- Acabou de perder dez reais – Minto. E sei que ela não vai acreditar. – Olha, tô chegando em casa agora depois nos falamos, ok?

Antes que ela possa dizer qualquer coisa eu desligo o telefone e volto a correr. A verdade é que eu quero evitar ao máximo falar com a Babi sobre qualquer cara e eu já estava quase dando com a língua nos dentes e falando para ela que o Guilherme havia me mandado um pedido de amizade.

Foi bem difícil não apertar o confirmar amizade quando ele está sem camisa com um mar maravilhoso ao fundo. Foi nesse mesmo instante em que eu fechei o notebook. Eu realmente não se se devo adicionar ele. E eu sei que a Babi vai me infernizar tanto que eu não terei outra opção ao não ser apertar aquele botãozinho azul e ter ele no meu mural de amigos.

Não sei também se terei coragem de deixar ele para sempre lá. Ele é um dos garotos mais legais que eu conheci, apesar disso não contar muito já que eu sou um imã para garotos idiotas.  E beija bem. E mora em outro estado. Por isso evito pensar no Guilherme, minha cabeça sempre dá um nó. Mais um nó.

Assim que começo a subir os degraus que levam até a portaria do prédio ouço passos apressados atrás de mim e risadinhas estridentes. Eu conheceria essas risadas de longe.

Brian e Cecilia passam abraçados bem ao meu lado. Ela está com um biquíni rosa pink e um cropped de renda por cima, seus cabelos loiros estão molhados e seu short jeans também. Assim que entramos no mesmo elevador ela resolve abrir sua boca, infelizmente em minha direção.

- Ei fofinha, você estuda com a gente né? – Ela me lança um olhar de cobra apesar de sua voz ter uma falsidade fofa. Apenas aceno com a cabeça em confirmação e finjo que estou mexendo no celular. Bom, ela parece que não entendeu a deixa, pois continua a falar. – Eu sei que você é nova, mas sinceramente não acho que seja uma boa ideia você ir com um moletom tão grande, sabe? Pode pegar mal.

Eu poderia deixar meu celular cair se eu não tivesse apertando ele com tanta força. Eu devo estar com aquela cara de petrificada que eu sempre faço quando escuto algo muito absurdo. Para minha sorte o elevador faz um pling indicando que meu andar chegou. Saio quase que correndo.

A Penélope me contou quando estávamos voltando para casa que já faz quatro anos que a Cecilia é simplesmente apaixonada e não desgruda do Brian. Aparentemente ela deve ter se sentindo ameaçada quando o Brian me salvou de cair e derrubar todo mundo que estava atrás de mim, inclusive ela.

Não consigo entender mente de gente ciumenta.

Assim que entro em casa percebo que a Vanessa voltou de viagem, pois toca uma música animada e tem várias coisas espalhadas pela sala. Da primeira vez que vi a Vanessa pensei que ela fosse uma dessas mulheres que adora ter sua casa incrivelmente organizada e decorada.

Na verdade a Vanessa se mostrou uma das pessoas mais alto astral que já conheci. Não é ainda como se eu amasse ela, mas sei reconhecer quando alguém faz bem a outra, e é assim com ela e meu pai.

***

- Filha? Posso entrar? – Meu pai fala enquanto coloca sua cabeça por dentro da porta, isso me faz rir. Sem precisar de uma resposta ele entra no meu quarto e se senta na cadeira da escrivaninha. – Então, como foi o primeiro dia de aula?

- Normal, eu acho. – Falo tentando pensar em algo demais que mereça ser contado. Desde que eu comecei a ir pra escola meu pai sempre vem no meu quarto em todo primeiro dia de aula me perguntar, claro que isso mudou completamente quando ele se mudou. – Claro que tirando a parte em que o professor fez com que eu me apresentasse para todo mundo e quando eu escorreguei na escada da escola. Mas calma, não cheguei a cair.

- Pelo amor de Deus Rebeca! E se você cai? Sua mãe ia me matar! – Até parece que ela ia matar ele, minha mãe no máximo me ligaria e faria aquela vozinha que ela sempre faz quando fico doente e ia dizer ‘vai ficar tudo bem’. Não digo isso a ele e deixo que ele continue com sua bronca enquanto eu apenas balanço a cabeça para cima e para baixo. – Rebeca, queria falar uma coisa com você. Algo importante.

Ele dá um fim a sua bronca interminável e fala com sua voz séria. Foi essa mesma voz que ele falou comigo quando disse que ia sair de casa, a mesma expressão, os lábios formando uma fina linha. Isso faz com que meu coração pare e de repente comece a bater mais acelerado que o normal.

- Eu estava conversando com sua mãe e ela deixou escapar que você simplesmente não faz a menor ideia do que você quer fazer na faculdade.

- O que? – Eu solto um grito e posso quase explodir de raiva e felicidade. Todo esse desempenho, expressão séria, voz fria apenas para falar de faculdade? – Pai, você quase me matou do coração! Achei que fosse algo sério!

- E seu futuro não é sério, Rebeca? Antes de fazer quinze anos eu já tinha absoluta certeza do que eu queria para minha vida – Até porque seu pai lhe obrigou, penso e minha língua coça para dizer, mas acho que a situação pode se complicar ainda mais. – Você já tem 17 anos e não sabe nem se vai para a faculdade! O que você pretende fazer?

Deixo ele me dar sua enorme segunda bronca. É bem típico do meu pai ter essas alterações de humor do nada. Em um minuto ele entra de mansinho pelo meu quarto e no seguinte quer me matar.

- Que tipo de futuro você acha que você vai ter Rebeca? Sempre te coloquei nas melhores escolas, sempre te dei tudo e garanti que você tivesse uma educação de qualidade. O mínimo que você pode fazer é ter um futuro brilhante! – Meu pai eleva cada vez mais a sua voz. – Filha minha entra na faculdade sim, e faz direito ou medicina!

Essa é minha deixa para sair do quarto. Eu sinceramente não aguento mais ouvir. Já imaginava que em breve ele iria fazer um showzinho desses, e o pior é que eu sei que ele não vai desistir enquanto eu não concordar em fazer a faculdade que ele quer ou ficar louca. E tudo indica que está mais para a segunda opção.

- Rebeca, onde você pensa que vai? – Ele grita do outro lado da sala, no exato momento em que a Vanessa aparece da cozinha com uma cara confusa e eu estou com a porta entreaberta.

- Deixa ela ir – Para minha surpresa a Vanessa fala.- Vocês dois estão alterados, esse tipo de coisa se conversa com calma. Olha o estado dela. Ela precisa tomar um ar.

Antes que meu pai diga qualquer coisa eu saio e fecho a porta atrás de mim. A verdade é que eu não tenho para onde ir. Em São Paulo eu sempre tinha a casa da Babi ou da minha vó, já que ambas moravam perto de mim. Aqui eu não tenho exatamente lugar nenhum. Principalmente às oito horas da noite!

Opto por descer as escadas ao invés de esperar o elevador chegar. Ultimamente não está sendo uma boa ideia entrar nesse elevador. Assim que consigo descer a escada absurdamente rápido, me sento no último degrau e choro.

Eu sabia que as coisas estavam boas de mais para ser verdade. Tudo estava muito calmo e tranquilo, e sempre que as coisas estão assim é um indicativo para mais uma tempestade. Acontece que hoje era o dia em que meu pote da paciência já estava cheio. E bastou essa briga para que ele transbordasse.

- Você tá bem?

Respiro fundo. Reconheço a voz sem nem ao menos olhar para a cara. Só era o que me faltava. Brian.

***

PLÁGIO É CRIME. DENUNCIE!

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Just a Year - (COMPLETA)Where stories live. Discover now