C. B. 01

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*Eu sou e sempre fui a lua, você é e sempre foi o sol. Nós temos um eclipse e ele voltará, nascendo no Caribe*

"Eu ainda quero dar o mundo pra você e sei que vou continuar com a mesma vontade daqui a dez anos, mas, enquanto eu mesma em pessoa não posso te dar o mundo eu vou te dar de tudo para que você mesma conquiste ele. Você é luz Caroline Biazin, não deixe ninguém te apagar e não pare de iluminar"

- Da pessoa que mais te ama
Ass:D. L

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Estive lendo essa carta nos últimos 5 anos desde o último dia em que eu estive ao lado dela.

Eu consegui mentir várias e várias vezes para as outras pessoas dizendo que eu mal me lembrava do toque dela, só lembrava vagamente de que a autoridade que ela tinha sobre mim aos meus 17 anos era algo muito mal pra mim, mas mentira tem perna curta — principalmente quando ela é contada não só para os outros, mas para si mesmo — todas as vezes que cheguei em casa depois de contar essas mentiras eu resolvia ficar sozinha e assim que sabia que não tinha ninguém no mesmo ambiente que eu, eu chorava. Chorava porque sabia que era mentira, chorava porque não existia o porquê dela ter me deixado e falecido, chorava porque não sentia mais o cheiro dela nem ouvia sua voz. Nunca achei na minha vida que sentiria um amor tão doído a ponto de me fazer isso, mas eu me enganei e ainda o sinto.

Me lembro de ter acordado no dia em que ela se foi, feliz, vi ela saindo 6 horas da manhã da minha cama, mas não quis falar nada porque eu estava morta de sono. Ela me beijou e deixou uma carta na minha cômoda, exatamente a carta que eu ainda tenho guardada e ainda estava lendo— e relendo mais uma vez — porque ainda tenho a esperança tola de que ela volte e de que sua morte não tenha passado de um sonho ruim. Eu vi o seu carro todo quebrado, vi o estado do local onde foi seu acidente e tive que ser forte logo em seguida.

Fui no seu funeral, joguei rosas em sua lápide e ainda sim acho que ela vai voltar e eu espero e acredito nisso como uma criança espera pelo papai Noel — E os dois desejos são depressivos. O papai Noel não existe e a possibilidade da Dayane voltar de um caixão também não — e parar pra pensar nisso faz com que eu me sinta uma criança.

Por causa da carta que ela me deixou eu nunca na minha vida quis por meus pés no Caribe e muito menos em lugares que fossem semelhantes a ele, mesmo que meu esposo tenha insistido pra que nossa lua de mel fosse lá eu nem ao menos quis imaginar como seriam as luas de mel no Caribe — Que nos sonhos dele eram maravilhosas e nos meus eram somente pesadelos — mas em meio a tantas coisas ruins como a morte dela, aconteceram coisas boas.

Vitor e Thaylise estão noivos e eu fui convidada pra ser madrinha, Bruno e Dreicon estão morando juntos e eu estou casada. Marcel e eu fazemos um casal esteticamente bonito, sei bem disso porque aliás quem não faria um ótimo par com um moreno alto de olhos azuis e barba bem feita. Ele acabou me ganhando com seu senso de humor e suas piadas, ele é gentil, bastante carinhoso e atencioso, e eu gosto disso do mesmo jeito que gosto dele. Nos conhecemos 2 anos depois da morte dela e meus amigos por algum motivo não queriam que eu namorasse com ninguém, mas resolveram me apoiar e agora eu estou aqui; Casada aos 23 anos, dona de uma empresa que vende ações de fundos governamentais e etc, com um esposo lindo ao meu lado, amigos ótimos que estão comigo desde a infância e pais perfeitos. Tudo que me falta é ela que nem ao menos está no nosso mundo físico pra que eu pudesse a desejar de volta por motivos pelo menos racionais.

- Caroline para de não prestar atenção no que eu tô falando, poxa - Fui tirada dos meus devaneios pela voz triste da thay. Estava na casa do Bruno com ela porque estávamos a ajudando com seus preparativos pra cerimônia de casamento que seria em novembro.

- Me desculpa thay, tô com a cabeça meio distraída esses dias e tô sendo uma péssima madrinha em não te ajudar - Falei verdadeiramente triste. Não tenho ajudado a thay com muita coisa pelo simples fato de eu mesma não ter feito um casamento, me casei no civil porque não quis uma festa espalhafatosa e isso foi totalmente contra a vontade do meu ex noivo e agora marido.

- Tem lido a carta dela de novo, não é? - Thaylise perguntou e como sempre estava certa. Os anos se passaram, mas o mistério da Thaylise de sempre saber o que acontece com as pessoas ao seu redor não passou.

- Thaylise eu sei bem que eu não deveria. Ela foi uma namorada de ensino médio e agora eu já tenho 23 anos, mas, 1 ano da minha vida namorando com ela e 4 a vendo todos os dias não foram somente um simples dia que não se repetiu, foram variados dias que sempre estavam ali nos outros dias. Não consigo esquecer - Falei um pouco desesperada e aflita e então a thay segurou minhas mãos e me olhou com compaixão e calma.

- Se nem eu esqueci aquela maluca, imagine você Carolzinha. É natural, é como se ela estivesse nos vigiando, eu sei. Mas se acalma, tá tudo bem e eu fico feliz de saber que você ainda sente que precisa dela - Ela soltou minhas mãos e passou a mão direita no meu rosto e eu respirei aliviada por me sentir mais calma com o que ela falou.

- Ah, preciso te falar uma coisa - Ela disse e então voltei a ter atenção no que acontecia ao nosso redor.

- O Marcel não vai poder ser seu par no meu casamento, mas se ele quiser ir não tenho o menor problema com isso - Ela falou com indiferença como se aquilo fosse só um detalhe enquanto eu a olhava surpresa.

- C-Como assim?

- Você vai ir pro meu casamento com uma outra pessoa, a outra pessoa faz parte da minha linha de madrinhas então meio que no caso você vai entrar com ela - Ela falou e então pegou sua agenda e começou a anotar algo que eu não vi o que era por estar longe.

- Mas então quem vai ser?

- Você vai saber no dia, vai ficar super feliz com a minha escolha inclusive. Ela deve chegar daqui a algumas horas, ou dias, talvez semanas, enfim - Ela falou e eu resolvi não entrar em pânico, era só uma pessoa qualquer e eu podia até ficar amiga dessa pessoa.

- Você ainda tem tudo da Dayane não tem? - Ela falou e eu travei com aquele nome. Fazia o favor de evitá-lo na minha mente, mas ouvi-lo de outra boca ainda era dolorido - Quero dizer, a casa dela, o carro, o dinheiro que ela deixou pra você e etc

- Sim, tenho. Parei de mexer na conta que ela fez pra mim depois da faculdade porque eu tinha começado a trabalhar e a ganhar meu próprio dinheiro, a chave da casa dela ainda tá comigo e eu sempre mando alguém ir lá pra limpar.. As vezes vou lá pra ficar sozinha e o carro dela tá na garagem da casa - Sinceramente, eu sempre achei loucura dela ter deixado tanta coisa pra mim, mas hoje em dia eu entendo que ela sabia que eu nunca venderia nada ou gastaria tudo e deixaria sua conta vazia. Nunca fui desse tipo e ela sempre soube disso.

- Ótimo, vou precisar da chave da casa, do carro e todos os dados da conta bancária dela - Thaylise falou como se estivesse pedindo pra eu ir pegar algo bem simples pra ela e eu a olhei como se ela tivesse acabado de falar que queria mexer em um diário meu. Essas coisas da Dayane que me pertenciam eram extremamente importantes pra mim, mesmo que físicas, eram as únicas coisas dela que eu realmente tinha e que tinham sido tocadas por ela, não ia dá-la a qualquer um

- Não vou pegar nada Carol, confie em mim e me passe tudo isso. Vai me agradecer quando souber o motivo disso - Ela falou e com certo medo concordei, confio e sempre confiei na thay, sei que ela deve ter um bom motivo pra me pedir isso.

Ao Seu Dispor | ☀︎︎Where stories live. Discover now