Confissões de uma princesa nada sofisticada

Seria o fundo do poço?

Continuei confusa com toda a situação, afinal eram tantas descobertas para tão pouco tempo! Eu realmente estava precisando de um tempo para digerir tudo isso, pois sempre me importei demais com o que me aguardava e todo o passado da minha família, que nunca havia parado um segundo para respirar.

Segui para o meu quarto, onde eu me sentiria um pouco mais calma. Escutei alguém batendo na porta, apenas fechei os olhos por um segundo e fui abrir com a esperança de que fosse só Beatrice reclamando do meu vestido amassado.

- Você está bem? - perguntou Tony, assim que eu abri uma brecha da porta. Senti meu coração disparar, não estava pronta para vê-lo, ou talvez eu só queria lhe dar uma abraço e por isso era tão difícil olhar ele nos olhos.

- Não sei o que responder. - digo aflita, apenas desviando o olhar e cruzando os braços me sentindo perdida.

- Não precisa sempre ter uma resposta. - ele me diz com sua voz calma. Assim, involuntariamente o abraço. - fique tranquila, sempre vou estar aqui para você.

- Obrigada. - digo em meio aos seus braços. Nesse momento me senti segura, e que eu poderia me recompor em meio a tudo isso.

Ficamos por alguns minutos naquele abraço, mas logo seguimos caminhos diferentes pelo Palácio sem dizer uma palavra, apenas sentimos. Percebi que nunca poderia decidir excluir ele da minha vida da maneira em que eu estava planejando, pois assim se iniciaria mais um ciclo de negação e agora quero viver apenas a minha verdade.

Já havia passado alguns dias, e todos estavam estranhos pelo Palácio. Desde aquele dia nunca mais vi meu pai, então não sabia ao certo o que ele estava planejando e confiar nele ainda era difícil. Muitas vezes nesse tempo tentei compreender suas ações mas nada justificava tal ato, por isso permaneci distante dele durante esse tempo, já que não era tão difícil fazer isso em um lugar tão enorme.

Mais um dia se passou, e finalmente alguém apareceu em meu quarto.

- Bom dia Ali, gostaria de algo? - Katherine aparece dizendo. - nesses próximos dias serei a única cuidando de você, pois Beatrice foi visitar a família.

- Bom dia Kath, no momento só quero ficar sozinha obrigada. - digo cabisbaixa.

- Se anime, por favor! Já faz dias que está neste estado. - ela cruza os braços. - Também tenho um recado para a senhorita. - ela me encara, mas percebe que não ligo para o que diz.

- Diga logo. - respondo por educação.

- Estou com uma carta do príncipe David em minhas mãos. - ela balança o envelope animada. - Vou deixar ao seu lado caso decida ler. - diz deixando em cima da mesinha ao lado, quando percebe que não tive reação.

- Tenha um bom dia. - digo olhando ela ao se afastar do quarto. Assim, ela apenas assente e segue seu caminho.

Alguns meses atrás eu ficaria muito animada com uma carta dessas, mas muita coisa havia mudado, eu mudei. Muita coisa preenchia minha mente em quase todo o meu dia, não tinha tempo para pensar em minha relação com um príncipe que nem cheguei a conhecer direito. Naquela época eu só era uma adolescente empolgada com um romance, mas não entendia nada sobre o assunto. Porém, fico curiosa e decido abrir a carta:

"Alison,
Sei que nos últimos meses não nos falamos, mas sinto que ainda tenho muito para conhecer de sua incrível personalidade! Por favor me dê mais uma chance...
Além disso, acho que estamos muito a moda antiga. Se preferir deixei meu número atrás do envelope.
                                                Atenciosamente,
                                                                  David"

Fiquei grata por ele ser tão gentil comigo, mas triste porque talvez eu não pudesse corresponder a todo esse desejo de nos conhecermos melhor, mesmo assim pensei que talvez isso pudesse ser uma boa amizade.

Deixei a carta de lado e liguei ao número que havia no envelope. Fiquei um pouco nervosa ao falar com ele novamente, mas foi incrível como conseguimos fluir o assunto sem tantas formalidades. Quando desliguei já havia se passado duas horas no telefone, e sorri por ter alguém que me fez sorrir pela primeira de vez depois de algum tempo.