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Procuramos pelo Harry por todo o hospital, e nenhuma das pessoas para as quais perguntamos sabem nos responder aonde ele está. Tentei ligar para o celular dele, mas só cai na caixa postal. Começo a ficar muito preocupada e o Wilian precisa mais de uma vez me abraçar e ficar me falando que eles estão bem e que logo temos notícias.

Eu não explicar o porquê de eu estar assim. Assim que a Lilian chega eu tento parecer mais calma, mas sei que não estou conseguindo enganar ela. Wilian não sai do meu lado em nenhum momento e pego varias vezes minha irmã me olhando e fazendo pergunta com os olhos, eu apenas desvio o olhar faço de conta que não sei do que ela está tentando me perguntar.

Cerca de três horas depois de chegarmos ao hospital meu telefone toca, é o Harry.

- Harry, aonde você está? Estamos aqui na entrada do hospital, o que aconteceu? - digo, apresadamente, nem dando tempo de meu irmão falar nada.

- Nasceu. - ele diz apenas.

Quando eu escuto essas palavras, meu coração da um salto. Eu sou tia. Meu sobrinho nasceu. E tudo o que eu mais desejo nesse momento é conhecer ele e poder abraçar o meu irmão e minha cunhada.

- Aonde você está? Queremos ver vocês. - eu falo.

Ele me explica que tiveram que fazer um parto de emergência, que Annie ainda está inconsciente e que o bebê está bem, mas teve que ir pra encubadora. Pede para que esperemos ele, que ele vai ao nosso encontro, já que não poderemos entrar para visitas.

Quando ele aparece eu e Lilian saímos em direção a ele e o abraços. Nós três choramos. Ele nos conta o quanto teve medo de perder o filho e a esposa, principalmente a esposa, já que ela teve complicações durante o parto. Ele está em fragalhos, consigo perceber que mal se aguenta de pé, mas vejo toda a força que ele tem reunido para estar ao lado da sua família.

Enquanto conversamos tudo isso, Wilian permanecia em silêncio ao nosso lado, apenas nos observando. Ele é muito amigo do Harry, mas ele sabe que esse é um momento dos irmãos. Assim que Harry se acalma um pouco e consegue perceber a presença de seu melhor amigo, lhe agradece por estar ali por nós. Eles se abraçam e percebo que Wilian fica emocionado com as palavras de meu irmão.

Nesse momento um pensamento me vem a cabeça, família é muito mais do que laços de sangue. Sim, eu tenho irmãos incríveis, que sempre estiveram ao meu lado e pais que nos amam muito, mas também temos amigos que fariam as mesmas coisas por nós, e Wilian é um desses amigos. Minha admiração por ele é grande, e ver ele ao lado do meu irmão e respeitar e apoiar ele, faz com que essa admiração cresça mais ainda.

Harry não quer sair do hospital, em breve Annie vai acordar e ele quer estar ao lado dela, então eu e Lilian prometemos ir em casa buscar roupas e algumas coisas para eles, além das coisas do bebê, já que na presa acabou que Annie não conseguir trazer nada além de seus documentos.

Como eu estou com o meu carro, fica combinado de eu levar Wilian de volta ao escritório e encontrar Lilian em casa para irmos buscar as coisas.

- Está mais tranquila agora titia? - pergunta ele quando chegamos ao escritório.

Durante todo o caminho ele não falou nada, está meio quieto, mas percebo que é a minha vez de dar espaço a ele.

- Estou sim, mas e você, está tudo bem?

- Ver vocês se apoiando me deixou com um pouco de inveja - ele admite abaixado a cabeça e observando as mãos.

- Inveja? - questiono.

- Sim, vocês estão lá sempre um pro outro, queria que minha família fosse assim também. - então ele me olha. - sabe porquê eu só chamei vocês pro almoço ontem?

- Não, por quê?

- Porquê quando eu falei para meus pais que queria pedir a Lucy em casamento eles falaram que eu estava cometendo um erro, ai brigamos e estamos a um mês sem nos falar e duvido que quando eles ficarem sabendo do noivado mudem de ideia. - responde ele.

Nesse momento eu fico sem palavras. Eu não fazia ideia disso, mas também como poderia saber? Ele não me contou nada sobre a briga, muito menos sobre o noivado, e me questiono se ele me pedisse uma opinião se teria incentivado ele ou teria agido como uma idiota, como fiz no almoço.

- Eu sinto muito Will, eu não fazia ideia, agora me sinto ainda mais idiota por ter sido tão egoísta e ter ido embora sem nem me despedir.

- Não tinha como você saber. - responde ele.

Agora é a minha vez de consolar ele. Eu solto o sinto de segurança e abraço ele. Seja lá o que for o que sinto por ele, ele é como família pra mim e ver ele assim me deixa mal, eu só quero ver ele feliz, e me pergunto o que posso fazer para ajudar ele. Eu sei o quanto família é importante pra ele, ainda mais agora que planeja construir uma ao lado da pessoa que ele ama.

- Você é um Vance adotivo, seja lá o que seus pais pensem sobre esse casamento, saiba que você não vai estar sozinho, nós estaremos lá com você. - digo dando um beijo em seu rosto.

Ele sorri pra mim, mas seu sorriso não chega aos olhos.

- Eu tenho muita sorte de ter vocês. - responde ele me dando um beijo na testa.

Quando ele saio do carro e estou indo encontrar minha irmã eu fico pensando o porquê de os Leger não aceitarem o filho se casar com alguém que ele ama. Que tipo de pais fazem isso? Meus pais nunca seriam contra algo que faz eu ou um dos meus irmãos felizes, eles sempre nos apoiaram a seguir os nossos sonhos e buscar o que nos deixa feliz, acima de qualquer coisa. E mais uma vez nesse dia tão longo e cheio de acontecimentos, me vejo grata por ter a família que tenho.

A História de TracyWhere stories live. Discover now