iv. Play with Fire

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Conforme o som da tempestade ficava mais forte, suas contrações aumentavam. Rhaella nunca tinha presenciado uma tempestade tão forte assim em Pedra do Dragão e, mesmo que a assustasse, era preferível do que ficar perto de Aerys. Ser mandada para longe de Porto Real era a melhor coisa que lhe tinha acontecido em anos, mas não poderia imaginar que também seria uma das últimas. Ultimamente, como os dias felizes não vinham à ela, recorria ao passado.

Quando se encontrava apenas com suas damas de companhia ou sozinha, tentava imaginar sua vida bem diferente do que era. Seus pensamentos a levavam para sua infância, quando podia correr pela Fortaleza Vermelha livremente, quando podia conversar abertamente com qualquer pessoa sem se perguntar se era ou não um espião de Aerys. Antes, ela ansiava pelo casamento, gostava de conversar com Joanna e Loreza sobre quem seria seu esposo e se seu pai e seu avô dariam sua mão ao cavaleiro que tinha conseguido sua atenção e também seu coração. Sor Bonifer Hasty não era o mais belo dos homens, mas tinha uma simpatia e a conversa fluía bem entre eles. O cavaleiro parecia corresponder a todas as expectativas da princesa e a apreciar a presença dela da mesma forma como ela apreciava a dele. Apesar de seus sentimentos, seu pai escolheu ouvir a uma bruxa de lugar nenhum e seu avô somente lavou suas mãos, ela se casaria com seu irmão. Ela e Aerys não eram tão próximos assim, mas tinham uma relação decente, o que não implicava a felicidade mútua no matrimônio. Rhaella tentou convencer seu pai a voltar atrás, a deixá-la se casar com Bonifer, mas a resposta foi que o cavaleiro não era digno de uma princesa.

O início do casamento foi melhor do que esperado por ela. O irmão compartilha da angústia do casamento não quisto e fazia o possível para ter uma relação agradável. Pouco depois veio o nascimento de Rhaegar, no meio da tragédia de Solarestival e nem mesmo o incêndio foi capaz de acabar com a felicidade de Aerys. Depois do primogênito houveram outros filhos, abortos e natimortos. Rhaella lembrava-se de cada pequena lembrança. Os dois primeiros abortos e como seu irmão e esposo a consolou. Depois nasceu Shaena já morta e Aerys mais vez compartilhou de sua dor. Quase dois anos mais tarde veio Daeron, mas o Estranho lhe buscou já na metade do ano e a já rainha notou a diferença de tratamento por parte do rei. No próximo ano veio outra criança natimorta e desta vez Aerys surtou, proclamando aos Sete Reinos que os filhos que morreram e os abortos eram todos frutos da infedelidade por parte dela. Por causa dessas acusações, o rei a aprisionou na Fortaleza de Maegor para garantir que não haveria traições. Sofreu mais um aborto no ano seguinte e a fúria aplacou novamente. Mais tarde veio Aegon e depois Jaehaerys. Ambos seus meninos compartilharam o mesmo destino, mas não a reação do pai. Enquanto o rei esbravejou novamente pela morte de Aegon, quando Jaehaerys partiu com o Estranho, Aerys mudou de opinião. Segundo ele, a culpa não era de Rhaella, mas da ama de leite, que teria envenenado não só o último príncipe, mas como todos os outros que chegaram a viver. O resultado foi a morte da mulher, injusta ao ver da rainha, que tinha a razão ao seu lado para saber que aquilo era mentira. Por muito tempo, ela se perguntava se todos os filhos mortos eram uma maneira de punir Aerys pelas injustiças que cometia, mas se fosse, porque eles a puniam também? Tentava pensar em algo que tinha feito para provocar a ira dos deuses, mas não conseguia pensar em algo que requeresse uma resposta tão drástica.

Quando veio o anúncio de que ele nunca mais teria outra amante, Rhaella duvidou que ele seria capaz de cumprir sua palavra, mas estava enganada e logo descobriu que estava grávida novamente. Tomando como um sinal divino, Aerys providenciou tudo o que fizesse a rainha ficar o mais confortável possível e por um breve momento, ela achou possível que Aerys voltasse "ao normal", o que se provou um erro com o nascimento de Viserys. Ela nunca podia estar sozinha com o próprio filho e o rei fazia de tudo para que ela ficasse afastada dele. Suas únicas companhias eram as septãs e seu primogênito. Rhaegar a visitava muitas vezes e passar o tempo com ele fazia bem para ela. O dia mais feliz para ela foi quando seu filho se casou com a filha de Loreza, Elia Martell e, na dornesa encontrou uma amiga para passar seus dias na corte. A relação com Aerys só se deteriorava mais a cada minuto que passava e rezava aos deuses para que ele não queimasse ninguém mais, pois era quase impossível passar a noite em companhia dele. Ela sabia que seus gritos podiam ser ouvidos pelo castelo, mas ninguém nunca fazia nada, afinal, aquele era o rei e ninguém poderia ditar ordens a ele.

A guerra estourou e o que mais preocupava Rhaella era o que aconteceria com seus filhos e netos. Não acreditava como Rhaegar pudesse ter sido tão inconsequente ao sequestrar a menina, aquilo teria sido um ato de Aerys e não do filho, pelo menos era no que ela queria acreditar. Para deixá-la mais preocupada estava grávida mais uma vez e temia que ela fosse privada de criança novamente. Talvez essa gravidez fosse uma maneira de ser recompensada pela perda do filho mais velho. Rhaella já tinha passado por perdas de filhos, mas a morte de Rhaegar abriu um rasgo maior em seu coração, afinal ela tinha o visto crescer, formar uma vida e ter sua própria família. Agora tudo o que ela queria pensar era em proteger sua nora e seus netos, mas até nisso ela falhou, não havia conseguido trazer eles para Pedra do Dragão. A notícia da morte de sua família em Porto Real deixou a rainha mais depressiva do que já estava e nem mesmo Viserys conseguia fazê-la sorrir, mas ela tentava. Sua segurança não estava garantida e nem o de seus filhos. Quando estavam preparando tudo para seguir até Essos, entrou em trabalho de parto e nenhum dos outros tinha sido tão difícil quanto esse. Ao som dos trovões, ela deu à luz a uma menina, que nomeou Daenerys, em homenagem à Targaryen que foi princesa de Dorne. Após tantos partos, ela sabia que havia algo errado, o Estranho viria por ela. Deu uma última olhada em seus filhos, fez Viserys prometer que cuidaria de Dany e depois ordenou que partissem. Stannis só acharia seu cadáver ali e não poria as mãos em nenhum Targaryen a mais.

Fantasmas da RebeliãoWhere stories live. Discover now