Não Confie Em Mim

Capítulo 6- Venha comigo

Isso de alguma forma o preocupou. Ela usava roupas esportivas e se dirigia ao ginásio; essa era a época em que os esportistas das escolas podiam faltar às aulas para treinar para as competições de final de ano. Eram considerados o orgulho das escolas e tinham esse privilégio.

Taehyung sentiu inveja, ele odiava ter que ver um conteúdo do qual já sabia de côr, naquele caso era a aula de física. Sentando na primeira cadeira como sempre fazia, ele sentiu um clima estranho. Todos estavam muito quietos na sala de aula, e o professor nem havia chegado ainda. Bem na hora a estação de rádio da polícia que ainda falava em seus fones anunciou.

"E mais um suicídio de um grande empresário aconteceu, dessa vez ele era do ramo de plásticos, que fornece material para a cidade. A polícia ainda não deu mais informações, pois casos de suicídios não podem ser divulgados, e quando são, precisam ter um cuidado extremo."

"Seria essa uma coincidência? Ou será que temos um padrão aqui?" Disse o radialista

Por que esses empresários de sucesso estariam se suicidando e deixando suas famílias?"

"Realmente dinheiro não traz felicidade." Disse o segundo radialista.

"É, mas eu poderia ser infeliz na Itália" O primeiro narrador fez uma piada sem graça.

"De repente a nossa cidade tão pacata e sem graça, já não está mais como antes." O apresentador do programa que narrava disse em tom dramático.

Taehyung retirou os fones e encarou o quadro. Algo dizia a ele que não era coincidência, mas havia como provar? Ele realmente teria que investigar o caso?

Olivia provavelmente estava muito mal desde o desaparecimento de seu namorado, trazer informações sobre esse caso ajudaria ou pioraria a situação para ela?

O professor chegou na sala interrompendo os vários pensamentos do garoto. Mas antes de se concentrar na aula ele ouviu um dos colegas de turma falando baixinho.

— Foi o pai do Kim Seok Jin que morreu, por isso ele não veio hoje.

***

Olivia corria tanto que seus olhos já estavam secos, sua garganta ardia de sede e suas pernas estavam fraquejando. Ela não estava com energia o suficiente para sua melhor performance na corrida naquele dia e isso a deixava frustrada.

A dor foi imediata quando o joelho da menina falhou na 5° volta e a fez cair se rasgando no asfalto da pista de corrida. Olivia rolou duas vezes até parar no canto perto da grama que cercava ali.

Respirando fundo para não chorar, Olivia se manteve parada para absorver a dor, mas ardia demais. Olhou para baixo e se arrependeu por não ter usado calças naquele dia, seus joelhos estavam sangrando muito, havia ralado as mãos e o braço também, porém os joelhos eram a pior parte.

— Olivia! — alguém gritou. Mas a menina não tinha se levantado, nem se moveu para ver quem era, pois ainda estava tremendo de dor.

Taehyung entrou no campo de visão de Olivia, que se sentiu envergonhada de ter o rapaz presenciando aquela situação humilhante, ela deitada no chão tentando não chorar. Taehyung ajudou a menina a se levantar e apoiou seu braço ao redor do pescoço dele.

— Vou chamar um uber e a gente vai pro hospital — disse o rapaz com tom de preocupação na voz.

— Não!

Taehyung até se assustou com a intensidade da resposta da menina.

— Porquê?

— Vão ligar para a minha responsável, minha mãe no caso e ela não consegue sair de casa, tem agorafobia, vai surtar por não poder me ajudar, tornando tudo pior, então não.

Taehyung ficou um pouco corado por fazer a menina se explicar desse jeito, provavelmente ela não estava confortável se abrindo para ele, mas a situação exigiu.

— Imagino então que sua casa não seja uma opção — ele perguntou.

Olivia negou com a cabeça.

— Então vamos — Taehyung amenizou seu tom para um que demonstrasse mais cuidado.

— Para onde? — Olivia perguntou e começou a mancar para ir para fora da escola.

— Minha casa.