-- Capítulo 1: Chegada em Montes da Luz --

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Um zíper é puxado, a bolsa abre, por onde uma mão adentra e pega um pacote. A embalagem é rasgada, expondo uma barra de chocolate; uma boca abre, mordendo de uma vez o doce, diminuindo-o a cada ataque com a boca. As rodas do carro giram, o motor faz um ruído constante.

Árvores vão ficando para trás, a imagem pelo vidro está escura, sucedendo de ser abaixado pelo clique de um botão; mais uma mordida é dada na barra de chocolate. O sol se movimenta, saindo do centro do céu para próximo das bordas, aproximando-se do final da tarde.

Placas são deixadas para trás, tendo os seguintes conteúdos: "Montes da Luz. 12 Km", "Bem-vindo à Montes da Luz!". Mais à frente está um outdoor, seu conteúdo chama a atenção do passageiro que está comendo, fazendo-o levantar os óculos escuros com o dedo. A propaganda em maioria é vermelha, como sangue, com bordas ornamentadas de dourado. Seu foco se direciona ao sorriso largo do idoso no outdoor, que está com a mão direita aberta, convidando-o para "entrar". "O brilho da nova geração será destroçado no dia --/--/--, não perca a chance de ver a nova 'maravilha' do Holliver!", é o texto mais destacado por lá.

O carro deixa o outdoor para trás, o rapaz já havia parado de olhá-lo, ficando de frente com os óculos abaixados. Sua pele é escura, o cabelo é curto e o corpo é musculoso, ressaltado na parte exposta da camisa que o casaco de couro não cobre.

— Essa é uma recepção e tanto, não acha? — fala o motorista.

— Devo dizer... Que homem excêntrico.

A cidade está à vista no seguimento da estrada, o sol está se pondo, mas nenhum dos dois conseguem tanta atenção quanto as margens de todo o caminho restante estarem cobertas de outdoors semelhantes ao de antes. Todas brilham com o acender de suas lâmpadas.

— Hahaha... — O motorista liga o rádio, permitindo o soar de uma música pelo carro. — São mais de três quilômetros assim. Vivo há décadas nessa cidade e nunca tinha visto algo dessa escala acontecer.

— Para dar tanta liberdade, o prefeito deve estar bem feliz com o aumento massivo do turismo. — O rapaz suspira ao notar que o chocolate havia acabado no pacote, colocando-o em um dos bolsos da bolsa que serve como lixo, onde há outras embalagens vazias.

— Não vou mentir, também estou! Hahaha! Apesar de estar muito corrido, nunca lucrei tanto!

— Hahaha! Tudo bem em dizer isso na frente de um cliente?

— Sei que é uma boa pessoa e que não se irritaria por isso, senhor.

— Está certo.

— Veio para assistir o Torneio da Corte?

— Ah! não. Meu negócio é outro.

— Entendo... Você estaria com problemas se fosse isso, afinal os ingressos estão esgotados faz tempo, e o torneio será amanhã. É impossível conseguir algum atualmente.

O carro adentra no território da cidade, refletindo na lataria o intenso brilho dos postes e dos estabelecimentos à volta. Pés se movimentam para caminhos distintos, carros vão de um lado a outro. As ruas e calçadas estão cheias de vida.

— Me leve até esse hotel. — O rapaz entrega um papel com o endereço.

— Oh! certo!

— Não pensei que fosse ver tanta gente nessa cidade, parece até a minha.

— É como você disse, o prefeito está bem feliz, e não é à toa! hahaha!

A música no rádio para no apertar de um botão, trocando para uma frequência em que ocorre um debate:

LA: Torneio da CorteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora