"Você diz que nós só meninos e meninas
Eu digo que podemos mudar o mundo
O futuro está nos meninos e meninas"
LUA
- Eu preciso mesmo fazer isso? - tento imitar os olhos pidões que a garota fruta faz mas comigo essas coisas nunca funcionam.
- Se você quiser continuar treinando com o maior lutador deste pais sim, você vai para a faculdade mocinha - ele nem me olha enquanto vira mais uma panqueca.
Ninguém o veria como o maior lutar do país com esse avental florido. Mordo minha língua para não falar nada.
- Essa é uma ótima primeira lição para você, Lua: saiba quando atacar e quando recuar - ele coloca uma panqueca quente no meu prato - E sobre a sua faculdade você está numa luta perdida, você vai conseguir esse diploma.
Reviro os olhos quando ele vira de costas.
- E não revire os olhos para mim mocinha.
Dou uma grande mordida na panqueca coberta de mel para calar minha maldita boca.
- Não precisa ter medo da escolinha, Lula - Jaime fala enquanto estica os braços para que eu o coloque em na banqueta que ele ainda não alcança - O Muca tava com medo mas agora está adorando a escolinha, não é Muca?
Meu irmão balança a cabeça concordando enquanto está com a boca cheia e lambuzada de mel.
- Por que você está chamando a Lua de Lula? - Amora pergunta depois de pegar seu prato e sentar na mesa já que a bancada está lotada por mim e os pequenos traiçoeiros.
- Porque ela é brava como o Lula molusco - ele responde dando ombros.
- A Lua devia ter um apelido de fruta, como as outras meninas - Thomas chega na cozinha falando e rouba uma panqueca do meu prato, garoto folgado.
- Ela é a irmã limão - Jaime diz rindo e eu dou um olhar mortal - Ta vendo? Azeda como um limão.
Todos eles começam a rir e eu reviro os olhos pegando uma panqueca do prato do Thomas já que ele roubou a minha.
- Parem de implicar com a irmã de vocês - Sophia entra na cozinha apressada.
É engraçado que nessa casa os papeis tradicionais são trocados, a Sophia vive atarefada com o trabalho enquanto o Felipe trabalha meio período e dá conta dos filhos. É diferente, mas melhor que as famílias que eu convivi.
- Crianças eu vou deixar vocês na escolinha hoje, o Felipe vai levar Thomas, Pearl, Morango e Amora para a escola. Lua, você vai com o Max para a faculdade. Vamos lá meus pequenos encrenqueiros, temos um dia incrível para viver!
Vejo todos eles saindo apressados e falando alto, olho para o cara grande que era o único calado na cozinha.
- Vamos.
Ele fala pegando sua mochila e eu o sigo nem um pouco animada.
O caminho todo até a faculdade é feito num silêncio mortal, e eu não tenho a mínima vontade de mudar isso.
Sinto um frio na barriga quando entramos no campus universitário. Eu nunca me imaginei aqui e é bizarro estar vivendo isso. Pense nas chances de uma criança preta e pobre que viveu a maior parte da vida em orfanatos chegar numa faculdade pela porta da frente,
O que as crianças do orfanato pensariam ao me ver aqui?
O que todos os filhos da mãe que disseram que eu não seria ninguém diriam?
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Nocaute do coração
Teen FictionRespiração é a chave. Você tem que saber respirar corretamente para ser um bom nadador. Você tem que saber respirar corretamente para se manter de pé durante uma luta. Você treina sua respiração ao longo da vida... Mas tudo muda quando um par de olh...