3. O acordo parte II

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Maldição.

Por que ele tinha que ser tão, mas tão lindo?

Andando de um lado para o outro, ela arriscou outra espiadela em Serkan. Um xingamento muito vulgar chegou até seus lábios, mas ela conseguiu reprimi-lo. Seu cabelo ruivo tinha sido domado pelo corte curto e conservador, mas algumas mechas teimosas insistiam em cair nos olhos dele. Os traços dele estavam severos, o maxilar duro e reto. Seu breve sorriso deixou entrever dentes brancos e perfeitos. Os olhos tinham o tom rico de verde, insinuando segredos guardados em segurança por trás de uma parede. Mas o corpo dele...

Ao cruzar o escritório, o tecido elegante de suas calças claras se moveu de tal modo que delineou pernas compridas e musculosas e um traseiro firme. O suéter bege com gola em vê era uma peça ao mesmo tempo casual e apropriada para uma ida ao escritório num sábado.

Algumas partes, por outro lado, eram bastante inapropriadas. Seus longos braços musculosos. Seus ombros largos e o peitoral que esticava e moldava o tecido. A graça ferina e natural em seus movimentos.

Bem, ela preferia morrer a ficar parada babando só porque ele era atraente. Ele podia ser muito bonito, mas sua personalidade era terrível. Serkan tinha um imenso ego. Um imenso gênio. Um imenso...

Pensar naquilo não ia ajudar em nada, por isso ela afastou a ideia de sua mente. Eda odiava admitir que a presença dele a deixava nervosa e um pouco desnorteada. Uma semana atrás, ela havia feito uma lista e um desejo às estrelas. Ela tinha o dinheiro para resolver todos os seus problemas ao seu alcance, mas e o restante da lista?

O homem diante dela era contra tudo aquilo em que Eda acreditava. A união deles não seria por amor, e sim por negócios, pura e simplesmente. Ela o conteve com um gesto de mão e voltou a andar de um lado para o outro, desesperada, buscando respostas. Se fosse embora agora, não haveria opção além de vender a casa de Tia Ayfer e fechar a floricultura. Seria capaz de viver consigo mesma, sabendo que fora egoísta demais para fazer um sacrifício por sua família? Sabendo que talvez nunca fosse capaz de se formar? Será que ela tinha escolha?

– Eda?

Ela girou nos calcanhares e viu impaciência no rosto dele. Serkan não tinha nenhuma tolerância a rompantes emotivos. Por mais bonito que fosse, certamente era um chato. Provavelmente planejava com antecedência cada minuto de seu dia. Provavelmente desconhecia a palavra "impulsivo". Será que conseguiriam viver um ano inteiro sob o mesmo teto? Conseguiriam passar 365 dias sem voar no pescoço um do outro?

Ele era tão indiferente, o desgraçado! Conseguia parecer ao mesmo tempo delicioso e perigoso, como a maçã envenenada da Branca de Neve.

– Então? Quer pensar até amanhã, ou o que quer que seja que as mulheres fazem quando não conseguem se decidir?

Ela mordeu o lábio inferior e forçou-se a dizer:

– Está bem. Eu concordo.

– Algo mais?

– Acho que é tudo.

– Não exatamente.

Ele fez uma pausa, como se estivesse prestes a tratar de uma questão delicada. Eda prometeu a si mesma manter a calma, independentemente do que estivesse por vir. Faria o mesmo jogo que ele. Seria a personificação da calma e da altivez, mesmo que Serkan a torturasse com palavras. Controlou a respiração e sentou-se novamente, pegando sua xícara e tomando um gole de café.

Ele respirou fundo e continuou:

– Quero falar sobre sexo.

– Sexo? – a palavra ressoou como se fosse um tiro. Eda piscou, mas recusou-se a manifestar qualquer alteração em sua expressão.

Um acordo irresistível [Edser] ✅Where stories live. Discover now