Pensamentos violentos

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- Senhor? - Brian escutou levemente. - Senhor?

- Hmm?

- Está tudo bem?

- Onde estou?

- Em Urano, de onde você é? - Abriu seus olhos lentamente enxergando um senhor de cabelos brancos.

- Terra...

- Sinto muito meu filho, posso saber como você e suas amigas vieram parar aqui? -  O senhor o ajudou a levantar, olhou pro lado vendo os outro sendo ajudados também.

- Somos astronautas, estávamos em missão... chegamos perto de um buraco negro ou um buraco de minhoca, não sei ao certo... nossa nave começou a rachar e fomos sugados... eu-, onde disse que estamos?

- Urano, filho.

- Mas aqui deveria cheirar a xixi e pum, inabitável...

- Se você subir algumas camadas, sim, você sente esse cheiro mas é pra proteger as pessoas aqui de baixo. É pra cá que elas vem depois da vida... Garoto, vocês todos morreram, ninguém entra aqui sem estar morto, muito menos sai.

O resto do pessoal da nave estavam ao redor de Brian, nenhum deles tinham um machucado sequer nada, lembravam de tudo com perfeição, minutos atrás estavam vivos e agora...

- Aqui é uma cópia da Terra, todos os mortos vem pra cá, moram no mesmo lugar e bairro, tem as mesmas coisas e etc, então acho que não vai ser difícil pra vocês acharem suas casas né?

Brian concordou. Só queria ir pra casa agora, por mais que soubesse que Roger não estaria lá e somente as fotos lhe fossem sua companhia, ele queria ir pra lá. Precisava ficar só com seus pensamentos, organizar tudo o que aconteceu e aceitar que talvez seu loiro seguisse em frente. E por mais que doesse pensar que agora estava morto no auge dos seus 39 anos, de alguma forma, se sentia confortável.

- Nos vemos mais tarde - Freddie anunciou. - Eu... eu preciso processar... tudo isso.

As meninas acenaram de longe e seguiram cada um seu caminho. Brian olhou pro céu, as nuvens azuis pesadas e vagamente os aneis do planeta. Aquilo quebrava toda a astronomia que ele sabia sobre o planeta, fez uma nota mental de procurar saber mais e seguiu pra casa.

Na Terra

Roger segue do mesmo jeito de antes.  O rosto com alguns hematomas roxos, as mãos com os nós vermelhos e com cortes, continuava sentado olhando os livros de astronomia na estante, sem reação alguma, sem nenhuma força de sair e fazer algo. Seu celular vibrava em algum lugar da casa, não era Brian e nem sua mãe, afinal, os dois estão mortos, então não tem porque atender.

Sua campainha também tocava insistentemente algumas vezes por dia, eram seus amigos e alguns amigos de Brian.

- Só queremos saber se você está bem, querido... - Anita falou do outro lado da porta.

- Estou... - Roger respondeu encostado ao lado da porta, como se estivesse se escondendo. Mas ele só queria que eles fossem embora.

- Se precisar, estaremos aqui. Você sabe que amamos muito vocês dois e já faz uma semana que não temos nenhuma notícia sua, ficamos preocupados. - Dominique sussurrou.

- EU JA DISSE QUE ESTOU BEM!

Ele também tinha ficado muito mais explosivo do que já era e chorava constantemente por todos os erros que tinha cometido.

Não muito distante dali, John também estava triste. Não no nível de Roger mas triste. Ele sentia muito pela perda de seus amigos, principalmente pela Lily que era sua melhor amiga nesse planeta, por Carol que sempre foi muito gentil e doce com ele, Freddie por sempre fazer piadas e o deixar envergonhado e Giu por sempre contar boas histórias. E pelo Brian, ele sentia uma culpa enorme, nunca tinham se dado bem e agora não poderiam nem resolver suas intrigas ou pedir desculpa por todo mal que havia feito a ele.

De qualquer forma, virar aquele copo de whisky lhe parecia mais confortável que pensar, também aliviava a dor que sentia em seu recente e novamente coração partido.

Ano de 39 - MaylorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora