Capítulo Vinte e Quatro

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No quanto ele era cheiroso. Foi o que quis... Pensar.

Voltando: Ayla sabia que tudo aquilo era apenas um efeito colateral da tal paixão que estava sentindo por Henrique. Ok. Havia entendido aquela parte com clareza. A questão toda era que, estava um pouco receosa em relação às coisas que deveria fazer. Quer dizer, podia simplesmente sair por aí beijando o filho do prefeito sempre que quisesse, ou aquilo era algo muito avançado?

Estava pensando demais.

Precisava parar de seu preocupar tanto e deixar com que as coisas acontecessem naturalmente. Era isso. Ia deixar “rolar”.

— Poxa, eles não vão mesmo dar comida de graça — piscou rapidamente ao escutar a voz irritada de Babi ao seu lado e relaxou o corpo, resolvendo concentrar-se por inteiro em seu desabafo. — Que maldade.

Ayla projetou seus olhos por todo o ambiente, a fim de estudar as barracas montadas que haviam por ali. Realmente, nenhuma delas estava dando comida de graça. Nenhuma, ao não ser...

— Olha lá, a vinícola tá distribuindo os vinhos — constatou, apontando disfarçadamente para a enorme mesa que havia próxima ao palanque.

Lotada de garrafas, uma fila consideravelmente grande de pessoas estava formada ao seu redor, enquanto dois homens encarregavam-se da tarefa de entregar as bebidas.

— Sim, é uma tradição — explicou Babi, já acostumada com aquela cena. — Começou há muito tempo com o Vitório Montenegro, avô do Henrique, e continuou até os dias de hoje. Mas como os vinhos têm álcool, só recebe quem é maior de idade.

Ayla estaria mentindo ao dizer que “álcool” não havia sido a única palavra que prestara atenção em toda aquela miniaula de Babi sobre tradições.

Havia sido a única.

Fitou mais uma vez a mesa cheia de vinhos, sentindo, instantaneamente, um arrepio subir por toda sua pele. Prendeu a respiração, procurando não dar forças àquela necessidade que começava a se erguer dentro de si. Não precisava beber nada. Não precisava. Era só ignorar. Se ignorasse, daria tudo certo.

— Tudo bem? — um vinco de preocupação formou-se em meio a testa de Babi, que, hesitante, aproximou-se de Ayla, tocando em seu braço com delicadeza.

— Sim — respondeu prontamente, forçando um pequeno sorriso.

— Tem certeza? Você-

— Como andam as coisas com o Isaac?

A garçonete estreitou os olhos com aquela interrupção, ainda desconfiada da compostura da morena à sua frente. No entanto, sabendo que seria extremamente difícil e cansativo arrancar qualquer informação dela, inspirou profundamente, deixando-se levar pela menção do nome do garoto.

— A gente ainda não conseguiu encontrar um dia legal pra marcar o nosso encontro. Ele vive ocupado com os grupos de estudo e coisas afins, enquanto eu, passo a maior parte do tempo na escola ou no Kaos — arrumou um cacho atrás de sua orelha, parecendo verdadeiramente radiante. — Não que faça muita diferença. Nos falamos toda hora por mensagem, o que provavelmente, já conta como uns quatro encontros.

Ayla sorriu para a animação da garota de cabelos castanhos, que continuava a gesticular sem parar, relatando com detalhes seu glorioso romance com Isaac.

Gostava de vê-la daquele jeito. Feliz. Era uma ótima sensação. Por isso, gritou internamente quando desviou o olhar dela por alguns segundos e deu de cara com o primo de Henrique, caminhando timidamente em direção as duas.

— Oi, Ayla — acenou, risonho, com sua mão livre, parecendo segurar alguma coisa com a outra, escondida atrás de suas costas.

— Oi, Isaac — cumprimentou, simpaticamente, logo reparando no terno que ele estava vestindo. Diferente do de Henrique, o seu era de uma cor bege clara, quase branca. Seus cabelos estavam bem penteados e era nítido que havia utilizado algum tipo de gel neles.

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