"Dinheiro nem sempre leva seus problemas embora".

"Sim, ele sempre leva."

"O dinheiro até agora não levou o seu vício." Rebato. Vinnie morde seu piercing e volta a se concentrar no livro e eu volto meu olhar para o aparelho em minhas mãos, porém o garoto incrivelmente sexy que está a minha frente não permite que eu me concentre.

Meu celular vibra no meu bolso, pego e vejo o nome do meu irmão na tela.

"Ethan". Atendo

"Hey Jules, já saiu da terapia de grupo?" A voz do meu irmão mais novo soa do outro lado da linha.

"Já sai sim, estou em uma cafeteria que fica aqui no centro."

"Quando vem pra casa?"

"Hm.. Na verdade eu ia pedir pra você me buscar, está caindo uma chuva forte. Tem como você vir?"

"Oh, eu posso, só daqui a meia hora. Ainda não terminei minha aula." Ethan estuda em uma escola virtual e leva os estudos muito a sério. 

"Acho que posso esperar."

"Tudo bem, qualquer coisa me liga." Ethan encerra a chamada. Dou uma longa golada no meu café e como um dos mini donuts. Vinnie ainda me observa e isso passa a incomodar um pouco.

Seus olhos castanhos cruzam com os meus berdes e um sorriso torto se forma em seu rosto. Ele pega seu frappuccino e bebe um pouco, tosse falsamente chamando a minha atenção.

"Não precisa esperar para que seja quem for venha te buscar." Vinnie diz.

"Como assim?"

"Bem, está vendo aquele Porsche preto bem ali?" Vinnie aponta para o carro na frente do estabelecimento. "Ele é meu."

Franzo o cenho. " Vai me dar uma carona?"

"Por que não?" Vinnie dá os ombros

"Nem sabe onde eu moro."

"Já ouviu falar de GPS?"

"Não sei se é uma boa ideia."

"O que foi? Tem medo que eu vá tentar algo? Você também é viciada, iria gostar."

"Tá, eu vou com você, já que insiste tanto." Bufo. Realmente não sei por que concordei, mas considerando a tempestade do lado de fora, achei a melhor escolha no momento.

Termino de tomar meu café ao mesmo tempo que Vinnie termina o seu, então saímos da cafeteria. Ele entra em seu carro e faço o messmo, me sentando no banco do passageiro. O carro possui bancos de couro brancos e todos os comandos estão no volante, Vinnie ligar o ar condicionado que logo se espalha, me encolho no banco com frio. Digito mueu endereço no GPS assim como Vinnie havia pedido, e logo começamos o caminho silencioso pelas ruas de Washignton.

"Então...Jules não é?" Vinnie corta o silêncio. Até a forma como ele dirige o deixa sexy.

"Sim, e você é o Vinnie Hacker."

"Me chame só de Vinnie, por favor".

"Tudo bem Hacker." Provoco.

"Não estou de brincadeira, se continuar deixo o vício tomar conta de mim e te fodo enquando dirijo." Vinnie diz sério. Reviro os olhos, não tenho medo dele, eu ia deixar Vinnie Hacker foder comigo nesse carro. " Mas e ai, como virou viciada?" Vinnie interrompe meus pensamentos. Não gosto de falar do meu vício, principalmente com alguém que convive com isso assim como eu.

"Por que quer saber?" Pergunto antes de pensar em respondê-lo.

"Você tem o mesmo vício que eu, é a primeira vez que estou tendo uma conversa com alguém que pode não acabar em sexo." Paramos em um sinal vermelho e Vinnie me encara. "Pode contar, eu falo sobre o meu depois."

"Não gosto de falar disso." Solto um suspiro pesado.

Vinnie acelera pela larga avenida e desvia dos carros que não querem sair da sua frente.

"Pode me falar. O que eu vou fazer com essa informação, postar online ou algo do tipo?"

"Eu não gosto de falar disso porque não gosto de lembrar que um homem que abandou seus dois filhos levou um deles a se tornar uma ninfomaníaca."

"Problemas com o papai. Típico." Ele disse, me olhando de canto de olho. "Mas seu pai fez algo com você?"

"O que? Não! Meu pai era meu melhor amigo, e quando ele foi embora sem sequer se despedir, eu me senti desolada. Passei anos tentando entender porque ele me abandonaria, e acho que desenvolvi algum tipo de... Carência? Não sei."

Vinnie não disse nada, e nem sequer parecia impressionado. Só continuou dirigindo, como se fosse normal estar tendo esse tipo de conversa com alguém que você conheceu há poucas horas.

"Quando eu tinha 15 ou 16 anos, comecei a frequentar muitas festas e boates, e só saia daqueles lugares depois de ter transado, porque queria sentir o que meu pai sentiu ao nos deixar. Queria me entregar para uma pessoa e depois sumir no mundo, só que isso acabou se tornando um vício. Foram muitos caras nos últimos dois anos, tiveram até algumas mulheres, nem se sequer lembro o nome de metade."

"Wow." É tudo que Vinnie diz. "É uma boa história para uma menina de 18 anos. Mas triste para uma jovenzinha que foi abandonada pelo pai." Concordei com a cabeça e esperei ele me contar sobre o seu vício, mas ele continuou dirigindo e cantarolando uma música qualquer que tocava na rádio.

"E quanto a você? Não vai me contar a sua história?"

"Não."

"Mas você disse que se eu contasse você contaria!" Reclamo. "Eu me abri com você para nada?"

"Claro que não, eu gostei de ouvir você falando. Por outro lado eu menti, nunca contei do início do meu vício para ninguém e não pretendo contar." Fecho a cara e encaro a cidade pela janela do carro. A chuva estava mais fraca e só uma pequena garoa caía.

Poucos minutos depois chegamos na rua da minha casa, e por algum motivo eu me senti aliviada. Ficar com Vinnie dentro de um carro estava me deixando louca. O carro para em frente a pequena estrutura de tijolos no final da rua, a casa pode ser pequenas mas é espaçosa o suficiente para três pessoas.

"Bem, obrigada pela carona, nos vemos no grupo de apoio." Me apresso para sair dali, mas Vinnie trava as portas, impedindo que eu saia.

"Calma apressadinha. Pensei que você fosse mais inteligente." Um sorriso malicioso surge no rosto dele. "Sou como um viciado em drogas, só que ao invés de maconha ou crack ou qualquer outra daquelas merdas, eu preciso de sexo. Não banque a difícil, sei que você também quer. Vamos lá Jules, eu sei que você quer...."

Um lado de mim queria tirar nossas roupas imediatamente, mas a maior parte estava gritando para sair dali. Eu definitivamente não queria deixar meu vício se perder naqueles olhos castanhos. Pela primeira vez em mais de dois anos, acho que eu estava prestes a vencer o vício.


𝑶𝒃𝒔𝒆𝒔𝒔𝒊𝒐𝒏 | Vinnie HackerWhere stories live. Discover now