capitulo 26🍃

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"O que eu era, não existe mais"

— Desconhecido

Boston/ 27 de março/ 12:53 PM

Não fôra bem o despertador que a acordou, quase dando uma da tarde, naquela quarta cinzenta e desanimada.

O despertador, para começo de conversa, havia sido desligado há muito tempo por Sabina, que somente se levantou de sua cama para desligar o barulho que estava a atrapalhando de dormir.

O que a despertou finalmente, fôra o barulho incessante e irritante da musiquinha da TV, que havia sido ligada por Erick, na sua programação costumeira de desenho.

Shivani  abriu um dos olhos, bufando, antes de enfiar a cabeça debaixo dos travesseiros, tentando fugir da claridade e daquele barulho, que somente aumentava sua dor de cabeça.

A ressaca, ela percebeu, estava a matando, principalmente quando seu estômago se revirou, fazendo-a finalmente se sentar no sofá, aonde dormira.

— Que horas são? — Perguntou para ninguém em especial, enquanto coçava os olhos para se acostumar com a claridade.

— dorminhoca... — Erick murmurou, virando-se apenas para vê-la fazer uma careta, antes de voltar para a TV. — Você tá fedendo, tia Shiv.

— E você é uma criança muito chata. — Ela retrucou, se levantando com dificuldade, e indo até o banheiro.

A sua situação, notou olhando no espelho, não estava nada boa.
Seus cabelos mais pareciam formar um ninho de cobras, seu rosto estava marcado, seu rímel havia manchado os seus olhos, dando a impressão de que ela havia ganhado um soco bem dado e para piorar, sua cabeça doía como nunca, e seu estômago não estava nada bom.

Estava bem pior do que da última vez, quando acordara dormindo em um banco de praça.

— Tia...a porta... — Ela escutou Erick gritar, fazendo-a sair do banheiro reclamando, por nem ter tido tempo de usá-lo.

No corredor, ela pôde escutar a campainha tocar sem parar, o que era bastante estranho.

Quem estaria perturbando as pessoas a essa hora da manhã?
Se é que estava cedo mesmo...

— Já vou. — Gritou, antes de se esbarrar no sofá, quase caindo. — Puta que pariu...

Xingou, finalmente alcançando a porta, e deixando que seu queixo caísse, quando ouviu o salto alto bater sem parar no chão, em sinal de impaciência,  e enxergou sua mãe parada na porta, nada muito fora do comum.

Assim como qualquer criança saberia dizer que um mais um é igual a dois, ela também já sabia que uma hora ou outra, sua mãe apareceria naquele lugar, pois não era nenhum segredo de que Sabina era a única amiga no qual ela contava verdadeiramente.

— Já chega de se esconder, Shivani Paliwal— Sua mãe sibilou, entrando para dentro sem muitas cerimônias, dando uma boa olhada pelo apartamento de Sabina. — Faltam poucos dias pro seu casamento e eu não estou a fim de fazer papel de boba perante a família May .

— Mãe. —  Shivani murmurou por fim, colocando a mão na cabeça.

Se antes ela já estava doendo, naquele instante, porém, parecia querer explodir.

— Você irá pra casa comigo!

— Eu não vou... — Shivani  sussurrou, a vendo se sentar no sofá, e dirigir um olhar intrigante e presunçoso para Erick, que continuava entretido nos seus desenhos.

— O que você acha, pra mim não importa. Você vai, e ponto! — Renata  parecia decidida a levá-la a força caso necessário, com medo de que shivani fosse mudar de ideia. — O que estou fazendo, é para o seu futuro. Não quero vê-la grávida, solteira e sem dinheiro, assim como sua amiga!

— Mãe! — Shivani  elevou a voz, andando até Erick. — Por que não vai brincar com o presente que o noah  te deu, Erick?

O menino assentiu confuso, indo para o seu quarto.

Discutir aquilo em frente à uma criança, era para shivani, imperdoável!

— Eu preciso de tempo. — Ela se voltou para sua mãe, estressada. — E você não está me dando. Era o mínimo que deveria fazer por mim após me submeter a um casamento sem amor.

— Pare de besteiras. — Renata resmungou, cruzando as pernas em elegância. — Quando irá perceber que o amor é apenas uma distração para que perca o foco dos seus verdadeiros objetivos? — E então, ela se levantou, ficando em frente à sua filha, e segurando o seu rosto com certa admiração. — Você é minha maior obra de arte, Shivani . E em breve será a fonte da minha fortuna.

— Você me dá nojo. — Shivani  engoliu em seco, encarando aquele olhar que mais parecia a de um caçador, ao ver sua presa.

— Está avisada! — Renata se afastou, pegando sua bolsa. — Tem até dia primeiro para fazer o que quiser fazer da sua vida. Eu não ligo! Mas, não me importa se tenha se apaixonado, se engravidado ou o que for...eu a quero naquele casamento! Custe o que custar...

— Eu prometi.. — A raiva que sentia de si mesma naquele momento, não estava escrito. Era humilhante ter que se vender daquele jeito, apenas para o bem e o prazer de sua mãe. — Eu prometi para você que iria até o fim com isso, mesmo sendo absolutamente contra.

— Que bom. — Sua mãe sorriu, satisfeita. — E não se esqueça...é até dia primeiro. Depois disso, pode esquecer essa sua vida de farras e diversão.

Shivani segurou com força a almofada do sofá, a tacando com tudo assim que a porta se fechou, e com ela, o seu pior pesadelo fôra embora.

Mas infelizmente...por pouco tempo...

A sua mentira em abril  (Noavani)Where stories live. Discover now