27 • À luz do dia

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— Amy, você quer ser minha namorada?

A multidão se calou num silêncio sepulcral. Eu mesma fiquei paralisada, e Greg enlaçou sua mão à minha com grande comoção. A expectativa tomou o ar e Louise pareceu não respirar por um minuto inteiro, completamente atenta à garota diante dela. Os dedos de Amy tremiam enquanto todos ao redor esperavam pela próxima cena: a do "sim" ou do "não".

Após o que pareceu uma eternidade, Amy saltou em Louise, a abraçando forte ao som da sua risada jovial e leve misturada com soluços de choro.

— É claro que eu quero! É claro que sim!

Um estrondoso barulho de palmas e gritos eclodiu. Todos ao redor agitaram-se, rompendo o silêncio como uma arquibancada que comemora um ponto do seu time após um longo suspense no jogo. Gregory assobiava ao meu lado e eu mesma não pude conter minha alegria, batendo palmas com saltinhos animados.

Sorrindo largo, Amy soltou Louise e apanhou o buquê das suas mãos, a puxando para um beijo. Mais palmas e assovios surgiram. Quando a multidão começou a se dispersar, todos comentavam somente sobre o que acabara de acontecer.

Me aproximando, eu recebi Louise para um abraço forte e apertado. Não podia acreditar que já havia sentido ciúmes dela num passado nada distante, agora a amando por fazer minha amiga tão feliz.

Amy também me abraçou, tão alegre quanto poderia estar. O buquê em suas mãos exalava o cheiro das rosas brancas como flocos de neve no inverno e como a paz de estar perto das pessoas que amamos. Assim que me soltou, ela voltou para Louise, agarrando sua mão com tanto entusiasmo que nos fez rir.

— Não podemos deixar esse momento passar sem uma comemoração, podemos? — Greg sugeriu, animado.

— De jeito nenhum! — Amy logo empolgou-se, dando pulinhos.

— Jamais negaríamos isso ao nosso cupido. — Louise falou, piscando para ele e estendendo uma mão em sua direção. — Nem sei como posso te agradecer pelo que fez, Greg.

Balançando a cabeça como quem dizia "não agradeça", Gregory segurou a mão de Louise, a chacoalhando um pouco antes de soltá-la. Em seguida, a garota estendeu também os dedos para mim, esperando que eu os tomasse.

— Obrigada também por guardar nosso segredo, Maddie. — Ela disse, sorrindo ternamente. — Quando Amy contou que você sabia sobre nós, eu preciso admitir que me preocupei, mas ela me garantiu que confiava a vida dela a você. Vejo que não estava errada.

Comovida, eu apertei a mão de Louise, a balançando no selar de uma boa amizade. Amy me olhou e piscou para mim como Louise havia feito com Gregory.

— Então, não temos uma comemoração a fazer? — perguntei.

Com acenos animados, nós partimos para o Jett, onde sorrimos, dançamos e comemos tanto que, quando acabamos, estávamos esgotados, ainda que extremamente felizes. Logo depois, Gregory deixou Amy em casa com Louise, pois era cedo e ela conheceria os pais da minha amiga ainda naquele dia. Com as mãos nervosas, mas atadas uma à outra, elas saíram do carro e caminharam pela frente da residência dos Li, onde foram recebidas pela mãe de Amy na porta. A Sra. Li as olhou, abrindo um sorriso amável e repousando uma mão no ombro de Louise enquanto falava algo que eu não podia ouvir de tão longe, encostada ao carro estacionado na frente da casa. Então, a mulher fez sinal para elas entrarem e as três sumiram pela porta.

Quando olhei para Greg outra vez, ele tinha um sorriso e um olhar ternos no rosto. Ele abriu a porta do passageiro para mim e eu entrei no carro, me aconchegando no assento antes que ele me alcançasse para um selinho furtivo, nos fazendo rir.

🗝

Ao som de uma conversa divertida, em pouco tempo nós estacionamos na frente da minha casa. Diante do meu destino, eu suspirei, destravando o cinto de segurança e virando-me para Gregory. Ele me encarava com um olhar curioso, também se desfazendo do seu cinto e deslizando a língua sobre os lábios inferiores do jeito que eu sabia que fazia quando estava pensativo.

— O que foi, hum? — Eu indaguei baixinho no silêncio e no escuro da noite e do carro. — Tem alguma coisa passando por essa cabecinha? — E escorreguei a mão pelo cabelo dele, a parando no seu rosto.

Gregory não respondeu de imediato, mas sorriu carinhosamente para mim e se aproximou, encurtando o espaço entre nós.

— Na verdade, sim. — Ele finalmente respondeu, deslizando seus dedos nos meus repousados sobre minha coxa, brincando com eles antes de sussurrar: — Você quer sair comigo, Maddie?

Eu franzi o cenho automaticamente, confusa. No primeiro momento, não entendi exatamente o que a pergunta queria dizer, mesmo que parecesse muito óbvio. Nós saímos juntos o tempo inteiro, mas nunca havíamos feito aquilo como um casal. Meu coração palpitou com a ideia e minha expressão embaralhada rapidamente se desfez num sorriso animado.

— Sair tipo sair? — perguntei com empolgação, mordendo o lábio inferior.

Greg riu baixinho, deixando escapar o som charmoso e doce como mel aos ouvidos.

— É, exatamente assim — confirmou. — Sabe, sair de verdade, um encontro. Eu sei que saímos muito juntos, mas nunca fizemos isso desse jeito. O que me diz? — perguntou, parecendo um pouco ansioso.

— Hmm... vou checar a disponibilidade na minha agenda... — Eu fingi, simulando indiferença e o fazendo rir novamente. — É, parece que tenho um pouco de tempo livre para isso — brinquei, segurando seus dedos inquietos e enlaçando-os nos meus.

Gregory sorriu baixinho enquanto eu me aproximava mais dele, arrastando-me até a beirada lateral do banco do carro. Ele deslizou a mão para o meu rosto e deixou que ela escorregasse até minha nuca, fazendo um carinho nela. Eu estava completamente confortável sob seu afago, mas num segundo, algo me veio à mente. Era uma preocupação boba que rondava e afligia minha cabeça há alguns dias, e resolvi que devia contá-lo.

— Greg... — chamei, respirando fundo. — Há uma coisa que preciso conversar com você.

Os olhos de Gregory se prenderam aos meus no mesmo instante e um relampejo de ansiedade passou pelo seu rosto, mas ele logo voltou à sua habitual serenidade.

— Estou todo ouvidos — garantiu, a voz baixa e suave.

— É que... bem, nós fomos somente amigos por muito tempo, você sabe — comecei, suspirando. — Relacionamentos são difíceis e nós dois estamos assumindo um risco... há o risco de nos perdermos. — Eu despejei rapidamente e ele inspirou fundo, permanecendo em silêncio. — Mas o que eu queria mesmo te dizer é que, apesar disso, estou disposta a tentar, se você estiver — confessei, nervosa.

Greg apenas me examinou por um segundo, mas com um meio sorriso terno, aproximou seu rosto do meu até que sua respiração se misturou à minha e sussurrou:

— Eu estou disposto a tentar qualquer coisa com você, Maddie. — Beijou a ponta do meu nariz carinhosamente, voltando a me olhar. — Não se preocupe com isso. Mesmo se nós nos perdermos, sempre nos encontramos, não? — indagou com uma risadinha.

Eu concordei com a cabeça, apertando sua mão na minha e me sentindo aliviada por ter finalmente falado. Gregory era fácil e sereno exatamente do jeito que o amor deveria ser.

— Então, posso te pegar amanhã às seis? — Ele perguntou e nós dois sorrimos.

— Às seis. — Eu confirmei, animada, me inclinando em sua direção para lhe dar um beijo de boa noite.

Eu definitivamente poderia me acostumar com aquilo.

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Oi, anjo! Que bom te ver por aqui! 💕

Primeiro, espero que tenha gostado do capítulo! É muito importante para mim saber o que achou, então não esqueça de votar e comentar, fico muito feliz em saber sua opinião. Segundo, e ainda mais importante: O AMOR VENCE! 🌈

Muito obrigada pela leitura e até já! 💗

O Chaveiro de CoraçõesWhere stories live. Discover now