one & only

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você vai
vento vem
e no fim,
vazio fica

então eu fui
em busca de ti.

desesperado pelas ondas de sentimentos, mesmo que com potencial devastador, percorri várias léguas terrestres hipnotizado pelos raios solares, mesmo que eles fizessem minha vista doer.

descalço, já no alcance da areia e da vista do mar, de beleza periculosa, o vento forte bagunçava meus cabelos, aturdiava minha audição. seguia passos às cegas, entorpecido. quando as águas já cobriam os meus pés e arrepiavam o corpo, decidi por não imergir logo; caminhei pela margem até alcançar o fim da orla, onde se encontravam as pedras.

as suas expressões e atitudes me atormentando e o sabor salgado de me perder na ilusão presente ali. desabotoei a blusa e a larguei na areia.

fui escalando as pedras escorregadias, ralando o joelho, cortando a palma da mão, e ao chegar lá em cima, finalmente de pé, me dei conta que era tudo uma baita mentira, para todos nós, que nos engoliu, e nada mais me restava, até os pedaços do meu coração foram com o vento. dessa vez eu não iria me encolher e chorar.

abri os braços, encarei o sol uma última vez até meus olhos não aguentarem mais a luminosidade e se fecharem. a corrente de ar me deu um empurrãozinho e splash!

eu nem resisti. só rezei (para que pelo menos dessa vez eu fosse útil e alimentasse os golfinhos, eles usavam mais do cérebro do que eu, seria uma cadeia racional, e bem), eu estava farto de ser comida de tubarão.

eu morri no meu lugar favorito e esperava que isso fosse bom, me desse um pingo de alegria e conforto momentâneo. a realidade dói bem mais que sal na ferida. a areia te prende, a maré te puxa e já é tarde demais.

LIDORE ¡! X1Where stories live. Discover now