Capítulo 5

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Darwin

Todos os anos você vê a mesma coisa. Pessoas correndo apressadas pelo campus, garotas arrumadas com um kg de maquiagem no rosto para chamar a atenção de garotos. Acendo o cigarro e puxo a fumaça para meus pulmões, sentindo a sensação de liberdade ao soltá-la. Uma garota baixinha passa por mim e abre um sorriso malicioso. Não sorrio de volta, faz um bom tempo que não sorrio. Gosto da faculdade, mesmo não mostrando interesse me dou bem como aluno e como atleta e se tudo der certo irei me formar antes do previsto.

Era um dos sonhos dela.

Permaneço parado contra a parede de concreto fumando, enquanto desvio olhares de pessoas que tentam se aproximar de mim sem ter a certeza se querem me conhecer. Nunca me importei com isso. Essa questão tola de que você precisa surpreender alguém para ser notado. Não gosto de ficar na fraternidade durante o dia, pois tudo é um tédio. Pego meu celular e tento mandar uma mensagem para Zara dizendo que irei ficar no seu alojamento algumas horas. Quando preciso ficar sozinho é para lá que vou, pois ela nunca está naquele lugar.

Sigo para o alojamento, onde os corredores estão pouco movimentados, pois é claro que a maioria deve estar de ressaca. Quando chego a frente da porta do quarto de Zara, lembro-me que ela ganhou uma nova colega de quarto. Tinha visto ela no dia anterior e para ser sincero ela parecia mais uma caloura perdida na faculdade. Eu vi o modo como seus pais me encararam quando entrei fumando no quarto, mas não me importei. Bato na porta para não assustar a tal garota. Quando não obtenho resposta, entro usando a chave reserva.
Fui até a cozinha e quebrei alguns ovos para fazer um omelete. Tirei minha camiseta para não sujá-la.
Quando a porta da frente se abre a colega de Zara surge com vestido verde água fininho, grudado em cada curva do seu corpo. Os cabelos castanhos compridos e encharcados estão espelhados pelo seu rosto. Seus olhos se arregalam ao me encarar então desligo o fogão e presto atenção nela. É claro que precisava prestar atenção nela.

- Como é que você...entrou aqui?- ela pergunta quase gritando. Ela desvia o olhar rapidamente de mim e encara o chão.

Abro um meio sorriso e encaro suas pernas nuas, ela fica sem jeito.

- Você escutou o que perguntei?- ela puxa o tecido do vestido para baixo tentando cobrir mais seu corpo.

Abro um sorriso e cruzo os braços contra o peito.

- Zara disse que podia ficar aqui - respondo.

- Hãn, como assim?- ela está vermelha no rosto e me divirto com a situação.

- Vou ficar aqui, simples assim.

Ela abre os lábios para dizer algo, mas logo fecha ao não obter palavras.

- A Zara não está aqui – ela diz.

- Eu sei – dei de ombros.

O vestido que ela está vestindo envolve seu corpo de um jeito sensual. Deixa á mostra cada curva de seu corpo pequeno. Dou passos lentos até estar próximo dela o suficiente para sentir sua respiração pesar e quando nossos olhares se encontram sussurro á centímetros de seus lábios.

- Você está molhando o piso inteiro com o cabelo molhado.

Ela me encara uma última vez e vai correndo para o quarto trancando a porta enquanto rio sozinho.
Sento-me à mesa, lembrando da careta que a garota fez ao me ver na cozinha. Depois de um tempo ela surge na sala com uma calça de moletom preta e uma blusa azul, os cabelos agora estão secos. Ela vai até a geladeira e pega um iogurte sem me olhar.

- Quer comer?- pergunto.

Ela para em frente á mesa confusa. Sua pele é clara, quase como uma porcelana rara de se ver.

- Você percebe o quão mal educado é? – ela pergunta – você podia ao menos se apresentar educadamente.

Fico pasmo ao escutar sua critica comigo. Paro de comer e fico em pé num movimento rápido. Dou a volta na mesa ficando em sua frente o que á faz recuar e bater na mesa pequena de madeira.

- E porque você iria querer saber quem eu sou? – pergunto com a voz rouca.

Suas pupilas se dilatam e percebo certa dificuldade para respirar.

- Todos os seus amigos se apresentaram, mas você não.

Me abaixo o suficiente para falar ao pé da sua orelha.

- Você não vai querer saber quem eu sou.

Inalo o perfume adocicado de frutas vermelhas que vem de sua pele e vejo o arrepio que causei nela.

- Isso quem deveria saber é eu e não você. – Ela me desafia.

Abro um meio sorriso ao me deparar com sua atitude desafiadora.

- Darwin Lancaster – digo.

- Darwin? – ela questiona.

- O quê? Não gostou do nome já?

- Não é isso...só... – ela gagueja.

- Sua vez.

- Allie Bliss.

- Bliss? É sério? – deixo uma risada quebrar o gelo entre nós.

Agora ela me fuzila com o olhar, ao perceber que rio de seu sobrenome.
Fala sério quem teria felicidade em um sobrenome?

- Você é sempre tão arrogante? – Allie se afasta de mim sentando-se a mesa.

- Faço o máximo que consigo.

Zara aparece com a cara de sono e roupas amassadas e a julgar pela cara a ressaca é enorme.

- Minha cabeça está uma bateria –resmunga. O que não é novidade. – Bliss desculpe não avisar que Darwin passaria aqui.

Allie dá de ombros abrindo um pequeno sorriso simpático.

- Espero que ele tenha se comportado. – Zara diz pegando um pedaço do meu omelete.

- É ele foi bem...comunicativo.

Olho para Allie que encara o pote de iogurte á sua frente. Zara desaparece em seu quarto, deixando-me sozinho com sua colega de quarto.

- Você e Zara são namorados? – Allie pergunta enquanto remexe o pote em sua frente.

- Não tecnicamente. Já fodi com ela, mas não namoro. – Ela engasga com a colher de iogurte em sua boca. – Deveria comer mais devagar – rio.

- Eu estou comendo, mas você tinha que falar desse jeito?

Olho confuso para ela, até ver seu rosto ficar corado.

- Ah porra! Você se engasgou quando falei fodi com ela?

- Se puder parar de falar ficaria grata.

É incrível o modo como ela fica vermelha com o que acabei de falar. Deixo uma risada escapar de meus lábios e continuo comendo, quando Zara surge na cozinha.

- Tem uma festa hoje à noite, você vai com a gente – ela olha para a colega de quarto que se vê confusa com a sua afirmação.

- Na verdade, não curto esse negócio de festas – ah, claro que ela não curte.

- Ah Bliss, por favor, você não tem que ficar aqui sozinha.

- Zara eu preciso organizar algumas coisas ainda.

- Bliss você está na faculdade! – Zara exclama.

- Quem sabe ela curte ficar sozinha – digo.

Agora consigo sua atenção para mim.

- Acho que vai ser legal – ela diz concordando com o convite.

- Pode ser divertindo – respondo percorrendo meus olhos sobre o decote da sua blusa e vejo o quão lindo são seus seios. Nada extravagante, mas sim o tamanho essencial para saciar. Mordo o lábio quando me pego pensando como seria sentir o gosto dele na minha boca e então vejo ela me olhar com o cenho franzido.

Meu Querido Darwin - Parte IWhere stories live. Discover now