Capítulo 29

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Blake Carter

Algumas semanas depois...

A calmaria dos últimos dias tem me deixado ainda mais em alerta. Estou a tempo demais nesse caminho para saber que um dia calmo esconde coisas barulhentas. Depois que Rebeca decidiu que só iriamos atrás da última pista deixada por seu pai apenas depois que ela se recuperasse, tive que redobrar a atenção e os seguranças para que nesse meio tempo, Hector não tentasse nada contra nós.

Confesso que por mim eu já teria dado um fim nesse desgraçado quando ela deixou o hospital. Mas, eu sei que isso é algo muito importante para a bruxinha também, uma espécie de ligação com o pai dela. Enquanto eu quero derrubar Hector apenas para ficar livre de toda essa merda, Rebeca quer vingar a honra do pai. Nada mais justo do que ela fazer parte de tudo, então irei respeitar o seu desejo.

Além do mais, a diaba ruiva está na minha casa, desfilando aquela bunda empinada e espalhando seu maldito sorriso travesso por todos os cantos. Não tenho do que reclamar. Além disso, está sendo uma boa experiência dividir a cama com ela todas as noites. Admito que no começo foi estranho acordar com alguém do seu lado, depois de tanto tempo. Minha mente parecia não estar preparada e foi preciso reprimir a sensação de que eu estava traindo uma pessoa que não está mais aqui.

Os dias foram passando e ouvir a risada de Rebeca ecoando pela casa, a bagunça que ela faz na cozinha de madrugada, enquanto procura comida, e vê-la com uma camisa minha diferente a cada noite, tem compensando cada pensamento inconveniente de culpa.

Júlia está morta, e Rebeca não é uma substituta. Todos têm direito a uma segunda chance, uma nova vida, e com nós dois não poderia ser diferente.

— Ocupado? —Falando no diabo...

Meu sorriso automaticamente surge quando a vejo parada na porta do escritório que mantenho em casa. Definitivamente, eu me tornei uma maricas.

— Para você, nunca.

O seu sorriso aumenta e eu já prevejo a provocação que vem a seguir.

— Espero que não tenha doído quando você arriou esses quatro pneus aí por mim.

Filha da mãe!

A gargalhada é inevitável.

Levanto da cadeira, indo até ela.

— Está para nascer alguém tão confiante quanto você, Srtª. Bartelli. —Beijo seus lábios, desejando nunca saber o que é perde-los. Quando me afasto, observo seus traços, notando que há algo que ela queira falar. — Sinto que está prestes a me deixar de cabelos brancos, ruiva.

Rebeca não diz, apenas levanta as mãos, mostrando a chave do porsche cinza estacionado na garagem.

— Bruxinha... —Respiro fundo, pensando na batalha que estou prestes a perder.

— Estou quase enlouquecendo ficando presa aqui, Blake.

— É pela sua segurança. Já conversamos sobre isso.

— Não vai adiantar de nada me proteger se eu morrer de tanto tédio. —Combinamos que ficaríamos na segurança da minha casa enquanto ela se recuperasse. Já faz alguns dias que ela não precisa mais da muleta e os machucados em seus rostos já estão sumindo. — Além do mais, eu não vim aqui para pedir a sua permissão. Apenas avisar que irei pegar seu lindo carro emprestado.

Por mais estranho que pareça, estou sorrindo em orgulho com o seu jeito petulante de me enfrentar. Sempre fui capaz de sentir o medo exalando das pessoas que vinham até a mim. Sejam com notícias boas ou ruins; elas sempre temiam a minha reação, e se continuaram vivas. Mas, não a bruxinha. Sua postura nunca vacilou e seu olhar jamais demonstrou temor a mim.

Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora