Peter encarava a cena com o coração despedaçado, ele chorava tanto que quase perdia o ar em algumas vezes, ele achou que nunca tinha chorado tanto em sua curta vida. Estava tudo acabado, sua vida tinha acabado e aquela cena era a prova disso. Mesmo a cena perfurando seu coração um milhão de vezes, ele não conseguia parar de olhar, e muito menos conseguia parar de chorar. Ele chorava tanto que se perguntava se ele não iria parar de respirar em algum momento, talvez ele quisesse isso, talvez lá no fundo ele quisesse isso.

Peter sabia que as chances de seus tios estarem vivos não eram muito grandes, era doloroso pensar nisso, mais doloroso do que qualquer coisa, mas agora era muito pior, agora Peter estava vendo a prova de que seus tios não iriam voltar, a prova de que ele estava verdadeiramente sozinho agora, a prova de que ele não teria mais ninguém, Peter estava vendo os corpos de seus tios.

Aquela era uma cena a qual ninguém deveria ver, mas lá estava Peter, um garoto de apenas 12 anos que encarava os corpos sem vidas dos seus últimos parentes vivos. O garoto não conseguia parar de chorar. Ele encarava com a visão turva seu tio e sua tia que estavam deitados no chão enlameado, seus corpos estavam cobertos de hematomas e ferimentos, mas nada dava certeza da causa da morte de ambos, a leve camada de lama cobria alguns pontos de seus corpos, o casal estavam a poucos centímetros longe um do outro, o que levava Peter a pensar que eles se agarravam um ao outro até o fim, até a vida se esvair do corpo dos dois. O rosto de ambos estavam com ferimentos e lama, mas mesmo com isso ele pode reconhecer os dois. Peter se lembrava nitidamente da bermuda que tanto Peter brincou com o tio dizendo ser a mais feia que já viu, e era a mesma bermuda que aquele homem morto estava usando. A mulher ao seu lado usava um maiô preto, o mesmo que tia May tinha colocado por debaixo da roupa antes de ir para a praia. Peter chora ainda mais quanto pensa que seus tios foram arrastados pelo tsunami desde a praia até aquele local, pensar no sofrimento que eles tiveram fez Peter chorar ainda mais.

Tony não sabia o que fazer naquela situação, ele nunca tinha se deparado com um situação nem ao menos parecida com aquela, e sinceramente ele não fazia questão disso, aquela era uma das piores experiências de sua vida, uma que ele nunca desejava repetir a experiência. Ele não era bom em lidar com emoções, todos diziam isso, todos diziam que ele não conseguia nem lidar com as próprias emoções, muito menos de outra pessoa, e menos ainda de uma criança. Mas mesmo sabendo desse fato, Tony sabia que não podia ficar ali parado e deixar que o garoto se despedaçasse cada vez mais diante de seus olhos, ele sabia talvez o garoto o odiasse por isso, mas ele achava necessário nesse momento. Tony começou a se afastar dos corpos dos tios de Peter e voltou a andar na direção de antes.

O pranto de Peter diminuiu, não porque a dor tinha diminuído ou porque ele estava  mais calmo, mas sim pelo espanto de ter sido levado para longe de seus tios. Tony estava andando na direção do senhor novamente, Peter não estava entendendo porque, eles deveriam voltar, ele deveria ficar ali, ao lado dos tios, então porque o Sr. Stark estava se afastando? Por que ele estava seguindo adiante enquanto os corpos de seus tios estavam ficando para trás?

--- O que está fazendo?--- Peter pergunta com um murmúrio ainda meio choroso. --- Por que está se afastando? Volte, você tem que voltar.--- Peter diz com uma voz mais aflita.

--- Eu não posso garoto, você tem que receber cuidados, você tem que ir a um médico. Sinto muito, mas você não pode ficar com seus tios nesse momento.--- Tony diz ainda caminhando, mas com um peso no peito a cada passo. Ele se sentia culpado por fazer o garoto sofrer, mas ele sabia que isso era necessário.

--- Não, não--- Peter diz com uma voz mais desesperada.--- Você tem que voltar, eu não posso deixar eles, volte, por favor, volte agora.--- Peter diz com a voz mais alta e voltando a chorar. Ele olhava freneticamente para trás e notava que estava cada vez mais distante de seus tios.

Nosso ImpossívelWhere stories live. Discover now