Capítulo Vinte e Dois

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— Você tá certa, eu não preciso — pressionou delicadamente a mão contra o seu ombro e não demorou muito tempo para perceber que ele tremia de forma contida, assim como todo o resto de seu corpo. — Mas que tipo de amigo eu seria se só quisesse ficar perto de você nos bons momentos?

— Não é assim que funciona a maioria das amizades? — piscou lentamente, com suas pupilas levemente dilatadas e desprovidas da proteção de seus óculos. — Pensei que as pessoas que permanecem até nas piores partes estivessem em processo de extinção ou algo do tipo.

Henrique riu baixinho.

— Talvez eu seja um dos seus bilhetes premiados.

Ela sorriu de volta. Mesmo que ainda estivesse sentindo aquele tão conhecido medo apoderar-se de seu cérebro e de todo seu coração, foi capaz de reunir seus lábios em um pequeno sorriso e lançá-lo timidamente em direção ao garoto. Contudo, ao escutar mais um estrondo, Ayla expirou tremulamente e sem pensar duas vezes, aproximou-se de Henrique, buscando conforto em seus braços.

— Sempre foi assim? — afagou com carinho seus cabelos, recebendo um olhar confuso da garota em resposta. — Sempre teve medo da chuva? — esclareceu, apontando para cima.

Ela suspirou pesadamente, evitando encará-lo nos olhos.

— Eu não tenho exatamente medo da chuva — engoliu em seco. — Mas sim das coisas que ela me faz lembrar.

Henrique franziu o cenho.

— Coisas ruins, suponho.

Ayla abraçou o próprio corpo com força.

Coisas ruins — confirmou em um sussurro.

Henrique sabia que ela havia prometido lhe responder todas as perguntas que ele quisesse fazer, mas também tinha consciência do fato de que não era uma boa ideia forçá-la a falar sobre coisas que com quase toda certeza não a faziam bem.

Por sorte, Ayla pareceu notar a hesitação do seu colega de trabalho e limpou a garganta, tentando buscar dentro de si qualquer fragmento de sua coragem, aparentemente perdida ao longo dos últimos anos.

— Eu... — divagou. — Tenho... — mordeu os lábios, esforçando ao máximo em ignorar o som da chuva. — Um problema com as bebidas.

Henrique assentiu.

— Ok — disse calmamente, incentivando-a a continuar. Não negava que já havia desconfiado daquela hipótese algumas vezes. Já até possuía algumas teorias sobre o assunto, mas não estava a fim de ficar preso a meras suposições.

— Eu sei que parece estranho — riu consigo mesma, massageando as próprias têmporas — Mas eu comecei a beber muito cedo — continuou, abrindo e fechando as mãos repetidas vezes. — Eu não devia ter tomado aquela vodca no seu aniversário, foi um erro — virou o rosto de lado, sentindo o olhar de Henrique sobre si. — E também foi um erro beber ontem a noite.

Henrique acenou mais uma vez, acariciando suas costas, gentilmente.

— Não foi só um deslize, certo?

Ayla meneou a cabeça em negação.

— Eu não bebia há mais de um ano — disse em meio a uma voz embargada. — Mas eu não quero falar sobre isso agora.

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