OITO

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Seria uma vida interessante, em outra reencarnação. Mas nesta vida, neste corpo, com essa alma, não parecia real. Era estranho, mas reconfortante ao mesmo tempo. Sufocante, mas convidativo. E eu não me permitia me acostumar a esse novo mundo, o que tornava tudo ainda pior. Os dias se arrastavam e eu começava a perder as esperanças sobre voltar para minha casa.

Eu não estava definhando, na verdade, estava longe de chegar a esse estado. Com o pouco tempo aqui, ganhei mais massa muscular graças aos treinos infernais que Emma gerenciava tentando procurar um poder novo em mim. Sem sucesso, claro. E a comida também era boa demais para abandonar. Não era monótono, acho que nunca será. Mas ainda tinha esperanças de sair daqui.

Nalina passou a aparecer raramente no meu quarto, trazendo com isso uma leve sensação de poderia haver algo errado. Mas eu descobriria isso depois.

Vesti o trage para treinos que eu mesma havia separado, nada fora dos padrões que a empregada costumava combinar, para ir até a área de treinos interna. Assim que cheguei, notei que Emma não estava prensente. Mas não consegui achar isso estranho, já que quase sempre ela saia na metade dos exercícios me submetendo a quase uma hora de treinos apenas com Lowan. Aparentemente, naquele dia não seria diferente.

— Bom dia — murmurei distraída enquanto vestia um equipamento no peitoral.

— Desculpe? — Riu Lowan em tom sarcástico. — Você disse bom dia?

Fiz uma careta para ele que retribuiu me imitando.

— Decidir começar o dia de forma amistosa é errado, Lord Lowan? — cuspi as últimas palavras de forma exagerada.

— Lord Hawlett — diz subitamente.

— Desculpe? — pergunto confusa.

— Meu sobrenome é Hawlett, Lady Wez.

Ah. Reviro os olhos, ele sorri. Seu sorriso é bonito.

Por mais estranho que tenha sido linha estadia em Myliand, conversar com Lowan em tom irônico tinha sido de fato uma boa distração.

— As aulas da srta. Vallary estão servindo para alguma coisa então — resmunga baixo em tom provocativo.

— Callia — chamou Emma atrás de nós. — Aqui, preciso falar com você — informou fazendo um gesto para que me aproximasse. — Naquele dia, que nós fomos até a fenda para fechá-la. Você não parecia bem. O que houve?

Isso era estranho. Emma não costumava se preocupar com o que estava sentido, muito menos como me sentia há uma semana atrás.

— Por que?

— Responda.

Insisti em minha dúvida por pura teimosia.

— Argh — rosnou Emma. — Precisamos saber porque estas coisas podem causar certos problemas se você não tiver tanta imunidade. A Governanta estava revisando nossos relatórios e quis que eu te perguntasse sobre. Não acho que você queira ficar doente, assim como eu não quero ter problemas com a chefia — explicou entre dentes afastando a mecha negra e grossa de cabelo que caiu no rosto bronzeado, depositando-a de volta no penteado com arcos dourados. — Então?

— Bem, senti... um desconforto e uma sensação muito estranha. Não consigo descreve-la, mas ela pulsava de uma forma muito perto e forte. Hmm... acho que é só.

— Certo — concluiu desviando o olhar.

— Então não estou doente?

A expressão de Emma vacilou por ume instante, mas logo voltou a ficar séria como sempre.

Princesa das Trevas (em revisão)Where stories live. Discover now