Eighteen | L.S

Capítulo 2

Chego ao endereço escrito no papel que minha mãe me entregou e entorto o nariz ao analisar o lugar. Não é bem o tipo de trabalho que eu gostaria de ter. Fazer pães e afins deve ser legal e tudo, mas cantar é muito melhor. Talvez, me dedicando aqui - isso é, se eu conseguir o emprego -, eu junte uma grana e vá tentar a sorte nos Estados Unidos. Particularmente falando, acho que levo jeito pra coisa. Mas por agora tenho que me empenhar a agradar minha mãe e fazer suas vontades até que possamos voltar para Doncaster.

Empurro a porta e um sino estridente soa em cima da minha cabeça. O lugar está cheio, mas consigo passar por entre as pessoas e me aproximar do balcão - onde duas senhoras e um menino de aparentemente dezesseis anos estão trabalhando.

- Com licença! - peço, fazendo um sinal com a mão.

O garoto que vi primeiro, magrelo, cabelos enrolados e olhos verdes, olha para mim no mesmo instante em que eu abaixo o braço. Ele sorri e com a mão desocupada, faz um sinal para que eu espere e se vira de costas. Fico encostado na parede, esperando alguém vir - mas confesso que já estava perdendo as esperanças antes de ver o mesmo garoto voltar, agora sem o avental e as luvas.

- Suponho que você seja Louis Tomlinson?! - Ele me olha de cima em baixo, analisando minhas roupas.

- Sou eu mesmo... - Estendo a mão para um cumprimento. E você deve ser o Harry de quem  minha mãe me falou.

Ele sorri.

- Sua mãe já te falou de mim? - sinto minhas bochechas corarem. - Brincadeira - ele se apressa a dizer quando percebe meu desconforto. - Sou eu quem irá fazer a ''entrevista'' com você. - Harry olha para os dois lados antes de se aproximar e sussurrar: - Mas, cá entre nós, o emprego já é seu. Estamos procurando um funcionário há semanas e ninguém aceitou dedicar seu tempo a fazer massas. Acredito que você precise da grana, então...

- O que quer dizer com isso? - pergunto, franzindo a testa.

Eu já estava ficando irritado. Não costumo julgar mal as pessoas antes de conhecê-las de fato, mas esse Harry tinha um quê de metidez na voz que me fez repensar os meus conceitos.

- Só estou falando. - Ele disse, dando de ombros. - Me acompanhe, vou te mostrar a cozinha.

Assim como ele falou, eu fiz. Segui o menino extrovertido até onde parecia ser o lugar de fabricamento dos pães, bolos e afins. Algumas senhoras vinham de lá para cá sem trocar cumprimentos umas com as outras. O estabelecimento estava cheio e creio que este seja o motivo de tanta pressa.

— Bom, aqui é aonde fabricamos o que vendemos, algumas coisas vêm de fora, mas a maioria é feita aqui. — Harry falou, parando na porta e apontando com a mão para onde eu deveria olhar. — Se quiser, pode colocar um avental e atender alguém... Sabe, só pra treinar. — Ele sorriu, um sorriso muito fofo, confesso, e eu não pude deixar de sorrir de volta.

— Não acha muito precipitado? — perguntei. — Nem sabe se tenho qualificação.

Ele suspirou.

— Só vista o avental e veja o que acha, okay? — grosso, eu diria.

Fiz que sim com a cabeça e me aproximei do armário com o avental, luvas e tocas. Eu estava pronto para remedar o cachinhos dourados quando me dei conta de que ele ainda estava ali, parado na porta, sorrindo.

— Você vai se sair bem, sun. — Sun? Por que sun? Como ele foi tão rápido em me dar um apelido?

Se bem que eu também o dei um.

— Obrigado. — Respondi, um pouco sem graça.

Quando coloquei o avental, as luvas e a toca, Harry me acompanhou até o caixa: onde eu atendi duas senhoras, um senhor, e uma mulher com aparentemente a idade da minha mãe. Ela carregava uma criança no colo e parecia com pressa, por isso dei preferência a ela.

— Você é um exemplo de pessoa, sun. — E aí estava o apelido de novo.

— Posso saber por que me chama de sun? — o enfrentei, sem saber ao certo o que eu estava fazendo.

Ele semi cerrou os olhos e deu um sorriso de lado, deixando à mostra suas covinhas. Se aproximou um pouco de mais de mim e, próximo à minha orelha, sussurrou:

— Não — e se afastou, ainda me fitando com os olhos. — Você terá que descobrir sozinho.