Ser LGBTQIA+

Sair do Armário

Um das coisas mais difíceis para um LGBTQIA+ é se assumir para a família, é preciso estar preparado para tomar essa atitude, e ter certeza de que estará seguro. Infelizmente não consegui ter essa escolha, minha mãe descobriu e eu não estava preparada para conversar com ela sobre a minha sexualidade.

Foi a pior conversa que já tive em toda minha vida, ela não me abraçou nem disse que me amava acima de tudo , como vimos nos filmes, isso não aconteceu porque vivemos em um mundo distópico onde as pessoas não conseguem enxergar o óbvio. Uma das primeiras coisas que minha mãe me disse foi: " Dentro da nossa religião isso é encosto". Nunca tinha escutado algo tão pesado, quando ouvi aquelas palavras fiquei sem reação. Durante muito tempo fiquei remoendo aquilo, era uma tortura. Depois dessa conversa ela mandou eu tirar o emoji da bandeira LGBTQIA+ do meu perfil das redes sociais e me colocou numa terapeuta para eu me entender melhor, depois disso começou a agir como se nada tivesse acontecido e ignorou a minha sexualidade.

Não ter escolhido me assumir dificultou as coisas, toda vez que eu lia uo via algum vídeo sobre a comunidade LGBTQIA+ eu ficava fragilizada, e quando assisti a parada ao vivo de 2019 fiquei chateada por não pode assistir em família. A possibilidade de nunca ser aceita me assutava, e perceber que eu tinha mais apoio dos meus professores do que da minha própria mãe foi muito doloroso, por mais que tivesse a sorte de não ser expulsa de casa era difícil ouvir " Você precisar arrumar um namorado", minha mãe dizer esse tipo de coisa mesmo sabendo que sou LGBTQIA+ só mostrou como ela negava minha sexualidade. Demorei para entender que não posso esperar por algo que pode não acontecer nunca.

É muito triste saber que jovens ainda são expulsos de suas casas por serem quem são e amar, o ódio e a intolerância estão enraizados dentro da sociedade. Por isso, se assumir deve ser uma escolha tomada com muito cuidado, segurança deve estar em primeiro lugar.

Sair do armário para os amigos costuma ser mais fácil. É bom ter o apoio dos amigos, principalmente quando se tem o da família, é saudável ter em quem confiar. O meus foram essenciais durante a minha descoberta, me apoiaram e me ajudaram muito, foram minha família. Os meus amigos foram as primeiras pessoas com quem falei sobre minha sexualidade, e com o tempo muitos também se descobriram.

Lembro-me de quando comuniquei sobre o assunto com minha melhor amiga, Luísa, nos conhecemos desde o maternal. Atualmente ela mora em Petrópolis, com isso, tive contar por mensagem e ela disse: " E daí". Foi a melhor reação, ela não se importou, o eu gostar de mulheres não significou nada. As pessoas deveriam se importar menos com a sexualidade e gênero alheio. Tudo seria mais fácil se não houvesse a necessidade de contar para as pessoas, nenhum hétero cis chama a família para contar que é hétero, essa deveria ser a realidade de todos, ter que se assumir para as pessoas só prova que ser LGBTQIA+ ainda é visto como algo fora do normal, incomum.