Capítulo 33 - O beijo roubado

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"O que houve? Por que tanta pressa?", perguntou o mais alto, sentando na pedra que tinha colocado anteriormente suas roupas e sorrindo de leve.

"Precisamos caminhar... E...", a voz de Hu Long sumiu, pois estava recuperando o fôlego e se acalmando. "Não podemos mais perder tempo. É isso. Lógico!"

O cultivador não ousou retrucar o assassino, apenas esperou que ele estivesse vestido para continuarem a jornada, que parecia não acabar.

Após ambos estarem prontos, voltaram a caminhar e horas se passaram. Por mais que Fai Chen estivesse animado para finalmente chegar ao destino de sua esperança, suas pernas começaram a latejar e tremer depois de tantos dias sem descanso. O cansaço estava dominando todo seu corpo. Hu Long, como sempre, observava as atitudes do cultivador a todo momento e quando percebeu que seus passos começaram a mudar, parou de andar e segurou a mão do maior, preocupando-se com ele perder o equilíbrio.

"Cegueta, você está cansado?"

"Não. Posso aguentar mais... Estamos quase chegando, eu consigo sentir...", mesmo o cultivador proclamando essas palavras, não eram nem um pouco confiantes. Eram fracas.

"Não há necessidade de você mentir para mim. Venha comigo", Hu Long mencionou, apertando a mão do outro e caminhando dessa forma carinhosa até um tronco de árvore que estava caído. "Sente-se aqui, vou subir em alguma árvore e pegar frutas."

Fai Chen abriu um sorriso, percebendo que Hu Long estava apenas preocupado com sua saúde e isso era extremamente afetivo. Mas, não queria que o mesmo se distanciasse dele, pois tinha medo de que algo viesse e o atacasse.

"Espere...", disse em voz alta, pegando novamente a mão de Hu Long e o puxando para seu lado, a fim de que ele se sentasse também. "Fique comigo. Não quero que vá sozinho."

Hu Long arregalou os olhos com aquele pedido e um certo aperto em seu coração foi sentido com a maior emoção do momento. O "Cegueta" estava preocupado com ele. Com sua vida.

"Você confia em mim?", fez uma pergunta séria ao cultivador que, ao ouvi-la, ficou preocupado.

"Sim..."

"Então, deixe-me pegar algumas frutas para você. Eu não vou morrer no caminho, não se preocupe", um sorriso maroto saiu do rosto de Hu Long, enquanto soltava a mão de Fai Chen e corria em direção a um conjunto de macieiras próximas, a fim de pegar algumas maçãs.

Não demorou muito até que o assassino tivesse voltado e Fai Chen, pode descansar em paz. Odiava deixar Hu Long sozinho, mas pelo menos agora ambos tinham algo para se alimentar.

"Pegue", o mais baixo disse, sentando-se ao lado de Fai Chen e entregando uma maçã em suas mãos delicadas. "Você precisa se alimentar."

"Certo... Obrigado", Fai Chen respondeu aceitando o fruto e sorrindo gentilmente. "Você deve comer também."

"Posso te beijar mais uma vez antes?", soltou uma risada baixa, querendo apenas ver a reação do outro homem.

"Hu Zhuang..."

"Brincadeira. Já estou com uma maçã em mãos", Hu Long por fim respondeu, mordendo o primeiro pedacinho do fruto e sorrindo enquanto via Fai Chen fazendo o mesmo.

Depois de um breve tempo, ambos já alimentados, o cultivador, com sua grande curiosidade e odiando o silêncio entre os dois, disse

"Hu Zhuang, eu já queria lhe perguntar faz um tempo... Na verdade, desde aquela crise que teve com Xiao Yan, mas...", engoliu sua saliva, tomando coragem para perguntar a respeito, mesmo que pudesse ganhar uma resposta não tão agradável. "Por que você tem tanto receio em confiar?"

O jovem assassino, ao ouvir a pergunta feita pelo cultivador, cruzou os braços e suspirou fortemente, sabendo que uma hora ou outra teria que começar a explicar suas atitudes tão desproporcionais aos sentimentos.

"Isso é culpa do clã Hong. Mentiram para mim sobre a minha vida...", começou a dizer, tentando controlar sua mente para não escapar nenhuma agressividade. "Às custas de criar uma máquina eficiente para matar quaisquer que fossem os inimigos. Sempre foi assim..."

"Uma máquina de matar? Como assim? E você...", não conseguiu terminar a sua frase confusa, pois Hu Long falou por cima.

"Cegueta... Algumas histórias... São muito pesadas para serem contadas..."

Fai Chen, sentindo que a áurea de Hu Long estava começando a mudar para uma de melancolia, estendeu sua mão já quentinha e pegou a mão suada do outro jovem, apertando-a. Abriu um sorriso preocupado e falou:

"Não há necessidade de me explicar. Eu apenas perguntei porque era uma dúvida que havia surgido desde aquela vez. Porém, se desejar explicar toda essa dor que sente dentro de seu coração, eu estou aqui", a voz do cultivador era tão delicada que até sua própria alma se acalmou.

O assassino, desde o primeiro momento que o homem mais alto o salvou, sentiu que poderia confiar nele, independente de quem fosse. Era como se já o tivesse conhecido. Então, a partir do momento que ambos começaram a caminhar juntos e não se desgrudaram, Hu Long finalmente pôde se sentir seguro e confiou com todo seu coração no cultivador vendado, que agora estava segurando sua mão e demonstrando que também confiava nele.

"Cegueta...", assim, voltou a dizer e em um tom de voz mais suave, querendo permanecer em um equilíbrio. "Está preparado para ouvir uma história?"

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- ale yang on -

De agora em diante, os capítulos serão flashbacks da vida de Hu Long e serão narrados pela visão dele. Quando voltar para o presente, avisarei.

Boa sorte, leitores! Espero que gostem da cruel história do Assassino de Olhos Sanguinários.

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Até domingo!

The Cultivation of the GazeWhere stories live. Discover now