- chapter 7

1.6K 160 72
                                    

Levantei-me junto ao sol; um novo mês estava se iniciando naquele outrora típico dia; acontece que uma singular sensação de verão aumentava gradualmente, e tendo isso em mente - além de resgatar algumas lembranças da noite passada -, meu espírito se enchia de uma energia nova, revigorante. Timothée se encontrava num calmo sono, por isso decidi que não o acordaria. Ao som dos pássaros que cantavam lá fora, dei início a minha rotina, que se baseava, basicamente, em me arrumar - vestir algum de meus vestidos de design simples preferidos - e preparar algo para comer. Logo após meu desjejum, ouço alguém a falar comigo:

- Querida Bella, venha cá! - Era a Sra. Chalamet. - Vamos ensaiar no jardim hoje. Pegue seu roteiro com Clarisse. Ah, e veja, por favor, se Timothée já está acordado. Se não, acorde-o, pois o garoto dorme tanto que está sempre a perder seus ensaios matinais - Ela diz ao se retirar da cozinha

Como alguém cometendo um crime, olho para os lados apreensiva antes de enntrar em meu quarto. Fecho a porta e vejo Timothée. Lá ele se encontra, ainda num sono profundo. 

- Acorde, Bela Adormecida! - Digo enquanto pego um de meus travesseiros e levemente bato-o em sua cabeça.
- Ai! - Ele reclama enquanto se levanta num pulo.
- Não foi tão forte assim. - Digo, já gargalhando de sua típica dramatização. - Sua mãe disse-me para lhe acordar; vamos ensaiar às manhãs agora. - Sorrio o assistindo bocejar.
- Bem, dessa forma, devo levantar-me. Não quero atrasar o ensaio. Só me dê mais... - Ele pondera por poucos segundos enquanto fecha os olhos e deita a cabeça novamente na cama - quinze minutos.

Rio, em seguida batendo-lhe com o travesseiro na cara, desta vez com mais força.

- Ai! Sabe que algumas pessoas preferem "bom dia" ao invés disso? - O garoto pergunta fazendo bico, fingindo estar zangado.
- Bom, eu sei que sua mãe preza por pontualidade. Levante-se! Vamos, vamos ensaiar Shakespeare! Vamos! Faça com que a tragédia te inspire! - Agora faço eu o papel dramático, e funciona, pois ele responde-me:
- Certo, tudo bem, ganhara. Já irei descer; apenas preciso ir ao banheiro, certamente. Podes ir andando, eu lhe alcanço daqui a pouco - Ergo uma sobrancelha, duvidando - Não confias em mim, Bella? Admito estar decepcionado! De fato esperava mais! - Ele franze os lábios enquanto levanta e vai em direção ao banheiro. Quando vê que continuo encarando-o de braços cruzados, ele diz-me:
- Já sei o que te incomoda. - Ele sorri - Queres que eu lhe convide para juntar-se a mim? - Ele sorri da maneira mais encantadora e sem escrúpulos que já vi.

Simplesmente assim, ele ganhou a brincadeira, e seu prêmio é ver a cor de meu rosto instantaneamente assemelhando-se a de um tomate.
Como resposta, jogo o travesseiro - minha arma mais querida, pode-se bem notar - em sua direção, mas o garoto fecha a porta antes que o objeto possa sequer atingi-lo. E então, sorrio como uma boba, e tenho a sensação de que ele também o faz.

Mais tarde, quando terminamos nosso ensaio, eu e Clarisse vamos discutir sobre o que fazer durante a tarde, uma vez que temos demasiado tempo livre. Ela sugere irmos à biblioteca municipal, para que eu a conheça. Digo que sim, apesar de já ter a conhecido antes, graças a Timothée, que trabalha lá. Enfim, vamos caminhando até o local, abaixo do sol agora sereno e das árvores celestiais daquela simples cidade interiorana.

Na biblioteca, encontramos Timothée e Paolla, a garota incrivelmente antipática que conheci há alguns dias, discutindo.

- Paolla, já disse-lhe não posso ensaiar contigo. Agora trabalho aqui durante as tardes, e de manhã tenho ensaios com minha mãe e Bella. Desculpe-me. Matteo pode me substituir - ele argumenta, parecendo repetir a mesma coisa pela terceira vez, olhando-a com certa impaciência.

Ela, por sua vez, vira o rosto para o lado, indignada, e me nota adentrando o ambiente. A garota me encara com uma feição característica sua, que é pouco agradável, o que faz com que eu me sinta envergonhada por motivo algum a não ser minha mera existência em sua vida.

Respiro fundo ao continuar andando com Clarisse ao meu lado. Paramos no balcão, onde Timothée apoia-se, aleatoriamente analisando papéis, com a esperança de que, quando voltar a erguer seus olhos, a garota tenha ido embora. No entanto, ela não o faz. O que ela faz é diminuir a distância entre nós duas, encarando-me, enquanto pronuncia veemente, procurando manter-se equilibrada:

- Você, garota britânica, não vai roubar o que eu digo que é meu. As coisas não funcionam dessa maneira aqui. Mantenha seus olhos abertos e continue com a boca fechada - Então sorri falsamente e se põe a caminhar até sair de meu campo de visão, em direção à rua.

Não há discussão, pois não sei como reagir; encontro-me com diversas dúvidas, as principais sendo: o que fora este confronto? E mais importante ainda, o que fizera eu?
Volto à confusa realidade somente quando Clarisse me chama:

- Bella? Oh, você está viva. Ok. Bom - Ela se vira para Timothée, que agora foca sua atenção em mim, sem saber bem o que dizer -, vou ir buscar o... o livro que desejo. Ok! Já voltarei. - Ela nos deixa a sós.

- Perdão! Por favor, não leve o que Paolla fala a sério. Ela não é uma ameaça, é apenas demasiadamente infantil e mimada. E essa situação é minha culpa - Ele me diz, com os olhos claros refletindo sua genuína preocupação.

Balanço os ombros e nego qualquer afetação:

- Não me afetou, lhe prometo - Sorrio, tentando concretizar o que falara-lhe.

Contradizendo-me em minha mente, tenho a consciência de que o que ela dissera perdurará em minha mente por mais algum tempo; entretanto, logo hei de descartar tal preocupação, julgando-a tola e sua atitude, supérflua. Ela apenas me vê como uma ameaça - se profissionalmente ou pessoalmente, não sei dizer com certeza -, mas é apenas uma garota como qualquer outra, e tal intriga é completamente normal. Ao menos é o que eu espero. Neste verão, iniciei minha busca por nada além de uma rotina agradável, que me seja de certa forma monótona, pois é o que me agrada quando surge a necessidade de um descanso sutil. O único fator que pode alterar esse ideal é o teatro - e este, sem dúvidas, mudaria quaisquer coisas para um nível superior.




sim, o comeback mais aguardado do que o da oned finalmente aconteceu.
pretendo terminar essa história, e inclusive já descobri como vou fazer isso. estou ansiosa e espero que vocês também estejam :') obrigada por apreciarem meus ~ momentos de escritora ~.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: May 08, 2021 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

 𝐔𝐓𝐎𝐏𝐈𝐀 ─ 𝘵𝘤𝘩𝘢𝘭𝘢𝘮𝘦𝘵 Where stories live. Discover now