Capitulo 5- Como você faz isso?

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O celular dela começou a vibrar, alguém estava ligando.

A essa hora?

A menina pensou enquanto pegava o celular.

— Alô?

— Oli, bora sair, tá todo mundo aqui reunido na casa do Yoongi — um menino falou, Olivia não reconheceu a voz dele, mas reconheceu a do próximo.

Alguém pegou o celular e falou.

— Oli, vem pra cá! Eu quero te ver — Yoongi disse animado e levemente bêbado.

— Vou pensar — ela estava sem graça de recusar, estava chocada que as pessoas estavam pensando em festa enquanto tudo isso acontecia na cidade, parecia mesmo uma alucinação que apenas Olivia via.

Ninguém que se dizia amigo dela perguntou uma vez sequer como estava se sentindo em relação a tudo isso, ou se desmostraram preocupados com Jae. A popularidade mascarava a falsidade de todos. Por mais que não se sentisse completamente confortável no grupo dos populares, ainda tinha uma pequena esperança de maior empatia dos colegas.

— Veeeem — a voz dele já indicava que ele tinha bebido mais do que devia.

— Ok — a menina disse sem ter certeza.

Ela desligou o celular, levantou da cama, olhou as horas no aparelho, era meia-noite, a mãe já estava dormindo pesado por conta dos remédios. Olivia resolveu colocar uma calça jeans para complementar a blusa preta larga que estava usando para dormir.

Saiu de casa sentindo o vento morno batendo em seu rosto, era verão e o tempo estava agradável a noite.

Pensou em vários motivos pelos quais estava indo para a casa de Yoongi naquele momento, mas o mais importante era que a menina precisava saber o que estavam falando de Jae, e se alguém tinha mais informações para ela, em uma cidade tão pequena todo mundo sabia de alguma coisa.

***


—Oliii! — Yoongi que já estava super bêbado falou arrastando o "i" do nome. Olivia odiava ainda mais aquele apelido porque tinha sido seu namorado que havia dado a ela e agora ele estava desaparecido com o pai morto, aquilo causou um aperto em seu peito.

— Você deveria estar bebendo? Você é menor de idade — ela olhou para o copo cheio de cerveja.

— Para de ser chata, todo mundo aqui vai fazer dezoito ano que vem, alguns já até tem, vem beber algo — Yoongi puxou Olivia pelo braço e a levou até a cozinha onde havia mil copos descartáveis sujos de bebidas diferentes.

Olivia aproveitou que uma menina distraiu Yoongi com uma breve pergunta e pegou um copo d'água para fingir que estava bebendo vodka. Ela não gostava de beber, além dos efeitos colaterais, ela não gostava de ter seu rendimento comprometido na corrida.

— Oli, você vem para piscina com a gente? — Algumas perguntaram, Olivia não conhecia nenhuma das meninas que a convidaram, mas elas aparentemente sabiam que Olivia era, as meninas não esperaram resposta, tiraram suas roupas e pularam de calcinha e sutiã na água.

Onde estavam os pais de todo mundo? Que caos.

Mas se tinha algo que Olivia havia aprendido convivendo com adolescentes ricos e sendo ela mesma uma, os pais com dinheiro só tinham filhos para agradar uma sociedade que exige uma família tradicional perfeita, mas por trás, as fofocas e reuniões de condomínio mostravam como eram ausentes na vida desses adolescentes, alguns chegavam a ser violentos e egoístas com seus filhos.

Pai de Olivia era um exemplo disso. A mãe da menina nunca havia pedido dinheiro a ele, mas o colocou na justiça quando abandonou a própria família por motivos desconhecidos. A mãe de Olivia tinha feito aquilo só para que ele sentisse como é ter obrigações, mesmo que seja apenas com a lei obrigando-o a ter um mínimo contato com a filha.

Olivia respirou fundo, ela sentiu falta da sua mãe forte que não tinha medo da própria sombra, da mãe que a defendia e dava colo quando a menina estava triste. Essa mãe tinha existido, mas não aparecia havia anos.

— Você sabe onde tá seu namorado? — Um garoto alto e magro, que sempre andava com Jae pelos corredores da escola falou interrompendo os pensamentos de Olivia. Ela não fez questão de gravar seu nome e ele percebeu.

— Jimin, prazer — ele disse com um certo sotaque, o menino esticou a mão e ela respondeu ao cumprimento.

— Jimin, prazer — ele disse com um certo sotaque, o menino esticou a mão e ela respondeu ao cumprimento

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— Eu acho que ele está com a mãe — Olivia disse sem graça, pois estava mentindo, não sabia de nada.

— Ah que bom, achei que ele estava ainda no SPA.

— SPA? — Olivia disse sorrindo tentando disfarçar que não sabia da informação.

— Fui na casa dele, e a mãe disse que ele estava no SPA fora da cidade, que ele precisava relaxar.

— Eu entendo, também preciso — a menina deu um sorriso meigo — você sabe qual o nome do local? Eu to precisando muito de um tempo off da escola — ela já odiava a personagem que interpretava naquele momento.

O garoto deu um sorriso de lado e deu um gole em sua bebida, ele era bonito e sabia disso, com seus cabelos castanhos, lisos, levemente compridos, e sua pele sem nenhuma marca de espinha, o que era raro para um adolescente, todo mundo prestava atenção nele na escola, menos Olivia.

— Eu super entendo, eu estava animado para o acampamento, mas foi adiado e talvez nem aconteça mais por causa dessa merda toda.

— Então...

— O quê? — O rapaz perguntou.

— O nome do SPA.

— Ah sim, é R. Care.

Care de cuidado em inglês?

— Isso mesmo.

Olivia sorriu satisfeita.

— Muito obrigada, Jimin. Ai eu estou tão estressada, sabe? Ser estudante é muito difícil cara, imagina quando a gente trabalhar? — Disse a menina tentando se adequar ao padrão mimado dos outros.

— Nem me diga, meu pai é chefe de polícia e ele tá super estressado e me estressa junto. Disse que ainda estão estudando o caso da morte, pra que né? O cara já morreu, foda-se — Jimin riu de forma desengonçada, mas Olivia ficou séria, ela estava com raiva como nada importava para aquelas pessoas.

Talvez fosse ela que se importava demais? Não sabia, estava cercada de futilidade, talvez isso estivesse afetando seus pensamentos.

— É... — Ela respondeu sem humor. Jimin voltou a beber e o silêncio se instaurou entre os dois, a cabeça de Olivia estava em outros lugares.

— Me passa seu número? — Olivia pediu, surpreendendo o rapaz.

— Não perde tempo, né? — Ele deu um sorriso safado — gosto assim.

Olivia se segurou para não revirar os olhos ou fingir uma cara de vômito. Em vez disso, sorriu amigavelmente na tentativa de parecer um flerte.

Eles trocaram números de telefone. O rapaz achou ótimo, pois Olivia era linda e popular, e a menina estava satisfeita porque conseguiria ter um possível contato dentro da polícia caso precisasse.

Agora sentia que poderia dar andamento para descobrir que merda estava acontecendo naquela cidade.

Não Confie Em MimWhere stories live. Discover now