Capítulo 3 - A Festa

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Ochaco chegou em casa acabada. Passava das sete da noite, estava com fome, triste, com raiva e decepcionada; tinha algumas expectativas para aquele dia que não passaram nem perto de serem atendidas. Ela e Katsuki estavam perfeitamente bem durante manhã, lutaram normalmente, aprenderam o estilo de luta um do outro, ele até a elogiou quando ela conseguiu derrubar Medusa no treino sem individualidades!

Mas a tarde havia sido terrível. Ainda sentia os lugares onde foi acertada doerem, tinha marcas roxas por todo o corpo e tivera que passar em um hospital para pegar remédio para dor e colocar um pulso deslocado no lugar. Além, é claro, do seu orgulho ferido.

Não era fácil para ela admitir que fora simplesmente esmagada. Estava treinando para voltar tinha algum tempo, aperfeiçoara algumas técnicas novas, tentou pensar em inúmeros planos para derrotar a chefe, mas não era tão simples, ela era uma profissional habilidosa e experiente o bastante para pôr os dois debaixo do braço. Só não era mais frustrante do que a falta de senso de Bakugou.

Certo que ela reconhecia que não era legal perder e que aquela surra foi completamente vergonhosa, mas a falta de noção dele ao por toda a culpa de perderem nela era um absurdo. Sabia que não deveria ter revidado as provocações, mas era tão irritante ser tratada como fraca! Havia trabalhado muito para chegar onde estava e achava infantil a picuinha dele em não admitir seus erros e não querer pensar em um plano juntos. Era uma solução que combinava com o que Medusa desejava que eles fizessem.

Suspirou, percebendo que sua cabeça estava começando a doer por conta do estresse e, apesar de já ter tomado banho na empresa, Ochaco decidiu que precisava relaxar um pouco e colocou a banheira para encher, jogando alguns sais de banho perfumados dentro. Ligou uma música qualquer no Ipod e prendeu os cabelos em um coque, para não molhá-los, regozijando-se quando um arrepio leve percorreu sua pele por conta da água morna, que acalmava gradativamente os seus nervos.

Segura de que iria dar um jeito em tudo depois de sua suspensão - e esse termo a fazia se sentir como um estudante novamente -, resolveu que iria aproveitar esse tempo para cuidar dos machucados e estar melhor quando fosse a hora de voltar. Além disso, precisava estar bem para o dia seguinte, já que tinha um evento importante.

Até que ficar esses dois longe da empresa não seria tão ruim, ela concluiu afinal; seria péssimo chegar no aniversário da socialite mais badalada de Tokyo acabada e ter de voltar cedo para trabalhar no outro dia.

***

No final, Bakugou acabou passando aquela noite toda sozinho; Kirishima aparentemente tinha uma missão em outra cidade e só voltaria no dia seguinte, marcando para saírem quando estivesse de volta a Tokyo. Sem saber o que fazer, o loiro pediu uma pizza e colocou um filme qualquer na Netflix, se jogando no sofá enquanto esperava, ato que o fez franzir o rosto quando sentiu o corpo todo doer.

Aquele fora o pior treino de sua vida de longe; provavelmente estava com a pele marcada depois da surra, mas a dor só fazia aumentar ainda mais a sua raiva. Não sabia exatamente do que ou quem estava sentindo raiva, se de Kayoko, de Uraraka ou dele mesmo, mas sabia que adoraria bater em alguma coisa naquele momento até cansar ou se machucar. Sentiu o celular vibrar no bolso do moletom e leu uma mensagem da chefe pela barra de notificações:

"Sei que fui dura com vocês hoje à tarde e que deve estar irritado, mas gostaria de conversar com você em particular. Chegue mais cedo à agência na sexta e vá direto à minha sala."

Jogou o celular, que quicou sobre o sofá e suspirou, passando as mãos pelos cabelos e os puxando em seguida, sem saber realmente por que estava tão mexido com a situação. Imediatamente, Ochaco levantando os dedos do meio para ele e o chamando de escroto veio-lhe à mente e o loiro se surpreendeu ao perceber que reprimia um sorriso, mesmo na situação de merda em que estava.

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