Capitulo único

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O amor é algo que chega sem você ao menos esperar, ele pode estar em um show, na lanchonete, no trabalho, na esquina. O amor pode simplesmente um acaso e esbarrar com você a qualquer lugar e a qualquer hora, se ele assim quiser.

[...]

Chego ao colégio para o primeiro dia de aula no 2° ano, e, assim como todo primeiro dia de aula no ano, o pátio está lotado de alunos — principalmente novatos.

Adentro pelos portões e não demora muito para que eu encontre meus amigos sentados em algum dos bancos que tem espalhados pelo colégio. Esboço instantaneamente um sorriso ao vê-los e cumprimento cada um com um abraço apertado.

— Aí gente, eu nem estava com saudades de vocês, né?—Sento ao lado da Camile, colocando a mão no ombro dela.

— Eu não tava, não vou mentir. — Breno provoca.

— Quem foi que tava dizendo no whatsapp que não via a hora de chegar na escola pra ver a gente? Isso mesmo Breno, você! — Rebato, debochando dele.

— Não fui eu, era meu outro eu no momento. — diz convencido.

— Ata viu, Breno! Deixe de putaria que todo mundo sabe que foi você. — Elaine se manifesta dando um leve empurrão nele.

— Aí, aí,viu. — arfo. — Mas, mudando de assunto aqui, alguém quer ir no bebedouro comigo?

— Sai daí que eu não vou andar. — Breno é o primeiro a se pronunciar.

Reviro meus olhos com todas aquelas provações do menino logo de manhã cedo. Observo a reação das minhas amigas e, igualmente a ele, ninguém quer andar. Suspiro conformada já que terei de ir sozinha.

A cabine do bebedouro, por um milagre divino, está vazia, o que me faz agradecer as deusas. Eu detesto quando isso aqui está cheio de meninos que não fazem nada além de ficar zoando entre si.

Inclino e começo a beber água lembrando dos momentos com o grupo, eles me tiram boas risadas o que é legal. Nós somos um quarteto inseparável e tudo fica mais leve quando eu os encontro.

Sou forçada a sair dos meus pensamentos ao sentir uma água esguichar bem no meu rosto. Levanto minha cabeça furiosa ao perceber a situação e deparo com uma garota no lugar, ela está com a boca aberta em espanto e o olhar fixo em mim.

— Eita!— é a única coisa que eu consigo pronunciar enquanto a olho estática.

— Oh meu deus! me desculpa. Juro que foi sem querer.— ela diz em desespero após uns breves segundos de trocas de olhares, me fazendo sair do transe que estava antes admirando-a.

— Tudo bem, a gente não espera que água esguiche na nossa cara, mas acontece. — Brinco e ofereço um sorriso, que ela retribui e parece relaxar mais.

A calmaria daquele lugar refletia como espelho na garota a minha frente o que, por um tempo, me fez ignorar o desespero no tom da voz que vinha dela. A menina negra em tons mais escuros que o meu, garantia a todo instante que a toalha de rosto dela não havia sido usada antes enquanto desesperadamente me oferecia a mesma para limpar o rosto.

Eu, timidamente, aceito. No auge daquele momento era impossível negar algo a doce menina de cabelos pretos e crespos. Ela sorri se encolhendo quando eu devolvo a toalha antes de nos despedirmos.

— Rapaz, que demora é essa pra beber uma água?— Breno me questiona, engraçadinho como sempre.

— Ai, fica quieto! — o corto. — Uma menina acabou esguichando água em mim no bebedouro, por isso que eu demorei, palhaço.

Acaso- Conto sáficoWhere stories live. Discover now