- Você já andou de moto alguma vez? – Ele pergunta com a voz fraca, quase inaudível. Balanço minha cabeça de um lado para o outro. – Para tudo tem uma primeira vez então.

Ele se levanta e pega na minha mão, me puxando para cima.

- O que? – Digo assim que fico sobre meus pés. Ele só pode estar louco! Até parece que eu vou subir naquela maquina da morte! Ainda mais com ele! – O que faz você pensar que eu vou subir naquele treco com você?!

- Você precisa espairecer. É o que eu sempre faço quando fico chateado, deixo o vento bater no rosto sem pensar em nada. – Ele fala enquanto caminha até a portaria. – Espere dois minutos que vou pegar a moto.

Eu só posso estar em um daqueles dias em que fico no piloto automático, sem me preocupar com nada, sem falar nada, sem ir contra nada. Apenas confirmo tudo com um aceno. Pois em menos de cinco minutos eu estou com os braços na cintura do Brian, um capacete na cabeça e levando um vento gelado no rosto.

Provavelmente amanhã minha cabeça irá girar e eu irei ter vontade de me bater quando lembrar o que fiz nessa noite. Mas a verdade é que hoje, agora eu não me preocupo com nada. Nem com meu cabelo voando para fora do capacete, nem com minha roupa, nem com meus pés descalços, nem com o que aconteceu no meu quarto à uma hora, nem com o fato de eu estar em cima de uma moto com o garoto mais arrogante que eu já conheci.

Tudo que eu sinto agora é o vento batendo. Incrivelmente ele tinha razão. Isso é libertador.

- O que você achou? – Ele para a moto na frente do nosso prédio. Tiro o capacete e entrego para ele. Quero nem imaginar o estado dos meus cabelos depois de tanto vento que levou. E ele parece também não notar isso, está com um sorriso presunçoso e sei que se eu realmente falar o que eu achei ele vai falar um belo “eu te falei”.

- Até que foi legal. – Digo enquanto finjo desinteresse e dou de ombros. – Obrigada.

Seu sorriso se abre e ilumina todo seu rosto. Me viro e antes que eu possa dar um passo ele segura novamente meu braço, me fazendo girar e ficar tão perto dele que eu praticamente perco minha respiração. Com certeza eu deveria empurrá-lo ou dar dois passos para trás, ficando em uma distancia segura. Mas meu cérebro parece ter congelado naqueles olhos, que intercalam seu foco entre os meus olhos e minha boca.

Antes que eu perceba qualquer coisa, sua boca já está na minha. Uma parte do meu cérebro grita para empurrá-lo. Outra parte insiste em que eu relaxe. Infelizmente, ou não, eu dou ouvidos a essa outra parte. Jogo minhas mãos ao redor do seu pescoço e sinto as mãos dele em minha cintura. Ao contrario do último beijo que recebi, esse é intenso, seus movimentos são ágeis e eu perco o ar com facilidade.

Quando finalmente nos afastamos e não sei o que falar. Por isso eu corro.  Claro que essa não é a atitude mais madura no momento, mas tudo que eu tenho feito nas últimas horas não tem sido muito bem pensado. Evito pegar o elevador para não ter que esperar na portaria e dar tempo do Brian vir atrás de mim, apesar de eu saber que ele não faria realmente isso.

Ele não é do tipo que corre atrás de garotas. Ele é do tipo que lança um sorriso e a garota vem atrás dele. É do tipo que faz piadas sem graça e elas riem como se ele fosse o mestre de comédia. Meus pés sobem os degraus cuidadosamente para não escorrer nem pisar em falso. Tento me concentrar apenas nisso. Um pé em cada degrau.

- Rebeca! Dá para você parar de correr pela escada, pelo amor de Deus?

Eu paro de correr. Sua voz me atinge como uma flecha e só agora que parei percebo o quanto meu coração está acelerado e minha respiração ofegante. Não sei se foi realmente por causa da escada.  

- O que te deu? – Ele finalmente aparece no meu campo de visão. Seu rosto está confuso, quase que com uma careta. Sua respiração também está ofegante.

- Olha, eu não sou como você. Eu não sou como as garotas que você anda. E um beijo para mim tem que significar algo, algum sentimento, por mínimo que seja. E essa não é uma boa hora para brincar comigo. Nunca é uma boa hora, na verdade. Mas essa definitivamente é a pior hora. Por isso, por favor, me deixa em paz.

Antes que ele possa dizer qualquer coisa eu volto a subir a escada. Não corro mais. Apenas subo as escadas depressa. Uma parte um tanto idiota de mim quer que ele diga que não está brincando comigo e que o beijo para ele também significado. Mas ele não faz isso, mostrando que minha parte sã realmente estava certa.

 ***

PLÁGIO É CRIME. DENUNCIE!

Gostou do capitulo? Me deixe saber disso! Dê uma estrelinha e deixe sua opinião sobre os acontecimentos desse capitulo aqui nos comentários! É muito importante para mim!

Just a Year - (COMPLETA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora