De volta a floresta misteriosa

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Resolvi voltar para a floresta misteriosa atrás do castelo, eu precisava ver aquela senhora novamente.

Caminhei uns minutos e logo chego em sua pequena e simples casa.

-Alison, o que faz aqui?- ela diz surpresa com minha presença.

-Preciso de respostas. Sinto que a senhora tem muito para me contar, por favor me diga.- falo suplicando.- eu não quero mais segredos!

-Tudo bem, sente-se.-ela diz pegando um banquinho.-eu era a rainha, mãe do seu pai. Sempre amei muito seu avô, mas ele faleceu quando Edgar tinha 12 anos. Assim, quando completou a maioridade veio a ser o novo rei. Suas regras cada vez eram mais rígidas, mas ele nunca me ouviu. Cada vez sua arrogância era maior. Até que eu comecei um relacionamento com um dos soldados do reino, nós nos amávamos. -ela faz uma pausa para um gole de chá que estava acima da mesinha .- quando contei a seu pai ele ficou furioso e disse que eu jamais poderia ter um relacionamento com alguém de tal nível social. Assim, ele mandou Roger, meu amado para longe. Decidi ir embora depois de tais circunstâncias. Com isso, vivo até hoje a beira da casa do meu filho, e essa regra ridícula que permanece até hoje.

-Estou sem palavras. Afinal, você é minha avó!- digo pasma.- como ele pôde fazer isso? Estou inconformada. As coisas não podem ficar assim, tudo tem que se resolver.

-Não se envolva querida, por favor.- ela diz calma.

-Essa é um daqueles pedidos que não posso obedecer.- dito isso, sigo para o castelo correndo o mais rápido possível.  Meus pés doíam, mas minhas preocupações eram maiores do que qualquer coisa.

Chego por lá e sigo para dentro do castelo que nunca pensei ser tão sombrio diante de tantos segredos passados.

-Mocinha, venha cá agora! Acho bom me explicar toda esta sujeira que você se encontra.- Beatrice diz nervosa.

-Não tenho tempo para broncas, preciso ir.- digo e vou até a sala do meu pai. Abro sua porta com a maior força. Ele me olha indignado com minha ação, o que me faz ferver de raiva.

-Acho bom você me explicar tudo o que fez para sua mãe, minha avó.- falo sem piedade e restrições.

-O que está falando Alison? - ele pergunta, se fazendo de vítima.

-Ela mora em uma floresta aqui perto, sei se toda a história. Praticamente a expulsou de sua própria casa por simplesmente: amar.- digo enfurecida.- não consigo entender como pode fazer as coisas sem nenhum arrependimento. Como consegue viver?

-Me arrependo de muitas coisas que fiz nessa vida. Mas sua avó decidiu isso, e ela não tinha o direito de substituir meu pai por um "soldadinho". Sinto muito mas isso não é estar tudo bem. Acho bom se conformar com essa lei que admiro tanto. - ele diz confiante sem um pingo de piedade.

-Não acredito que possa ser um rei. Pensei que pessoas deste nível soubessem ter o mínimo de respeito pela escolha de seus pais.- falo aumentando a voz.- a culpa não é da sua mãe que seu pai morreu, Edgar.- dito isso saio e bato a porta daquele lugar agonizante de se ficar.

Antes de sair ouço o que minha mãe diz a ele, já que estava ao seu lado quando eu disse tudo aquilo.

-Alison tem toda a razão, não me venha com desculpas dos seus próprios interesses.- ela grita para ele.- estou cansada de fingir que está tudo bem. Dê um jeito em toda a situação. Mude todas essas regras ridículas e vá se redimir com sua mãe ou não terá mais sua rainha ao seu lado.- ela diz quase chorando.- eu não te reconheço. Esse não é o homem que eu tanto amei!- nunca ouvi tamanha sinceridade da minha mãe.
Sai do local correndo pelos corredores. Senti uma grande dor no peito. Me deixei cair por ali mesmo, já não me importava com a aparência que eu iria causar, pois depois deste momento só havia minhas lágrimas e aquele corredor imenso de acordo com a minha dor.

No começo eu achava normal tal regra, mas pude sentir o impacto que causou na minha família. Realmente isso nunca seria algo certo de seguir.

Amar não é algo que se pode simplesmente evitar ou deixar de lado, apenas por um nível de poder maior ou menor. Amar é simplesmente sentir e encontrar morada para o coração descansar. Pena que meu pai colocou sempre o reino em primeiro lugar, e deixou que fosse mais importante que sua própria mãe.

Talvez eu também tenha sido um prejuízo para ele. Sinto muito, mas agora eu nunca mais deixaria ele intimidar alguém deste modo como fez com minha avó.

Confissões de uma princesa nada sofisticadaWhere stories live. Discover now