6. so much that we could've said, so much that we never said

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Leo concordou a contragosto. Seus números não eram tão variáveis assim, ele só tinha a má sorte de ficar fora de jogos realmente importantes que culminavam em resultados abaixo do esperado do time da Oak. Não era uma grande surpresa, Hawkins já mostrava que era um jogador importante desde que tinha subido para o time principal, e a sua ausência no gelo era notada por qualquer um que acompanhasse o time universitário.

— Treine dobrado, fique até tarde, acorde mais cedo... Eu não dou a mínima com como você vai fazer isso, mas eu vou cobrar o melhor. Não me desaponte.

— Não vou, treinador.

Foi a única coisa que Leo falou antes que ele o deixasse sozinho com seus próprios pensamentos, com sua ficha começando a cair ao levantar todas as expectativas que tinha para aquele semestre.

Era sua última chance.

A última de provar para o seu pai que ele tinha algum futuro no esporte e fazê-lo entender que ele seria mil vezes mais feliz no gelo do que vestindo terno e gravata e trabalhando no ramo da família.

Formaria como economista, mas como poderia viver o resto da sua vida assim?

Treinaria dobrado ou até triplicado, se necessário, para conseguir a atenção de algum dos olheiros que frequentavam os jogos universitários das principais universidades do país. Esperava ter um pouco de sorte, também, para se destacar em uma partida com uma presença importante. Sabia que seria um bom candidato ao profissional se conseguisse alguma atenção.

Remi já tinha sugerido que podia ajudá-lo com isso se Leo aceitasse, usando todo o caminho de ouro que ele tinha por seu pai ser John Vince, atual reitor da Oak. 'Só um convite a um olheiro, Leo, porra', Remi tinha dito no meio de uma das discussões sobre o assunto, depois de repetidas negações de Hawkins.

Ele não tinha interesse. Preferia fazer as coisas do seu jeito, por mais complicadas que elas se tornassem dessa maneira.

Não teve muito tempo para refletir mais sobre o assunto e a conversa com o treinador, correndo em direção ao vestiário assim que checou o horário no relógio digital que também servia para marcar os pontos e o tempo em dias de jogo. O maior problema daqueles treinos que começavam de madrugada era que poucas eram as vezes que os jogadores conseguiam chegar a tempo para a primeira aula, se ela começasse às oito como o usual.

Como ainda não tinha aprendido a estar em dois lugares ao mesmo tempo, Leo tomou banho o mais rápido que conseguiu antes de disparar pelo campus até o prédio onde começaria o seu tempo extra de punição por todas as escolhas erradas feitas em sua vida. Ou, como estava escrito na sua grade de horário, a aula de microeconomia intermediária.

Ainda estava na segunda semana de aula e já se lembrava exatamente porque ele odiava tanto aquela matéria.

Chegou junto com a professora Wes, que mesmo assim pareceu incomodada de não vê-lo na sala quando cruzou a porta de madeira, acompanhando-o com o olhar até que ele estivesse sentado, novamente, no único lugar vago que havia no auditório lotado.

Na fileira atrás de Nina Houston.

Ela, dessa vez, fingiu que não viu quando ele passou ao seu lado, deixando apenas um rastro de perfume e de banho recém-tomado. Leo, apesar de ter olhado em sua direção, não forçou simpatia, ainda sem saber como prosseguir depois da festa do sábado.

Tinha sido muito para assimilar. Passara boa parte do domingo, entre idas ao banheiro para se livrar de todo o álcool e remexidas em cima da cama sem encontrar uma posição que não parecesse que ele estava morrendo, pensando sobre Nina e tudo o que tinha acontecido entre os dois. Lembrava perfeitamente da jogada arriscada dela, da provocação em seus olhos verdes, da antecipação a cada arremesso, do olhar de desejo dela em seu corpo e do mesmo vindo dele assim que ela se livrou da maldita meia calça que ainda deveria estar em algum lugar na sua sala.

Dirty Laundry ✅Where stories live. Discover now