Capítulo X

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Capítulo 10

Nesse ponto do dia, ㅡ faltando poucos minutos para o intervalo iniciar ㅡ eu já estava convencida de que eu fiz tanto alvoroço por nada.

Tudo graças ao meu subconsciente que fez questão de dizer que eu estava sendo irracional em deixar aquilo entrar no meu coração ㅡ coisa que não costumo fazer.

Na verdade, eu já estava cansada de pensar, tudo que eu queria era apenas lanchar em paz no intervalo com Mary, mas isso não parece uma possibilidade.

ㅡ Mary eu tenho que ir a um lugar. ㅡ Digo parando no meio do corredor, estávamos a caminho do refeitório, porém nesse caminho decidi que definitivamente iria até a arquibancada ver o que aquele sujeito queria.

ㅡ Aonde? ㅡ Perguntou franzindo o cenho.

ㅡ Depois te conto! ㅡ Dou um sorriso amarelo logo saindo correndo a deixando mais confusa, com a intenção de não deixá-la falar algo, não queria ter que explicar tudo em poucos segundos.

Rapidamente fui até meu armário e peguei aquela caixa dourada com aquelas delicinhas e coloquei, ㅡ joguei com brutalidade ㅡ na minha mochila e corri pelos corredores lotados até a arquibancada de futebol.

Não demorei tanto para chegar, até porque eu estava praticamente correndo.

Assim que cheguei no local avistei de longe uma pessoa vestida toda de preto com uma lata de refrigerante, logo identifiquei, era o Adam.

Me aproximei mais subindo aqueles degraus da arquibancada.

ㅡ Estou aqui. O que queria falar comigo? ㅡ Tentei ser o mais direta possível assim que me posicionei em sua frente.

Adam manteve por mais alguns segundos sua visão para o campo, até finalmente me encarar.

ㅡ Me desculpar. ㅡ Se levantou, por fim, sustentando seu olhar no meu.

Arregalei os olhos ao ouvir aquelas duas simples palavras. Eu não disse nada, apenas continuei a encara - lo, pois estava prestes a falar outra coisa a qualquer momento.

ㅡ Não vou dizer que "mas foi o James que falou tudo, não eu" , porque eu poderia ter evitado a humilhação. ㅡ Continuou.

Fitei aqueles olhos verdes procurando algum vestígio de mentira, por isso dei um sorriso fechado quando não achei.

ㅡ O que significa esse sorriso? Qual é, eu não sou bom em pedido de desculpas, dá pra você aceitar? ㅡ Disparou sem ao menos ouvir o que eu estava prestes a dizer.

ㅡ Calma! Você nem deu chance de eu falar! ㅡ Digo mantendo o sorriso. ㅡ Eu aceito seu pedido de desculpas. Em parte eu acho que na minha mente de girino fiz muito drama.

ㅡ Você não estaria errada de ficar brava com nós dois. ㅡ Murmurou.

ㅡ Sim. Mas sabe, em todos esses anos, mesmo sendo semi desconhecidos, sei que não é seu negócio falar mal dos outros, já James... ㅡ Suspirei antes de continuar. ㅡ O que esperar de alguém que assedia mulheres alheias, né? Nem sei o porquê de você e ele serem amigos ainda.

ㅡ Na verdade não somos mais. ㅡ Respirou fundo se sentando novamente, fiz o mesmo com uma careta.
Não sabendo o que dizer, comentei a única coisa que me veio no momento.

ㅡ Eu evito de fazer amigos, mas não quer dizer que eu não tenha. ㅡ Sorrio torto. ㅡ Justamente para evitar esse tipo de situação.

Ele me encarou e deu uma risada nasal, voltando sua atenção para a lata em suas mãos.

ㅡ Acho que você não deve ter muita opção. ㅡ Deu um sorriso sádico, me fazendo torcer o nariz.

ㅡ Mudando de assunto... ㅡ Imediatamente lembrei da caixa de chocolates, assim tirando o mesma da minha mochila, deixando à mostra perto do seus olhos. ㅡ E quanto a isso aqui? É uma espécie de pedidos de desculpas também? ㅡ Sorri curiosa.

ㅡ Isso é porque você fez o trabalho de sociologia sozinha e eu perguntei o que eu poderia fazer para recompensar isso.

De fato eu lembrei.

Mas falando sério, eu pensava que era brincadeira, quem iria imaginar que ele faria disso realidade?

ㅡ Eu só dou presentes de desculpas se a coisa for grave do tipo "minha nossa você me atropelou, quase morri, agora estou no hospital, e blá blá" ㅡ ele imita uma voz bem específica e nos caímos na risada.

ㅡ Você foi muito específico... ㅡ Continuei rindo. ㅡ Mas mesmo assim, eu não posso aceitar, é muito caro!

ㅡ Não finge, eu sei que você quer. ㅡ disse dando um sorriso de canto da boca.

Suspirei, sinceramente eu nem tinha intenção de insistir, até porque meu subconsciente não deixaria passar trufas maravilhosas dadas de graça, né?

Então somente voltei a guarda - las na mochila para comer quando chegar em casa.

ㅡ Posso fazer uma pergunta?

ㅡ Já fez. ㅡ Suspirei, seus olhos nesse exato momento fitavam o campo que continha os jogadores em treinamento.

ㅡ Por que ficou fora durante essas semanas todas? Ouvi dizer que a suspensão era somente de uma.

Ele me olhou com a sobrancelha erguida, como se estivesse me avaliando, franzi o cenho com aquilo, óbvio.

ㅡ Deu vontade. ㅡ Respondeu tomando o líquido daquela lata vermelha.

Suspirei mais uma vez.

De uma maneira torta, eu não me sentia tão desconfortável ao conversar com ele, mesmo que nossas conversas nunca tenham passado por mais de cinco minutos.

ㅡ Bom... Vou indo. ㅡ Levantei subitamente trazendo a atenção do moreno sobre mim. ㅡ Sabe, tem como a gente não ultrapassar essa barreira?

ㅡ Que barreira? ㅡ Sua expressão parecia a mesma de poucos segundos atrás.

ㅡ Essa. Apenas colegas de classe que conversam uma vez ou outra. ㅡ Sugeri.

ㅡ Aceito, sinceramente eu não sei nenhum motivo para virarmos amiguinhos. ㅡ Deu uma risada nasal.

ㅡ Você tem razão... ㅡ Assenti. ㅡ Até mais, colega.

ㅡ Até. ㅡ Ele deu um sorriso.

Acenei para o mesmo, sendo retribuída.

Adam parecia ser bem acessível, mas eu sei que na verdade ele podia ser a pessoa mais complicado que já conheci.

Ele ainda tinha um lado que não conheço, que na verdade eu acho que ninguém conhece, nem mesmo sua família, principalmente. E como eu sei disso? Anos e anos observando as pessoas, você aprende mais sobre elas do que sobre a si mesmo.

Talvez eu esteja curiosa sobre certas coisas em sua vida desde que eu o vi pela primeira vez na sexta série, e não era para isso acontecer.

O Diário de Um ClichêTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang