- E como vocês vão chegar lá? 

- Bom, são quatro pernas! 

- Quatro belas pernas, aliás. – Me viro assim que ele faz seu comentário para que ele não veja meu rosto corar. – Mas não foi o que eu quis dizer. Você sabe onde é? 

- A Penélope sabe. – Dou novamente um sorriso daqueles forçados. – Olha ela lá. 

Do outro lado dos portões do prédio percebo um vulto vermelho. Posso soltar um suspiro de alivio quando vejo o que os cabelos vermelhos vem acompanhados de um óculos preto. Vou andando até a Penélope com o Brian ao meu lado.  

- Oi! – Ela diz com aquela sua típica animação e seu rosto se contorcendo entra um sorriso animado e uma cara de espanto. – Me atrasei muito? 

-Você chegou na hora certa, na verdade. – Abro o meu melhor sorriso. – Bom, a gente pode ir indo. O Brian vai de moto e enquanto ele pega sua maquina da... sua moto, a gente pode ir adiantando, certo? 

- Na verdade... – O Brian começa a dizer e antes mesmo que ele consiga completar a sua frase eu já imagino que não vem nada d que eu já gostar. Nada que essa boca faça eu gosto. Quase nada, pelo menos. – Eu vou indo com vocês, o clube é tão pertinho! Nem vale o trabalho de pegar a moto. 

Antes que eu perceba o Brian a Penélope já começaram a andar. Reviro meus olhos e começo a ir atrás deles. 

- Você tem algum apelido? Seu nome é meio grande... – O Brian começa a dizer e faz com que eu revire novamente meus olhos. Ele conseguiu fazer com que eu revirasse meus olhos duas vezes em menos de minuto. 

- Na verdade não tem apelido nenhum. É um nome bem chato – Percebo um rubor crescer por baixo das sardas da Penélope e ela desvia ao máximo os olhares do Brian, que parece se divertir com sua timidez. 

- Pois eu acho seu nome lindo. – Digo tentando entrar na conversa e salvar minha pobre amiga de ter uma crise de constrangimento e acabar virando uma chama viva de tanta vergonha. – Qual livro você escolheu Penélope? 

- Eu escolher A Republica, do Platão. – Ela me encara com seus grandes olhos, que hoje estão incrivelmente mais claros, quase como mel. – Só vamos ter que combinar direito para comprar o livro. 

- Platão? – O Brian pergunta voltando a querer entrar no assunto, ai dele se vier com suas gracinhas! – Meu pai tem vários livros desse cara, posso ver direito com ele depois. 

- Que gentileza a sua Brian. – Tento não soar tão irônica, mas as palavras meio que escapam da minha boca. – Eu ainda estou me perguntando por que a gente está indo para esse clube sendo que dá para combinar tudo no intervalo da escola! 

- Ah, ok. E você, por acaso tinha algo melhor para fazer nesse sábado a tarde? 

- Sim! – Minto. Quer dizer, qualquer coisa é melhor do que ter o Brian ao lado, qualquer coisa mesmo! Até arrumar meu quarto! – Sinto lhe informar, mas passar a tarde com você, embaixo desse sol quente, é a minha visão do inferno. 

Vejo aquele sorriso zombeteiro se abrir pelo seu rosto enquanto ele dá um leve aceno como se tivesse reprovando alguma atitude minha. Para minha sorte (ou azar) só andamos por mais uns dois minutos. Pelo visto o Brian era sócio há tempos do clube, já que todo pareciam lhe conhecer muito bem. 

- Você tá afim do Brian? – A Penélope diz assim que me sento em uma cadeira. 

- Em que mundo você está, Penélope? 

- AH, vocês vivem se implicando e ele fica te lançando aquelas piscadelas, fora que volta e meia ele fica te olhando do outro lado da sala. – Essa última parte fez um sorriso (completamente involuntário) brincar nos meus lábios. Minha vontade era de perguntar mais, só que isso só faria com que ela ficasse ainda mais desconfiada. 

Just a Year - (COMPLETA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora