Capitulo 26

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Quando o porteiro me ligou pelo interfone e disse que estava acontecendo uma briga na portaria e era melhor eu correr, pois provavelmente eu era o motivo, meu coração acelerou. Mesmo sem fazer a menor ideia de quem estava brigando e porque diabos eu era o motivo de toda a confusão, da voz nervosa do porteiro e de uns gritos femininos que eu escutei ao fundo.

Peguei minhas muletas e saí pulando/correndo igual ao saci. O elevador pareceu demorar uma eternidade para descer. Incrível como quando estamos com pressa tudo parece demorar mais, não é? Meu coração já estava saindo pela boca e minha cabeça só faltava soltar fumacinha tentando formular teorias sobre quem estaria brigando com quem e o que eu tinha a ver com isso, quando o elevador deu dois bips e abriu as portas, revelando a Cecilia, com uma blusa branca de renda por cima de um biquíni vermelho e o Guilherme indo em direção ao Brian com os punhos fechados. Seu olho estava roxo. A Cecilia gritava. E eu simplesmente não sabia o que fazer.

Fique tão imóvel que o elevador começou a fechar as portas. Antes que ele se fechasse completamente e subisse, eu coloquei minha perna engessada no meio, o que fez com que as portas voltassem a abrir e eu pudesse passar.

A essa altura não conseguia pensar racionalmente. O que o Guilherme estava fazendo aqui em um sábado a tarde? O que o Guilherme estava fazendo aqui no meio de março? E por que ele estava brigando com o Brian? Ou o Brian brigando com ele? Minha mente fez um nó enquanto eu me colocava no meio dos dois e fui acertada no braço com o soco que me fez arfar.

Tudo fica quieto por um segundo e então eu olho para o lado que veio o soco. Vejo os olhos azuis do Guilherme ficarem duas vezes maior, suas sobrancelhas se suspenderem e então seu lindo rosto forma uma careta. Igual ao meu nesse momento.

- Rebeca... Me desculpa! Olha o que você me fez fazer, seu idiota! – Ele gesticula para o Brian que está atrás de mim. Não me atrevo a olhar para trás, pois sei que vou dar de cara com a Cecília e não quero nem imaginar o sorriso de deboche que ela estampa no rosto. – Me desculpa.

O Guilherme me segura pelos ombros e seu rosto está tão perto do meu que se eu apenas me movimentar um centímetro para frente, nossos lábios se tocam. Por isso vou apenas um passo para trás. Não consigo sentir raiva dele. Não pelo seu soco em meu braço.

- Está tudo bem, ok? Não doeu tanto. – Me forço a abandonar a careta e fingir que realmente não doeu. E olha que o soco não pegou de cheio no meu braço. Não quero nem imaginar como o rosto do Brian está latejando nesse momento. – Pelo menos não tanto quanto o rosto de vocês dois.

Me viro e vejo o Brian. Tento evitar contato visual com a cecilia, mas antes que possa fazê-lo, ela joga seus braços pelo pescoço do brian e começa a falar algo em seu ouvido. Ele está um pouco mais longe agora, e por isso não consigo escutar.

Dirijo meu olhar para o lado e percebo que o porteiro está com toda a atenção vidrada em nós. Com certeza esse vai ser o assunto do mês para as velhas fofoqueiras do prédio, só espero que ele não conte nada para a Vanessa ou então, Deus me livre e guarde, meu pai.

Depois de todo esse papelão o que me resta é convidar o Guilherme para subir e ver se coloco um gelo em seu rosto, que está começando a inchar. Mesmo que isso renda ainda mais fofoca. Melhor do que ter uma leve discussão aqui mesmo.

Não preciso nem comentar sobre o clima do elevador quando eu, Guilherme, Cecília e Brian entramos no elevador. Os olhares de cobra prestes a dar o bote da naja loira, os olhares soltando faíscas e os músculos retraídos do Guilherme e Brian e meu olhar impaciente e confuso. Em meio a tudo isso, minha mente não para de girar em inúmeras perguntas. O que o Guilherme está fazendo aqui? Como tudo isso começou? Mas o olhar da Cecilia já me respondeu a duvida central, que era: o que eu tenho a ver com isso?!

Just a Year - (COMPLETA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora