One: Don't pick up the phone

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One: Don't pick up the phone
You know he's only callin' 'cause he's drunk and alone

As segundas-feiras são, geralmente, as mais difíceis. Depois de passar o fim de semana inteiro maratonando filmes de romance água com açúcar com Lene e Dorcas, encarar o meu ex namorado insistente que quase me fazia derreter feito sorvete em um dia quente de verão antes das oito da manhã no trabalho, era realmente muito complicado. Ainda mais quando, todo santo dia, assim que eu colocava os meus pés dentro do escritório de advocacia em que trabalhávamos, a primeira pessoa que aparecia na minha frente para me dar bom dia com um sorriso mais que maravilhoso no rosto era James.

— Bom dia, Potter. — sempre murmuro, passando por ele após lhe direcionar um sorriso fechado. Eu li em algum lugar que passar a chamar a pessoa pelo sobrenome ajuda a superá-la.

Mesmo que esteja começando a achar que talvez seja mentira, porque, em todas as vezes, enquanto caminho até minha mesa sentindo seu olhar queimar em minhas costas, eu me sinto bambear duas ou três vezes sobre os saltos baixos que eu geralmente uso para ir trabalhar.

As segundas ficam - se é que é possível - ainda mais difíceis quando, ao chegar em casa após o trabalho e me jogar no sofá, exausta, o meu celular começa a vibrar incansavelmente com inúmeras mensagens e ligações de James me chamando para ir ao Três Vassouras, um bar onde nossos amigos sempre vão às segundas, após o trabalho, mais para fofocar e reclamar sobre os trabalhos do qualquer outra coisa.

Eu, mais uma vez tentando mais que tudo seguir minha nova filosofia de vida, obviamente resistia bravamente ao impulso de atender e aceitar o convite.

E note que, quando eu disse 'resistia', foi no tempo passado, isso porque em uma segunda-feira particularmente mal-humorada, onde eu havia sido esmagada em um tribunal por um advogado velho e com princípios claramente machistas, e eu só queria beber, caí na burrice de aceitar o convite.

Eu achava uma péssima ideia, obviamente, já que estava infrinjindo a primeira das três regras mais importantes da minha vida. No entanto, assim que cheguei ao Três Vassouras, eu soube que era definitivamente uma ideia terrível, péssima, horrorosa, nefasta, pavorosa, hedionda e qualquer outro sinônimo que você conseguir achar. Porque James estava lá. Eu sabia que ele estaria, claro, só não esperava que estivesse tão idiotamente bonito. De algum jeito, eu tinha a esperança de que ele ficasse feio de uma hora pra outra. Mas, incompreensívelmente, ele estava ainda mais bonito.

Seria só o choque de passar quase três dias sem vê-lo? Como precisara ir para o tribunal, eu não passei no escritório naquele dia. Será que ele estivera tão bonito assim o dia inteiro? Céus, deveria ser crime andar por aí sendo tão bonito assim!

A frase don't pick up the phone nunca fizera tanto sentido em toda a história, ainda que James não estivesse bêbado e nem sozinho.

Suspirei, olhando para os lados, em busca de uma rota de fuga que me fizesse sair dali o mais rápido e discretamente possível. Mas, óbvio, que não deu tempo, cinco segundos depois Sirius acenava freneticamente para mim e fazia gestos me mandando chegar mais perto. Nunca desejei tanto na minha vida que meu amigo estivesse morto.

Com um sorriso amarelo e o arrependimento se espalhando por mim, me aproximei, desejando nunca ter atendido porcaria de ligação nenhuma.

— Ruiva! Achei que nunca mais apareceria pra sair com a gente. — Sirius brincou, me puxando para beijar minha bochecha.

— Eu já estava quase morrendo de tanta saudade, Lily! — foi a vez de Remus, que levantou e me deu um abraço que deve ter durado mais de quinze segundos.

New RulesWhere stories live. Discover now