. Tony se deu conta de que não podia fazer algo assim, aquelas pessoas passaram por muitas coisas, sofreram muito e perderam muito, ele não podia fazer isso com elas. Aquelas pessoas provavelmente estavam ansiosas para a chegada de sua vez ao telefone, ansiosas para escutar uma voz familiar de reconforto e talvez um resgate. Tony se imaginou na fila e em como não ficaria nada feliz se alguém aparecesse e entrasse na frente dele e de todos, ele ficaria com raiva e provavelmente iria até a pessoa tirar satisfações. Ele pensou que não deveria fazer algo que não gostaria que acontecesse com ele. O Stark também pensou em Peter e em como aquele garoto bom e correto não gostaria que ele passasse na frente daquelas pessoas por sua causa. Então Tony entrou no final da fila e tentou ser paciente para chegar a sua vez.

Para sua sorte tinha um homem dentro da sala que colocava um certo limite de tempo para a ligação. Cada pessoa tinha dois minutos para falar ao telefone, as vezes o homem que parecia ser o segurança do local, deixava a pessoa no telefone por três minutos caso o assunto precisasse de mais tempo para ser resolvido. O segurança não era grosseiro quando o tempo da pessoa acabava, apesar de Tony estar do lado de fora na fila, dava para ver muito bem as pessoas que usavam o telefone do lado de dentro e o segurança, ele somente sinalizava para o próprio  relógio no pulso quando o tempo estava prestes a acabar, o que dava a pessoa a oportunidade de acelerar a conversa para falar tudo que precisava. Para o alívio de Tony, a maioria das pessoa não chagavam a ter que usar todo o tempo que tinha, e isso acelerava o processo da fila a sua frente andar.

Mesmo com presa de chegar até o telefone o mais depressa possível, Tony compreendia que aquelas pessoas também precisavam daquela ligação. O homem sentia mal quando alguma das pessoas choravam ao telefone durante a conversa, uns falando o quanto foi horrível, outros falando ao parente que estava bem e que não tinham se ferido, mesmo na maioria das vezes a pessoa ter um ferimento em alguma parte do corpo, e algumas vezes a pessoa chorava avisando sobre uma perda, irmão, filho, primo, namorada ou algum dos pais. Tony não gostava de ver aquelas pessoas chorando, isso o fazia se sentir mal, o fazia pensar no que teria acontecido se Peter tivesse morrido no meio do caminho, algo que o assustava profundamente, e também o fazia pensar na perda dos tios de Peter.

Aquilo era algo que o estava preocupando muito. Ele sabia que o garoto não estava lidando nada bem com aquela perda, por Deus, o garoto estava querendo morrer junto com sua familia, aquilo era algo que assustava muito o Stark. Ele entendia o sentimento de Peter, entendia como era querer morrer, ele mesmo já sentiu isso varias vezes durante sua vida. Isso era algo que ele mantinha a sete chaves, era uma dor que ele não queria revelar para ninguém. Nem mesmo Pepper, nem seu amigo Happy, nem seu melhor amigo Rhodes sabia que ele já pensou em morrer varias vezes. Ele pensava que pareceria ridículo Tony Stark querer tirar a própria vida, afinal, ele tinha tudo, não tinha? Por que um homem que tinha tudo iria quer morrer? Era algo que não faria sentido para as pessoas.

Mas agora não era a própria dor que Tony se concentrava, e sim na de Peter. Tony pensou que agora ele não queria morrer, não queria e não podia. Se ele morresse ele iria deixar aquele garoto sozinho novamente e isso era a última coisa que ele queria. Como ele poderia pensar em morrer sendo que agora tinha um garoto de 12 anos que dependia dele para não desistir da própria vida? Mas Tony sentia algo estranho com isso, algo semelhante a felicidade, por mais estranho que possa ser dizer algo do tipo. Tony se sentia bem ao saber que alguém precisaria dele, não apenas sentir falta de suas invenções ou festas grandiosas, mas realmente precisava dele para algo, era como se depois de muito tempo ele realmente estivesse fazendo algo que valesse a pena, algo bom, algo que tapava um buraco oculto em seu peito. Tony realmente esperava não parecer egoísta com esses pensamentos.

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