Desde o dia em que o Brian decidiu me seguir, mudei todos os meus horários de corrida. Aproveitei e comecei a correr de manhã cedo, antes das seis da manhã. Foi o maior sacrifício que tive que fazer, mas foi algo bom. Nunca imaginei que acordar de manhã cedo fizesse tão bem. E desde então só encontrei com ele uma única vez, enquanto voltava da sorveteria com a Vanessa e vi ele saindo de casa com uma garota loira na moto. Quando passou por mim ele deu uma leve piscadela o que despertou em mim uma pequena fúria. E só de imaginar que vou ter que ver ele cinco dias da semana por um ano...

- A pizza chegou! – Meu pai comemora e me tira da nuvem negra que estava começando a se formar em meus pensamentos. Dou um leve sorriso e corro animada atrás dele, nesse momento não tenho receio nenhum em me parecer com uma criança de cinco anos. Gosto desse sentimento familiar de felicidade simples.

***

Meu despertador soa estridente e minha vontade é fazê-lo beijar a parede. Passei a semana inteira acordando as cinco da manhã sem reclamar e hoje eu acordo as seis e com uma vontade de matar qualquer pessoa que passe pela minha frente.

Me arrasto vagorosamente para fora do meu cobertor quentinho e sou retribuída com um vento gelado que vem da janela. Minha vontade é de voltar correndo par dentro do cobertor r inventar uma doença qualquer, mas não tem como fazer uma doença de mentirinha durar por um ano e mais ou cedo ou mais tarde terei que enfrentar a nova escola, apesar de grande parte de mim querer adiar esse acontecimento fatídico.

Resolvo soltar meu cabelo hoje e o deixo natural mesmo, afinal, fazer escova nessa chuva é realmente pedir para ficar mais armada que guarda-chuva. Passo uma leve camada de maquiagem e um traço fino de delineador, um pouco de rímel um batom rosa. É muito raro eu usar maquiagem, principalmente para ir a escola, mas hoje é o primeiro dia e não quero que eles achem que eu sai do elenco de The Walking Dead.

Quando entro no elevador dou de cara com o Brian. Claro que sim, afinal moramos no mesmo prédio e estudamos na mesma escola, pior ainda, na mesma sala! Faço uma nota mental para começar a sair de casa mais cedo.

- Oh não precisava caprichar tanto assim pra mim – Ele diz assim que as portas do elevador se fecham. Menino esperto, se ele tivesse dito isso antes eu teria dado um pulo para fora do elevador e descido de escada.

- Quer uma carona, linda?

- Eu? Subir naquela sua maquina da morte? Com você? – Dou uma enfatizada dramática na última pergunta antes de dar uma gargalhada forçada que soa muito mais alta do que havia planejado.

Assim que escuto o pling do elevador praticamente dou um pulo pra fora e começo a andar rápido como se tivesse sendo seguida por um cachorro. O que, na verdade, é quase a mesma coisa.

- Olha que você vai se arrepender, viu? – Ele fala alto o suficiente para que eu escute e isso me faz revirar os olhos.

***

Meu guarda-chuva quebrou e eu tive que passar quase dez minutos esperando um ônibus embaixo de uma chuva fina. Para completar o ônibus estava tão cheio que se alguém se abaixasse teria que passar a viagem inteira lá e ainda correria o risco de ser pisoteado. Ainda tive que correr até a escola e implorar para o porteiro me deixar entrar.

Desde a hora que vi a cara do Brain no elevador eu sabia que esse seria um dia daqueles, e ainda mais depois dele praticamente ter me jogado uma praga. Mas não me arrependo. Passaria por isso todos os dias, mas não subiria naquela moto!

Quando chego na sala o professor me olha torto e logo após com uma expressão curiosa. Juro que antes dele me mandar para frente da sala e me apresentar eu vi um sorriso de “você será minha cobaia” bem estampado na sua cara.

Meus cachos a essa altura deveria estar encharcados e minha roupa com aquele aspecto de que você pegou do fundo do balde de roupa suja. Olho para fundo da sala e meus olhos encontram com os olhares do Brian, um enorme sorriso estampa no seu rosto e aposto que ele deve estar pensando que estou arrependida de não ter subido em sua moto. Doce engano!

Depois de ter dito meu nome e respondido algumas perguntas do professor como minha idade, de onde eu vim e o que eu queria fazer da vida ele me deixou sentar. Os único lugares vagos eram na frente, ao lado de uma ruivinha com óculos quadrados e cada de nerd, no meio em meio a algumas garotas que soltavam aquelas risadinhas esganiçadas onde (onde provavelmente o motivo das risadas era a idiota aqui) e no fundo, bem perto do Brian.

Meus olhos percorreram nervosamente por toda a sala e eu resolvo me sentar ao lado da ruivinha. Ela me olha de uma forma solidária e com a boca em uma linha fina. As risadinhas aos fundo vão parando conforme o professor vai falando sobre os projetos para o ano, o compromisso do aluno, o enem, vestibular e todo esse papo que me faz querer dormir.

No intervalo eu me sinto como um cachorro que caiu da mudança totalmente perdido. Aparentemente todo mundo aqui já se conhece e já faz parte de alguma panelinha. Respiro fundo e continuo andando pelo pátio até que encontro um lugar para me sentar. Assim que me sento a ruivinha que ficou ao meu lado durante as primeiras aulas vem até mim.

- Primeiro dia difícil? – A ruivinha se senta ao meu lado. Ela tem aquele mesmo olhar de compreensão. Balanço a cabeça em afirmação. – Meu é Penélope, o seu é Rebeca, certo?

Balanço novamente a cabeça e sorrio. Penélope. Nunca tinha conhecido ninguém com esse nome antes e não posso deixar de sorrir ao me lembrar da Penélope Charmosa. Essa daqui é bem diferente do desenho. Penélope tem grandes olhos castanhos e um cabelo ruivo de dar inveja. Olhando ela tão de perto dá para notar algumas sardas escondidas pela leve maquiagem. Ela é bem bonita e isso faz com que eu me pergunte como ela não é popular.

Ficamos sentadas uma do lado da outra sem dizer uma única palavra por vários minutos. Do outro lado do pátio vejo o Brian rodeado de amigos, alguns dos meninos que vi mais cedo com ele no fundo da sala e as meninas que estavam dando os risinhos irritantes. Alguns alunos, aparentemente, mais novos estão por perto também, como se quisessem se aproximar e ser amigos do grupo popular.

- Aquele ali é o grupo mais famoso e problemático da escola – Dou um pulo ao escutar a voz de Penélope. Solto um leve ruído como se tivesse desinteressada, por mais que eu esteja com vontade de fazer mil perguntas. – Todo mundo quer ser amigo deles, principalmente do Brian.

- É mesmo?

Ela balança a cabeça e solta um leve suspiro. No mesmo instante o Brian se vira como se tivesse sido atraído pelo meu olhar curioso e abre aquele sorriso torto que vem acompanhado com uma piscadela. Reviro os olhos e suspiro pesadamente.

- Espera aí... Ele acabou de piscar para você? – Penélope diz com um tom mais alto do que o normal de sua voz calma e sussurrada.

- Ele é um idiota irritante. – Digo me levantando. Um minuto Penélope vem andando apressadamente atrás de mim. Percebo que ela está louca por detalhes, mas não quer se inconveniente. – Moramos no mesmo prédio. Ele me perseguiu um dia desses enquanto eu caminhava.

Suas sobrancelhas se suspendem em um ar de espanto. O sinal que indica que o intervalo chegou ao fim ressoa e é como uma cutucada em um formigueiro. As salas do ensino médio ficam no andar de cima e para chegar nelas precisamos subir um bom lance de escadas. Com toda a movimentação acabo escorregando em um dos degraus e nesse momento sinto o ar dos meus pulmões indo embora, minha cabeça gira um pouco e meu coração acelera.

Eu vou cair. E se eu cair agora irei derrubar todo mundo que está atrás de mim, como uma fileira de dominós.

Antes que eu consiga encontrar com o chão da escada sinto duas mãos segurando minha cintura e me suspendendo um pouco. De repente eu estou firme no chão novamente. Minha respiração está falha e meu coração está praticamente na garganta. Viro no mesmo instante para ver quem foi o meu grande salvador e dou de cara com um sorriso presunçoso e dois olhos claros me fitando de forma divertida.

- Acho que você fica me devendo uma, linda.  

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Just a Year - (COMPLETA)Where stories live. Discover now