O domingo passou devagar, até mesmo o jogo pareceu amarrado, estava ansiosa, tinha ido e voltado da cozinha zilhões de vezes, nada estava cooperando com o meu atual estado de espírito. Quando meu celular tocou, dei um pulo no sofá para ver quem era. Minha mãe.
— Oi mãe.
— Oi querida, como estão as coisas? — Situação estranha.
— Estão bem, e por aí?
— Estão ótimas, estou adorando Barcelona.
— Que ótimo, aprende a falar catalão, é super chique. — Não estava empolgada.
— O que me conta de novo?
— Nada. — Franzo os olhos e entendo o que estava acontecendo. — Meu pai te ligou, não foi?
— Não, fazem anos que não falo com seu pai. — Sua voz estava tranquila. — E meu genro? Estava vendo um jogo esses dias, queria mostrar para o Marco, ele joga bem.
— Joga sim, ele está bem também, felizmente. — Não entro em detalhes.
— E você está gostando do trabalho?
— É ótimo, é onde eu sempre quis estar, né? — Rio. — Se lembra de quando eu queria jogar bola?
— Como esquecer, você era insistente, principalmente quando a gente deixou o Murilo ir e você não.
— Pois é, mas agora estou atolada em futebol até o pescoço. O destino... — Deixo que a frase morra no meio.
— É claro, e fico feliz por isso. Mande um beijo para o meu genro lindo.
— Pode deixar. Um beijo, pra ti e pro Marco.
Desligamos a chamada juntas. Definitivamente, foi a conversa mais estranha que tive com minha mãe, ela quase nunca me ligava, exceto quando tinha algo importante, uma conversa trivial como aquela, era difícil. Fiquei curiosa com o real motivo daquela ligação, era anormal, mas talvez ela apenas estivesse entediada na Espanha, não fazia ideia de como estava sendo sua vida. Fiquei apenas olhando para a televisão, sem verdadeiramente prestar atenção naquela porcaria de jogo, Palmeiras existia apenas para me fazer raiva, o futebol estava horrível, os jogadores sem vontade, minha vontade era meter o soco em cada um deles quando chegasse no CT terça-feira, era um treino de autocontrole.
Quando Cléber Machado, disse que o jogo estava terminado, após o apito do juiz, me levantei e desliguei a televisão, não tinha paciência para assistir Faustão, fui até a cozinha procurar qualquer coisa para comer, não tinha nada que eu quisesse, a solução foi me jogar na cama e fechar os olhos e esperar que Matías me ligasse, coloquei o celular para carregar, tinha pouca bateria e me arrumei na cama, fechando os olhos para quem sabe pensar em alguma coisa que não fosse a conversa com minha mãe.
Acordei assustada, procurando pelo celular, o brilho doeu em meus olhos, praguejei por esquecer de abaixar o brilho, o relógio marcava sete para as cinco, pelo menos estava próximo do horário de acordar. Haviam dez chamadas perdidas do meu namorado e várias mensagens, verifico o motivo não ter ouvido nenhum som, o aparelho estava no silencioso, como sempre estava enquanto estava próxima.
Mí amor: Estou preocupado, te liguei várias vezes e você não me atendeu [19:30]
Verena? [19:47]
Vou ligar para seu pai. [19:58]
Me liga assim que ler essas mensagens [20:19]
Consegui falar com seu pai, pelo menos você está viva. [22:10]
Verena: Acho que peguei no sono, acordei agora. [04:54]
Mí amor: Finalmente, estava preocupado. [04:56]
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Zina || Matías Viña
Fanfiction[COMPLETA] Dizem que todos somos conectados à alguém e que tendemos a nos encontrar e a ficarmos juntos. Almas gêmeas. Amor a primeira vista. Vidas passadas. Bobagens, coisas de pessoas apaixonadas. Nunca entenderia. Pelo menos não até aquele mo...