XX - 8 anos antes

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8 anos antes

Milão, Itália.

Meu casamento estava ruindo. De novo. Meu pequeno pedaço de paraíso estava por um fio. Aparentemente, coisas ruins atraem mais coisas ruins. Lei de Murphy, simplesmente tudo que poderia dar errado estava dando.

O baile catastrófico que acabou me rendendo o peso de ter Mancini Junior como nosso mais novo refém era o que menos me preocupava. Toda a sequência de eventos que se desenrolou depois disso era mais urgente.

Depois de perceber que algo tinha dado errado, alguém tinha nos traído e avisado os Mancini sobre meu plano com Bruno, eu tinha decidido não me deixar abalar por isso. Romano queria que eu tivesse deixado Junior ir embora e esquecido o assunto mas eu era mais esperta que ele. Mancini Junior não era quem eu queria, mas ele ainda poderia ser útil para mim. Por isso decidi levá-lo para Milão conosco, nosso convidado de honra eu tinha chamado. Cárcere privado os mais ácidos diriam.

O fato era que Mancini Junior estava morando com Romano e eu em nossa casa de Milão. Ele podia andar pela propriedade, era bem servido e tinha seguranças vinte e quatro horas por dia. O que mais alguém como ele poderia querer? Se meu pai estivesse no comando ele teria ganhado uma bala no peito, eu estava sendo até boazinha. Mas por algum motivo inexplicável o filho da mãe não concordava comigo. Mancini Junior parecia estar curtindo as férias forçadas. Ele era um estorvo que só me gerava reclamações dos meus soldados. E seu pai devia pensar o mesmo, pois ainda não tinha dado nenhum indício de querer o filho de volta.

Eu estava a um passo de desistir de tentar tirar alguma informação útil dele e simplesmente eliminá-lo quando Max, o homem de confiança do meu marido se ofereceu para o serviço de babá de Junior. Romano não gostara da ideia mas eu tinha sido capaz de convencê-lo. Era nossa última tentativa, se não funcionasse fariamos do jeito dele, eu prometi.

O que finalmente me deu alguma paz. Mas claro, o universo não estava feliz em cooperar comigo. Romano tinha que descobrir sobre a sua irmã internada em uma clínica de reabilitação e minhas mentiras.

— Como você pode me esconder algo assim, Anitchka? — ele parecia decepcionado comigo, algo que eu nunca antes tinha visto. Romano costumava olhar para mim como se eu tivesse inventado o oxigênio e isso era uma das coisas que eu amava sobre ele. Ver essa dor em seus olhos estava me matando.

— Romano... eu...

Que merda eu poderia dizer? Nem eu sabia por que tinha escondido isso dele. Para não magoá-lo? Ou por que eu me sentia culpada pelo vício da sua irmã, já que eu tinha afastado os dois? Nenhuma dessas resposta era boa o suficiente.

— Minha irmã é uma viciada, Anitchka e você sabia! — Ele estava falando alto comigo, algo que Romano nunca fazia. Nunca. As paredes do escritório da nossa casa eram grossas, mas em breve ele acabaria atraindo a atenção dos nossos soldados.

— Eu descobri um ano atrás — contei. — Aquele dia que ela me bateu.

— E você achou que podia simplesmente guardar isso para você?

— Ela praticamente me implorou, Romano. Ela estava envergonhada, não queria te desapontar...

— Eu não estou dizendo que não entendo por que ela, uma garota de dezesseis anos, não quis me contar. Estou perguntando por que você, minha mulher e parceira, achou que seria uma boa ideia esconder isso?

— Eu tentei ajudá-la... — tentei explicar a ele.

— Você não é nem da família dela, Anitchka! — Escolhi não revidar suas palavras, tentando entender que ele estava irritado e decepcionado. — Acho que você não quis me contar para não se aborrecer — ele acusou. — Você disse desde o começo que não queria esse fardo.

Doce Orgulho (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 2Where stories live. Discover now