"Na casa dela?" pressionei.

Ela deu de ombros. "Algumas vezes... e algumas vezes aqui."

Merda. É, eu me levantei da cadeira.

"Porra. Não aqui" ela disse, revirando os olhos.

Graças a Deus!

Ficamos em silêncio por um tempo, e eu sabia que meus dez minutos tinham passado.

Ela sabia também.

"Eu te falo mais no sábado, tá?"

Assenti. "Tá."

*Eu quero que a Bianca faça, mamãe.*

Cerrei os dentes.

A Laura estava dando o maior ataque de birra do ano, gritando, chorando, berrando e chiando... tudo porque a Bianca me mandou um SMS dizendo que se atrasaria vinte minutos.

Vinte minutos. Só isso.

Mas aparentemente isso era o suficiente para a Laura, que não gostava quando eu a ajudava a arrumar seus pincéis e tintas.

"Mas se eu te ajudar, você e a Bianca vão poder começar a pintar assim que ela chegar em casa" lhe disse.

*Não!* e então ela gritou.

Adorável.

E pra mim chega. "Vai pro seu quarto, Laura."

Ela bateu o pé e sentou no chão da cozinha. *Não. Eu quero a Bianca. Agora.* Ela fechou os olhos com força, terminando de fato com o nosso meio de comunicação.

De rabo de olho, vi a Bianca.

Puta que pariu, ela é linda.

Andando até onde Laura se sentou no chão, me agachei e pus a mão no seu braço. Ela reagiu com sua típica careta de Laura com apenas um olho aberto.

"Olha para trás, Laura" suspirei.

Estou cansada. Extremamente exausta.

E são apenas cinco da tarde. Jesus...

A Laura cooperou e... sim, as lágrimas sumiram, e as risadinhas começaram enquanto ela corria na direção de Bianca.

*Oi, Bianca! Eu quero pintar agora.*

É, agora ela era um pacotinho de açúcar.

*Oi lindinha!* Bianca sinalizou, sorrindo com cuidado e virando-se para mim "Birra?"

"Birra é pouco" murmurei, sentando-me à mesa.

Bianca assentiu e ajoelhou-se na altura de Laura. "A mamãe falou para você ir pro seu quarto, querida".

Eu as observava com atenção. Por motivos óbvios.

*A gente sempre pinta primeiro* Laura argumentou. Mas ainda sorrindo.

Bianca assentiu com a cabeça. "É, mas você precisa pedir desculpas, porque você não pode gritar desse jeito. Eu pensei que você já fosse uma menina grande."

Qualquer um que entrasse aqui naquele momento, pensaria que a Bianca era mãe dela.

Inclusive eu.

Eu eu... amo ela pra cacete.

*Eu quero pintar! E eu sou uma menina grande!* Laura respondeu, com a testa franzida, e eu sabia que outro ataque estava chegando, mas antes de eu me intrometer, a Bianca continuou com perfeição.

"Você não está agindo como uma menina grande" Bianca disse, seu rosto suave ao mesmo tempo que mostrava firmeza. Ela não ia arredar o pé com a Laura. "Meninas grandes pedem desculpas quando fazem algo errado. E se você não pedir desculpas, não vai poder pintar."

UM SINALWhere stories live. Discover now