Bonnie - Buquê

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Como uma pessoa pode atrasar tanto, tinha que apenas almoçar e andar algumas quadras, biblioteca não era um prédio pequeno para não achar. Era para nos encontrarmos aqui a meia hora atrás, eu fui bem específica no fim da aula quando falei onde eu estaria. Entretanto tive que sentar duas mesas depois do local, pois tinha pessoas sentadas lá e com certeza ela iria me ver sentada ali. Peguei meu celular encarando o horário e praguejando por não ter pego o número do celular dela, mas considerando seu ego poderia ser mal interpretada. Vi um ser pálido andando com a bibliotecária pelos corredores, as duas pareciam bem íntimas, estavam com os braços dados. Era ela, com toda certeza era a Marceline, não acreditei que ela estava flertando ao invés de me encontrar.

— Está entregue — a moça parou a minha frente com um pequeno sorriso e falando baixo — qualquer coisa só me chamar.

— Muito obrigada — ela respondeu no mesmo tom e olhou para o crachá e prosseguiu — estou te devendo uma Melanie.

— Olá — falei descontente — está atrasada — encarei o relógio descontente — 34 minutos.

— Boa tarde para você também — retrucou na defensiva — desculpa pelo atraso, já viu o tamanho disso aqui? Foi difícil te achar.

— Claro — revirei os olhos — por isso que pediu ajuda.

— Exatamente — respondeu tranquila — Melanie é muito gentil, não é mesmo?

— Vamos focar no trabalho? — Cortei o assunto e encarei os livros a nossa frente.

A gente deveria criar um experimento e um relatório, e tão deveríamos encontrar a básica teórica para todos os conceitos abordados. Separei uma lista, nesse tempo que ela não havia chegado, com os temas que precisaríamos ler antes de iniciar qualquer discussão. Entreguei a ela os que eu considerava mais simples e menores, eu fiquei com os maiores e mais complexos. A delinquente deixou suas coisas na mesa e foi a procura dos livros, todos ficavam próximos então ela não ficou perdida novamente. Pegamos todos os que precisávamos e a vi mancar um pouco, deveria ser impressão, já que antes estava bem. Não demorou muito e nós mergulhamos na leitura, livro a livro anotando os fatos importantes e as páginas para um consulta posterior. Eu já estava no terceiro e ela ainda estava no primeiro, não entendo como uma pessoa conseguia ser tão dispersa.

— Nós temos internet sabia? — Questionou retirando da sua bolsa um notebook e fones de ouvidos. — Se não se importa pesquisarei aqui.

— Desde que faça — retruquei insatisfeita, se lendo ela estava demorando imagina com um computador regado por distrações.

— Se quiser vou embora e mando a minha parte por email ou sento em outra mesa, se minha presença te incomoda tanto.

— Para outra pessoa fazer? — Eu estava impaciente. — Eu preciso que leve isso a sério, nem todos nós temos a vida ganha como você, tem gente que vai precisar lutar muito na vida para conseguir um terço do que você tem, então dá para levar isso a sério?!

— Calma, eu só acho que você não gosta muito de mim — retrucou sem expressão alguma — agora eu tenho certeza. Pode deixar que a noite você recebe tudo o que me pediu — juntou as suas coisas, se levantou com dificuldade e segurou todos os livros — foi mal você ter perdido o seu tempo precioso.

Não tive tempo de responder ela saiu sem me dar chance de falar, pode ver ela sair mancando até a direção das fileiras que levavam a saída. Resolvi me ficar totalmente no que estava fazendo, não ligaria para uma distração como essa, ainda mais que com certeza eu teria que fazer a parte dela. Peguei o meu caderno e fui anotando os conceitos e a definição que os livros davam, como foram descobertos e as fórmulas que eles envolviam. Agora essa parte do serviço eu poderia terminar na minha casa, durante o meu expediente de trabalho. Deixei os livros que usei na mesa e me encaminhei pra a saída com o único que iria usar, provavelmente a delinquente juvenil devolveu os livros em suas prateleiras, sendo muito ruim para as bibliotecárias.

On your sideWhere stories live. Discover now