Não vejo o Brian desde sábado de manhã, quando acabei esbarrando com ele quando voltava do luau. Pela sua expressão e a forma como fechou os punhos ao lado do corpo, ele não quer me ver tão cedo, já que até do facebook me excluiu. Esse garoto tem parafusos soltos. 

A Penélope só deve voltar, com muita sorte, semana que vem que é quando sua catapora já não é mais risco pra ninguém, mesmo que sua mãe ainda queira prender ela por uma semana a mais.  Meu celular vibra indicando uma mensagem dela: 

Fico lisonjeada com o “o que vou fazer aqui sem você”, mas te garanto: você irá sobreviver! 

Respiro fundo e guardo o celular. Pego meu livro da Julia Quinn e me deixo ser invadida pelas ilusões perfeitas dos século XIX. Fico tão entretida na história que mal percebo o tempo passar e quando me dou conta o pátio já está cheio de gente. Gente rindo, se abraçando, contando histórias, mostrando fotos. Era como se não se vissem há meses e não há apenas uma semana. 

- Como ela conseguiu fisgar ele? – Duas meninas passam por mim falando. As duas são da minha sala e sentam no fundo, no lado oposto ao do Brian e seus amigos. Minha curiosidade grita dentro de mim, mas vou direto para a sala. 

Escuto a palavra namoro várias vezes e parece que esse é o assunto do momento. Todos estão comentando sobre um novo casal. Que eu, obviamente, não faço a menor ideia. O sinal toca pela terceira vez e o monitor começa a vim gritar com todo mundo, fazendo cada um ir para suas salas. Subo os degraus até o andar do terceiro ano e assim que entro na sala vejo a Cecilia sentada na mesa do professor. Ela está com uma saia que eu tenho quase certeza que é proibida. Ela passa os dedos pelos cabelos e enrola pequenas mechas nos dedos. O que me chama a atenção não é ela e seu comportamento vulgar, mas sim que está ao seu lado, em pé. 

 Brian está olhando para ela e diz algo que a faz soltar uma enorme gargalhada. Não! Não! Não, não, não! Não é possível que eles sejam o casal que todo mundo está falando. Paro de repente na porta e duas garotas esbarram em mim, soltando alguns palavrões. O olhar do casal 20 é desviado em minha direção e eu me ordeno a não mostrar nenhuma reação, nenhum sentimento. Faça cara de paisagem e para de ser idiota, repito como um mantra. 

A Cecilia me lança um olhar desafiador, um sorriso irônico brinca em sua boca e ela suspende apenas uma sobrancelha. A expressão do Brian é completamente normal. É como se na sua frente tivesse uma parede branca. Ele me olha de uma forma tão vazia que posso sentir um buraco se formando no meu estomago, como se algo tivesse me corroendo. 

Sinto minha garganta se fechar um pouco e engolir a saliva parece a coisa mais difícil de fazer. 

Para a minha sorte nesse exato momento o professor entra na sala e lança um olhar reprovador para a Cecilia.  Ela dá um pequeno pulo e passa por mim me olhando e sorrindo. Fecho os olhos assim que percebo que seus olhos já não estão mais em cima de mim e respiro fundo. 

Durante todas as aulas eu tentei me concentrar ao máximo. Não sei direito porque me deixei afetar tanto por essa relação, um tanto suspeita, do Brad Pitt e Angelina Jolie da escola, como todos estão dizendo. Se isso fosse o twitter eles já estavam nos trending topics, pois por onde você passar você consegue escutar as palavras “namoro”, “bomba”, Cecilia”, “Brian”, “não acredito que ela conseguiu”. Tudo bem que essa última é uma frase e não uma palavra, mas de todas é a que mais escuto. 

Quando o sinal para sair toca, e o Brian passa por mim não consigo evitar falar com ele. Pergunto a primeira coisa que me vem a cabeça. 

- Você já está terminando sua parte do trabalho? – Pergunto enquanto tento acompanha-lo. Parece até que ele está indo mais rápido só para não ter que falar comigo. 

Just a Year - (COMPLETA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora