— Não precisa. Vai passar já já.

— Você ainda vai descer com os outros? Se não eu fico aqui contigo.

— Não Sads, não precisa sério, eu tô bem. E sim, vou descer, só vou um pouquinho mais tarde pra dar tempo de eu melhorar tá?

— Tabom. – Ela sorriu, pegou o travesseiro e saiu do quarto.

Me sinto mal por mentir pra ela, eu sou boa em "manipular" as pessoas, mas não gosto de mentiras, exceto em casos necessários como esse.

Coloquei meu livro de lado e saí do quarto, eu acho que todo mundo já tá lá embaixo porquê tá um silêncio ensurdecedor no internato, as luzes estão desligadas, isso é bom.

Peguei uma lanterna pequena que eu tenho de chaveiro na mochila e usei pra iluminar o caminho, não adiantou bosta nenhuma, mas deu pra ter noção de pelo menos onde eu tô pisando.

Logo encontrei o quarto do Miles e do Malcolm, que inclusive ainda não apareceu, mas isso é assunto pra outra hora.

Bati umas duas vezes pra ter certeza de que não tem ninguém e então entrei. Fui diretamente na gaveta onde achei o diário, não o encontrei lá.

— É claro que ele não ia guardar aqui de novo, as vezes eu sou tão idiota. – Cochichei pra mim mesma.

Juro que revirei tudo, olhei em todas as gavetas do criado mudo, do armário, no banheiro, em baixo da cama, na mesa, até nas coisas do Malcolm eu mexi. Nem sinal do maldito diário, eu não faço idéia de onde esse menino possa ter enfiado essa droga. Talvez eu devesse desistir, talvez eu devesse só sair por aquela porta e deixar de ser tão enxerida. É o que fui fazer.

— Procurando por isto?

Me virei colocando a mão no peito, devido ao susto.

Lá estava ele, sentado na cama com o diário na mão.

— Como você entrou aqui?? – Perguntei já alterando a minha voz.

— É o meu quarto.

— Você não tava aqui! Como entrou aqui? – Repeti a pergunta.

Ele se levantou rapidamente me empurrando contra a parede, segurando meus pulsos.

— Como eu disse: é o meu quarto. Não preciso te lembrar novamente, eu já disse que não queria você mexendo em minhas coisas.

— Você não manda em mim, não tenho que te obedecer.

Ele foi apertando meus pulsos.

— Não mando em você, mas mando em mim, e você tá fuçando as MINHAS coisas. Esse diário não te pertence, não tem porquê lê - lo.

— Me solta... Você tá me machucando. – Eu disse tentando me soltar, já lacrimejando.

— Não até você me dizer porquê tá tão interessada em mim.

— Não tô interessada em você imbecil!

— NÃO MINTA! – Ele gritou de forma estrondosa contra meu rosto.

Lágrimas foram escorrendo.

— VOCÊ NÃO PASSA DE UM FUDIDO DE UM PSICOPATA! ME SOLTA AGORA!

— Não até você me dizer porquê de tudo isso. – Ele disse agora baixo, mas firme.

— É sério isso? Sério que você vai ficar aqui me segurando até eu satisfazer seu fetiche por estar sempre a frente de tudo? Ou todos, como você mesmo disse.

— Não se faça de frágil garota. Você é tudo menos frágil, apenas seja honesta comigo.

— Como é?? – Comecei a gargalhar, ainda chorando um pouco. — Você quer falar de honestidade comigo? Logo você que esconde uma vida nesse caderno.

— E o que você tem com isso?

— Nada. A menos que você tenha dado um sumiço em alguém, onde tá o Malcolm hm? – Perguntei, notei Miles ficar desconfortado, ele ficou tão desconfortado que me soltou. — Você o matou, não matou?

Agora eu que fiquei um passo na frente dele.

— Você não sabe o que tá dizendo... – Fairchild disse quase como num sussurro.

— Você matou ele ou não? Simplesmente responda.

— Não.

— Não acredito. – Falei.

— É claro. – Ele riu. — A verdade nem sempre é a versão mais excitante das coisas, ou a melhor ou a pior. Não importa qual seja a minha verdade, você quer que eu diga o que você quer ouvir.

Ele não mentiu ao dizer isso...

Apenas o olhei uma última vez e coloquei a mão na maçaneta, tava trancada.

— Porquê a porta tá trancada?

Ela não tava assim quando cheguei.

— Eu já disse Cerise, você não sai daqui até que me diga porquê tá tão intrigada comigo.

𝘱𝘴𝘺𝘤𝘩𝘰 - 𝘮𝘪𝘭𝘦𝘴 𝘧𝘢𝘪𝘳𝘤𝘩𝘪𝘭𝘥 + 𝘺𝘰𝘶.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora